Em homenagem a todas as mulheres


Lugar de mulher e lugar de homem



Hoje, mesmo com tantas conquistas, os homens e mulheres ainda interpretam os acontecimentos e responsabilidades de forma diferente, de acordo com a educação e cultura herdada. O homem possui valores diferenciados da mulher quanto ao lar, trabalho, educação de filhos, profissão, poder econômico, sexualidade, etc..

As mulheres sempre foram vistas como sensíveis, emotivas, frágeis, ilógicas e vulneráveis e os homens, vistos como superficiais, emocionalmente imaturos e brutos. Os anos passaram e os homens e mulheres mudaram, mas afinal mudaram mesmo?

A mulher deste século pensa, age, cria, trabalha e não aceita a passividade. Esta mulher irrita, pasma e assusta o homem, pois ela deseja delicadezas antigas e exige novos direitos. Esta mulher fica dividida entre seus interesses profissionais e valores tradicionais de séculos. Ela se angustia por não se encaixar na representação recebida pelos antepassados do que é ser boa mãe, aquela que é totalmente disponível.

No mundo público ela só é vista competente se desempenhar ao mesmo tempo e com eficiência todos os inúmeros papéis que lhe são impostos (por ela mesmo, pela sociedade, mas principalmente, pela necessidade).

Os homens, por sua vez, têm sido encorajados a relacionar-se com o “ser” mais do que com o “realizar”. Mas os homens têm muita dificuldade em largar seus arcos e flechas, pois facilmente sentem-se ameaçados. E quando é ameaçado, naturalmente retira-se para um refúgio, assim como fez Adão (Gênesis 3.8), Elias (1 Reis 19.9) e Davi ( 1 Samuel 22.1) em momentos difíceis de suas vidas. Os homens temem sentir o horror paralizador e humilhante da incerteza ou da impotência.

A mulher e o homem de hoje se acham esquartejados entre o passado e o futuro.

Realmente muitas coisas mudaram, mudamos? Um pouco? Muito? Talvez não o suficiente para ser um homem e mulher totalmente novos. Somos figuras desconexas de um passado distante, passado próximo e de um exigente futuro.

A mulher era dona de casa e dos filhos, enquanto o homem era dono do trabalho, do dinheiro e do estudo. Hoje, podemos dizer que a mulher conquistou uma maior visibilidade, pois é dona de casa, dos filhos, do estudo, do dinheiro e do trabalho. E o homem conquistou igualmente? Afinal não somos homens e mulheres donos de tudo, ou melhor, responsáveis por tudo?

Surgem as mais diversas situações-problemas na comunicação, nas expectativas, nas relações de trabalho, nas funções atribuídas para os gêneros, gerando assim a competitividade.

Mas o que isto tem haver com as lideranças? Com as relações interpessoais nas organizações? Com os nossos relacionamentos na igreja?

Temos que entender que existe um homem e uma mulher que ainda estão perdidos em meio às exigências no lar, nas relações, no trabalho e na vida, gerando um ambiente de desconfiança, competição, necessidade de mostrar para o outro que é mais capaz.
A competição gera incompatibilidades na convivência, cria o medo da intimidade, dificulta, endurece, e principalmente, distancia as pessoas. Vivemos na era do distanciamento dos desiguais. Juntamo-nos em comunidades na rede que nos interessam e que pensam como nós. Relacionamentos “fast” e “superficial”. Nas empresas, se há discordância nas idéias, o outro é visto como rival ou o que está à espreita para derrubar.

Que contradição: no mundo globalizado, com tantos avanços tecnológicos e de comunicação, vivemos cada dia mais egoisticamente, amedrontados com o sucesso do outro ou lutando por ele.

Precisamos nos questionar: Qual é o lugar do homem? Qual é o lugar da mulher? Chefiando nas grandes organizações, nas igrejas. Cuidando dos filhos e de suas tarefas cada vez mais elaboradas. Porque nos assustamos tanto com uma mulher diretora de uma multinacional ou com um homem que resolveu trabalhar em casa para ficar mais perto dos filhos? Será que daqui a 50 anos, não haverá uma “revolta” das mulheres querendo resgatar o seu tempo para os filhos?

Não sejamos machistas ou feministas, não é uma questão de conquista dos gêneros, mas estamos falando do viver junto, cada um com as oportunidades e necessidades que a vida lhes ofereceu e oferece.

Creio que a maioria de nós pensa que o discurso de Martin Luther King era sobre o racismo, mas na verdade abordava algo muito maior: liberdade! Podemos perceber isto neste pequeno trecho:

“Tenho um sonho que um dia esta nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da sua crença: "Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais”.
Tenho um sonho, hoje. Tenho um sonho que um dia todos os vales serão elevados, todas as montanhas e encostas serão niveladas, os lugares ásperos serão polidos, e os lugares tortuosos serão endireitados, e a glória do Senhor será revelada, e todos os seres a verão, conjuntamente. Esta é nossa esperança... Com esta fé poderemos transformar as dissonantes discórdias de nossa nação numa bonita e harmoniosa sinfonia de fraternidade. Com esta fé poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, ir para a prisão juntos, ficarmos juntos em posição de sentido pela liberdade, sabendo que um dia seremos livres... Quando permitirmos que a liberdade ressoe, quando a deixarmos ressoar de cada vila e cada aldeia, de cada estado e de cada cidade, seremos capazes de apressar o dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos e cantar as palavras da antiga canção negra: "Liberdade finalmente! Liberdade finalmente! Louvado seja Deus, Todo Poderoso, estamos livres, finalmente!"

Este é o sonho de hoje: que possamos ver no outro alguém que como eu luta para vencer. Que possamos perceber que é possível fazer parte do sucesso do outro sem estar, necessariamente, no foco dos holofotes, sejamos nós uma mulher ou um homem.

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