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O Evangelho de Mateus à Luz do Judaísmo do Primeiro Século

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O Evangelho de Mateus se destaca entre os quatro evangelhos canônicos por sua profunda conexão com o contexto judaico do primeiro século. Desde a sua abertura com a genealogia de Yeshua até a narrativa de Sua ressurreição, o autor emprega uma linguagem, símbolos e temas que ressoariam fortemente com os judeus de sua época. Para uma compreensão mais profunda desse evangelho, é essencial considerar sua historicidade, teologia e etimologia, bem como o modo como os leitores originais teriam interpretado sua mensagem. Contexto Histórico e Judaísmo do Primeiro Século Mateus escreveu seu evangelho em um período de intensa agitação sociopolítica e religiosa. O judaísmo do primeiro século era diversificado, composto por grupos como os fariseus, saduceus, essênios e zelotes, cada um com suas próprias interpretações da Torá e expectativas messiânicas. O Templo de Jerusalém ainda estava em pé até sua destruição no ano 70 d.C., e a Lei Mosaica continuava sendo o eixo da vida religiosa e cultural ju...

Paulo, o Judeu

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O apóstolo Paulo é uma das figuras mais influentes do Cristianismo, mas também uma das mais mal compreendidas. Como um judeu fariseu do primeiro século, nascido em Tarso e educado sob os pés de Gamaliel, Paulo viveu em uma encruzilhada de culturas – profundamente enraizado na tradição judaica, mas também imerso no mundo helenístico e romano. Isso influenciou sua forma de pensar e ensinar, especialmente no que diz respeito à relação dos seguidores de Cristo entre as nações com a Torá de Israel. O Contexto Socioeconômico e Cultural do Primeiro Século O Império Romano dominava a maior parte do mundo conhecido, incluindo a Judeia, onde o judaísmo florescia em meio a constantes tensões políticas e religiosas. Havia diferentes correntes dentro do judaísmo: os fariseus, que enfatizavam a Torá oral e escrita; os saduceus, que controlavam o Templo e rejeitavam a tradição oral; e os essênios, que viviam retirados da sociedade. Além disso, havia os judeus da diáspora, como Paulo, que mantinham ...

O Conceito de "Racional" para Judeus, Gentios e Gregos

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  Para entender o que Paulo quis dizer ao falar sobre culto racional ( λογικὴ λατρεία, logikē latreia ) em Romanos 12:1, é essencial analisar como os judeus e os gentios (especialmente os gregos) entendiam a razão ( logos ) e a adoração ( latreia ). 1. O Racional para os Judeus: Sabedoria e Obediência à Lei No pensamento judaico, a racionalidade estava ligada à sabedoria (chochmá, חָכְמָה) e à obediência à Torá . Para os judeus, ser "racional" não significava apenas ter lógica ou argumentação intelectual, mas sim viver de acordo com a vontade de Deus revelada nas Escrituras. A Sabedoria como Caminho Racional O livro de Provérbios ensina que o verdadeiro entendimento vem do temor do Senhor: "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é entendimento." (Provérbios 9:10) Ser sábio, para um judeu, significava aplicar a Lei de Deus à vida cotidiana. O Serviço a Deus como Expressão de Razão Para os judeus, a adoração ( latreia ) envolvia sac...

O Sinal na Mão e Frontais dos Olhos em Êxodo

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A interpretação do conceito da "marca da besta" em Apocalipse, quando analisada sob a luz das Escrituras, revela um significado profundo e conectado à tradição judaica. Apocalipse 13:16 descreve a marca sendo colocada na “mão direita ou na testa”, ecoando os mandamentos de Deus registrados na Torá: “Você os atará como um sinal em sua mão e eles serão como frontal entre os seus olhos” (Deuteronômio 6:8; cf. 11:18). Esse versículo é a base para a prática dos Tefilin (תפילין), pequenas caixas contendo textos bíblicos que os judeus colocam na testa e no braço durante as orações. No Novo Testamento grego, os Tefilin são chamados de “filactérios” (φυλακτήρια; Mt 23:5). Até os dias de hoje, judeus observantes mantêm essa prática como um sinal visível de sua aliança com Deus. Em contraste, a "marca da besta" apresentada em Apocalipse representa uma inversão desse conceito: um sinal de lealdade não a Deus, mas ao sistema maligno personificado pela besta. De uma perspectiva...

O Contexto Judaico da Marca da Besta

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O estudo da “marca da besta” em Apocalipse, à luz da tradição hebraica, revela um rico pano de fundo simbólico e espiritual que ajuda a interpretar esse conceito de forma mais precisa. No judaísmo, marcas, sinais e selos desempenham papéis significativos em narrativas de aliança e identidade. Esses elementos são frequentemente usados para comunicar a fidelidade a Deus, a separação do mal e o compromisso com a Torá. Apocalipse, com sua linguagem altamente simbólica, utiliza essas imagens com profundidade, ecoando práticas e conceitos judaicos enraizados na Torá e nos Profetas. A Marca e os Selos no Judaísmo Em Apocalipse 13:16-17, a marca da besta é descrita como sendo essencial para comprar ou vender, indicando um controle totalitário sobre a economia e a sociedade. Contudo, o conceito de uma marca ou sinal na mão e na testa é claramente um empréstimo da Torá, onde Deus ordena que Seus mandamentos sejam “atados como um sinal” na mão e como “frontais” entre os olhos (Deuteronômio 6:8; 1...