A Primeira Lágrima da Primeira Mulher
Essa frase — "Foi a mulher que me deste por companheira que me deu da árvore, e eu comi." (Gênesis 3:12, ARA) — carrega um peso que, provavelmente, feriu profundamente o coração de Eva.
Imagina: ela já estava lidando com a culpa de ter desobedecido a Deus, com o medo do julgamento divino e com a vergonha da própria nudez. E então, naquele momento vulnerável, a voz do seu companheiro — aquele que a havia chamado de “osso dos meus ossos” (Gênesis 2:23) — não veio para protegê-la, mas para acusá-la.
Adão não apenas a culpou, mas sugeriu que a culpa, em última instância, era do próprio Deus: “a mulher que tu me deste…”. Essa frase não foi só um desvio de responsabilidade, foi uma rejeição. Um corte. Uma separação emocional.
É possível que Eva tenha sentido:
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Rejeição: aquele que antes a recebeu com alegria agora a culpa.
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Sofrimento moral: a dor de ver o relacionamento se desfazer diante do erro.
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Solidão: ao ser exposta como a origem da queda, sem defesa ou compaixão.
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Culpa multiplicada: não apenas por ter comido do fruto, mas por sentir que destruiu o vínculo com Deus e com o homem.
Talvez, naquele instante, Eva tenha chorado mais pela resposta de Adão do que pelo castigo divino. Porque quando o amor se desfaz pela culpa, a dor é ainda mais profunda. E o silêncio de Deus entre as falas de Adão e Eva reforça o peso daquele momento.
Essa pequena frase marca o início não só da queda, mas da distância entre os corações humanos — e mostra o quanto palavras podem ferir mais que espadas.
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