Postagens

Zakar: A Aliança que Vive na Lembrança

Imagem
  O que significa: A palavra hebraica Zakar (זָכַר) é frequentemente traduzida como “lembrar”. No entanto, nas Escrituras, seu significado vai muito além de simplesmente recordar informações. Zakar implica trazer algo à mente com propósito, responder ao que é lembrado, e honrar compromissos ou alianças. É um lembrar que conduz à ação. Por que isso importa: Num mundo dominado pela distração e pela volatilidade da memória, zakar nos chama à atenção sagrada e deliberada. Lembrar de Deus é reencontrar nossa posição em Sua história, firmar-se em Suas promessas e responder ao Seu chamado. É permanecer enraizado na identidade que Ele nos deu, na história da redenção e na esperança eterna. As Escrituras estão repletas de comandos para lembrar: “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar.” (Êxodo 20:8) “Lembra-te de que foste servo na terra do Egito.” (Deuteronômio 5:15) “Lembra-te do Senhor teu Deus.” (Deuteronômio 8:18) Quando Deus lembra, Ele age. O “lembrar” divin...

Teshuvá: O Retorno que Transforma

Imagem
A palavra hebraica para arrependimento — תשובה ( teshuvá ) — carrega em si um poder que vai muito além do mero remorso emocional. Derivada do verbo שוב ( shuv ), que significa “voltar”, “retornar” ou “dar meia-volta”, teshuvá é uma das expressões mais profundas da espiritualidade bíblica. O arrependimento, à luz das Escrituras, não é apenas um sentimento de culpa ou pesar. Não se limita às lágrimas que escorrem nem aos suspiros angustiados por erros cometidos. Teshuvá é, antes de tudo, uma ação deliberada. É uma mudança de rota. Uma guinada em direção ao lugar de onde nunca deveríamos ter saído: a presença de Deus. O termo shuv aparece mais de mil vezes no Tanach (Antigo Testamento), em contextos variados. Em Jeremias 3:12-14, por exemplo, Deus clama ao povo: “Volta, ó rebelde Israel [...] voltai, filhos rebeldes”. Aqui, a ideia de shuv é nitidamente geográfica e espiritual: o povo se afastou do Senhor, e agora é chamado a retornar — não apenas no coração, mas no caminho. O arr...

Sofonias: Quando o Juízo Começa na Casa de Deus

Imagem
  "O grande dia do Senhor está perto, está perto, e se apressa muito; amarga é a voz do dia do Senhor..." (Sofonias 1:14) O profeta Sofonias não foi levantado para entreter. Não veio com palavras suaves ou discursos populares. Foi um porta-voz do Deus Santo que, ao contemplar a corrupção do povo e de seus líderes, anunciou: “O dia do Senhor está chegando, e não será agradável para quem vive em duplicidade.” O livro de Sofonias é curto, mas seus versículos ecoam como trovões. Ele nos força a olhar para dentro, confrontando a hipocrisia religiosa, a arrogância espiritual e o comodismo dos que se dizem povo de Deus. O pecado escondido nos bastidores do templo A crítica de Sofonias não se dirige, em primeiro plano, às nações pagãs. Seu julgamento começa em Judá, na casa de Deus. O povo havia se acostumado a frequentar o templo, mas com o coração dividido. Misturavam o culto ao Senhor com a adoração a Moloque (Sf 1:5). Tinham aparência de piedade, mas viviam como se Deus não ...

Quando a Oração se Torna uma Heresia

Imagem
  Um confronto direto com a espiritualidade de fachada – à luz de Mateus 6 “E, quando orares, não sejas como os hipócritas...” (Mateus 6:5) Há orações que não sobem. Há palavras ditas de joelhos que ofendem a santidade de Deus. Há vozes erguidas nos templos que são um escárnio no céu. E o pior: muitas dessas orações são aplaudidas pelos homens, elogiadas nas redes sociais e reverenciadas nas igrejas. Mas para Deus... são heresias. Sim, a oração pode se tornar uma heresia — quando ela deturpa o caráter de Deus, quando é usada para engrandecer o homem, quando é pronunciada para exibir santidade que não existe. Foi por isso que Jesus, em Mateus 6, não começou ensinando como orar, mas sim como não orar. 1. A Oração Como Palco: Quando Deus se Torna Plateia Jesus denuncia: “os hipócritas... gostam de orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas para serem vistos pelos homens” (v. 5). A motivação está podre. A oração virou teatro. O homem não fala com Deus — ele performa diante de...

Paulo e Onésimo — Jesus e Nós

Imagem
  O Belo Paralelo: Paulo e Onésimo — Jesus e Nós Introdução A breve carta de Paulo a Filemom esconde uma das mais tocantes imagens do Evangelho: o apóstolo intercedendo por Onésimo, o escravo fugitivo, como um pai que oferece o próprio coração. Essa atitude não é apenas bela — ela é profética. Em cada linha dessa epístola, vemos o reflexo do que Cristo faz por nós diante do Pai. A intercessão de Paulo ecoa a oração sacerdotal de Jesus em João 17, onde o Salvador, com palavras de amor, entrega-nos ao Pai como Seus próprios. Neste artigo, traçamos esse paralelo entre Paulo e Onésimo, e Jesus e nós — uma comparação que revela a glória do amor redentor. 1. O Envio do Coração “Eu to envio de volta, ele que é o meu próprio coração.” (Filemom 1:12) Paulo não envia Onésimo como servo comum, mas como aquele que agora representa seu coração. Esse gesto é mais do que reconciliação: é adoção. Onésimo, antes inútil, agora se torna precioso. Da mesma forma, Jesus ora por nós como aquele...

Graça e Paz: O Presente Que Transforma Tudo

Imagem
  "Graça a vós outros e paz, da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo." — Filemom 1:3 Desde os tempos apostólicos, a saudação "graça e paz" tem sido mais que um cumprimento cordial. É um lembrete poderoso daquilo que Deus nos oferece gratuitamente em Cristo: a graça que salva e a paz que transforma. Esses dois elementos caminham juntos, vindos do coração do Pai e do sacrifício do Filho. 🎁 A Graça: Um Presente Imerecido A graça é o favor de Deus que jamais poderíamos conquistar. Ela não se baseia em nosso desempenho ou esforço, mas no amor incondicional do Senhor. Somos salvos por meio dela, restaurados por ela e conduzidos à vida eterna por sua força. A graça revela o caráter de um Deus que estende a mão ao pecador, não com condenação, mas com redenção. Como está escrito: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus." (Efésios 2:8) ☮️ As Três Dimensões da Paz Assim como a graça nos alcança, a pa...

Liderança com o Coração de Cristo

Imagem
  Num mundo onde liderança muitas vezes é confundida com domínio e imposição, a Palavra de Deus nos apresenta um padrão completamente diferente: o modelo de liderança de Jesus. Em Isaías 32:1, lemos sobre um Rei que reina com justiça — uma antecipação profética de Cristo. Ele é o Rei justo, misericordioso e cheio de amor. O apóstolo Paulo, mesmo com autoridade apostólica, preferiu apelar em amor, como vemos em Filemom. Ele não forçou, mas atraiu pelo exemplo, pela graça e pela gentileza. Esse é o tipo de liderança que transforma corações. Líderes piedosos são descritos como refúgios, abrigos e fontes de renovo para os outros. Isso nos leva a refletir: nossas atitudes, palavras e decisões são bálsamo ou fardo para quem caminha ao nosso lado? Liderar como Jesus é escolher a via da humildade, mesmo com poder em mãos. É influenciar com o coração, não com a imposição.