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Oseias e Gomer x Nabal x Abigail

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Oséias e Gômer O relacionamento descrito em Oséias não é um modelo de perdão conjugal para homens. A história fala sobre o relacionamento de Deus com Israel , usando a infidelidade de Gômer como metáfora da idolatria do povo. O foco da narrativa é a fidelidade e amor de Deus , não a obrigação de um homem perdoar sua esposa infiel. Culturalmente, Gômer é secundária; a narrativa usa sua infidelidade como símbolo espiritual , sem instruções práticas para lidar com traição ou abuso. Nabal e Abigail (1 Samuel 25) Abigail, esposa de Nabal, tolera a insensatez e a violência doméstica do marido com paciência, sabedoria e iniciativa. Diferente de Gômer, aqui o púlpito muitas vezes enfatiza a virtude feminina da paciência e da diplomacia , mostrando Abigail como modelo de comportamento para mulheres que enfrentam maridos difíceis. O foco é prático: ação da mulher que evita destruição , mesmo diante da violência doméstica, exaltando sua paciência e discernimento. 2️⃣ Dis...

Epistola de Judas: Guardando a Fé

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 A epístola de Judas, embora breve, ressoa com força em tempos de incerteza. Escrita a todos os crentes e não a uma igreja específica, ela nos lembra que a fé cristã é um tesouro entregue uma vez por todas ( hapax paradotheise — ἅπαξ παραδοθείσῃ) e deve ser preservada com zelo. Em um mundo onde ideias, valores e práticas mudam a cada geração, Judas nos recorda que a verdade do Evangelho é permanente e inegociável. O Que é a Fé que Devemos Guardar? A palavra usada no grego para “fé” é pístis (πίστις), que significa muito mais do que acreditar em algo. Ela envolve confiança, fidelidade e firmeza . No Antigo Testamento, o hebraico ’emûnâh (אֱמוּנָה) transmite a ideia de estabilidade e lealdade, algo sólido, em contraste com a instabilidade da cultura e das opiniões humanas. Hoje, quando falamos em fé, precisamos lembrar que não se trata de emoção passageira ou otimismo humano, mas de confiança constante no Deus revelado nas Escrituras e no senhorio de Jesus Cristo. Guardar a F...

Púlpitos e Seleção de Textos: Gênero, Perdão e Intercessão em Abigail e Gômer

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No ensino popular e nas pregações contemporâneas, muitas vezes encontramos uma aplicação seletiva das Escrituras que reforça padrões de gênero culturais mais do que princípios bíblicos equilibrados. Dois exemplos clássicos ilustram essa tendência: Abigail e Nabal , e Oséias e Gômer . Embora ambos os casos abordem temas de perdão, intercessão e restauração, a maneira como são aplicados nos púlpitos revela uma disparidade preocupante entre homens e mulheres. 1. Abigail e Nabal: paciência e intercessão feminina O relato de Abigail (1 Samuel 25) apresenta uma mulher sábia e corajosa que enfrenta a insensatez de seu marido, Nabal. Ele despreza Davi e age de forma violenta e tola, colocando a própria casa em risco. A Bíblia destaca a iniciativa de Abigail : ela age com paciência, intercede, e consegue evitar derramamento de sangue. Nos púlpitos, essa história é frequentemente usada para ensinar às mulheres a necessidade de tolerância, paciência e diplomacia diante de maridos difíceis . A...

Maria Madalena não era uma prostituta

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  Todos já ouvimos: “Maria Madalena, a mulher pecadora, a prostituta arrependida que se ajoelhou aos pés de Jesus.” Mas… o texto bíblico nunca diz isso . Esse rótulo foi fruto de uma fusão indevida de personagens, ocorrida séculos depois, e não de leitura direta das Escrituras. Este é um caso emblemático de como a tradição pode reescrever histórias, e um lembrete do valor de voltarmos aos textos originais e à língua em que foram escritos. O que o texto realmente diz A primeira aparição de Maria Madalena está em Lucas 8:2 : Μαρία ἡ καλουμένη Μαγδαληνή, ἀφ’ ἧς δαιμόνια ἑπτὰ ἐξεληλύθει “Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios.” Μαρία ( Maria ) — forma grega do hebraico מִרְיָם ( Miryam ), nome comum judaico feminino no século I.[¹] ἡ καλουμένη ( hē kaloumenē ) — “a que é chamada”, título de identificação.[²] Μαγδαληνή ( Magdalēnē ) — “oriunda de Magdala”, cidade pesqueira na costa oeste do Mar da Galileia.[³] ἀφ’ ἧς δαιμόνια ἑπτὰ — “da qual [saír...

Ser sóbrio não é uma escolha: é ordem do Altíssimo

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Assim diz o Senhor: “O fim de todas as coisas está próximo (קֵץ כָּל־הַדְּבָרִים – qets kol-had’varim ); portanto, sede sóbrios (νήφω – nēphō ), e vigiai na oração (προσευχή – proseuchē ).” (1 Pedro 4:7) A mente sóbria (נָכוֹן לֵב – nakhon lev , νοῦς σῶφρων – nous sōphron ) não é adorno espiritual para dias tranquilos, mas escudo para dias de batalha. É lâmpada acesa na noite (נֵר – ner ), é torre firme (מִגְדָּל עֹז – migdal oz ) em meio à tempestade. Quem tem mente sóbria não vive para vencer debates, mas para dobrar os joelhos (γονυπετέω – gonypeteō ) no chão santo (אֲדָמָה קֹדֶשׁ – adamah qodesh ), diante do Deus que vê em secreto. O coração sóbrio (לֵב נָכוֹן – lev nakhon , καρδία νηφάλιος) é guarda que vigia à porta da alma, para que não entrem a embriaguez espiritual (μέθη – methē ) nem a confusão dos tempos. Não se alimenta de rumores (שְׁמוּעוֹת – shemuot ), mas da Palavra viva (דָּבָר חַי – davar chai ), que permanece para sempre. Assim foi dito aos santos persegu...

Construindo sobre Alicerces Inabaláveis

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Em qualquer construção, o que define a segurança e a durabilidade não é o brilho da fachada, nem a beleza das paredes, mas a firmeza do alicerce. Assim também é com a vida cristã: não basta ter aparência de piedade; é preciso estar firmemente estabelecido sobre fundamentos eternos. Na engenharia, o alicerce é composto por elementos como estacas , ferragens e concreto . No Reino de Deus, cada um desses elementos encontra um paralelo espiritual. As Estacas – Convicções profundas As estacas são cravadas até alcançar solo firme. Na fé, isso representa a necessidade de fixar nossas convicções na Rocha que é Cristo (Mt 7:24-25). Sem convicções inegociáveis — como a autoridade das Escrituras e a exclusividade de Cristo como Salvador — nossa fé vacila diante das tempestades. As Ferragens – Princípios que sustentam Ferragens são a estrutura invisível que dá resistência ao concreto. Espiritualmente, simbolizam princípios e disciplinas que não aparecem aos olhos humanos: oração, jejum, obe...

Sangue no Velho e Novo Testamentos

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O sangue ocupa lugar central nas Escrituras e, para o cristianismo, ele atinge seu clímax na cruz de Cristo. No Antigo Testamento, especialmente em Levítico, Deus ordenou sacrifícios de animais, com derramamento de sangue, como meio de expiação pelos pecados do povo (Lv 17:11). Esses rituais apontavam para algo maior: o sacrifício perfeito que viria em Jesus, o Cordeiro de Deus (Jo 1:29). Com a destruição do Templo em Jerusalém, os sacrifícios prescritos na Lei deixaram de ser realizados, e o judaísmo desenvolveu práticas de expiação centradas no arrependimento, na oração e em atos de justiça. Já o cristianismo vê na morte e ressurreição de Cristo o cumprimento e a substituição definitiva de todo o sistema sacrificial. Para os cristãos, o sangue de Jesus inaugurou a Nova Aliança (Mt 26:28), purificando a consciência e abrindo acesso direto a Deus (Hb 9:13-14; 10:19-22). Enquanto a Lei de Moisés exigia repetidos sacrifícios para purificar cerimonialmente o povo, o evangelho proclama q...