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Meu primeiro avental - Uma reflexão sobre o envelhecimento à luz da fé

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O tecido era simples — algodão cru, com uma fita azul-clara costurada de forma torta. Eu devia ter uns oito anos. Lembro-me do toque áspero nas mãos pequenas, das linhas desalinhadas e da alegria ingênua de quem brincava de ser adulta. Ganhei aquele avental como quem ganha um brinquedo. Não fui ensinada a ser dona de casa — não havia receitas, nem conselhos sobre como manter um lar — mas naquele pedaço de pano havia um presságio. Ele dizia, silenciosamente, que um dia eu teria um lugar onde poderia amar e ser amada. Durante anos, o guardei. O avental ficou dobrado em alguma gaveta como um símbolo discreto de esperança. Era mais do que um pano: era a lembrança de uma menina que sonhava com o cheiro de pão assando, com uma mesa cercada de vozes, com o som de uma vida inteira pulsando entre as paredes do lar. Agora, porém, ele não está mais aqui. Procuro-o e não encontro. Vasculho as gavetas, as caixas antigas, e a mim mesma. Nada. Às vezes penso que talvez nunca tenha existido. Out...

O peso da ausência

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Hoje acordei com um vazio que não sei nomear. Um silêncio diferente, que não é apenas ausência de som, mas ausência de tudo o que poderia ter sido. Você se foi. E com você foram os abraços que nunca dei, as palavras que não disse, os momentos que ficaram apenas como possibilidades que nunca existirão. Dizem que o tempo ajuda, mas hoje ele só parece aumentar essa dor. Sinto saudade do que tivemos, mas sinto ainda mais falta do que nunca tivemos. É injusto sentir falta de algo que nem aconteceu? Talvez seja. Mas o luto não segue regras. Ele vem como ondas, às vezes suaves, às vezes como um maremoto que me arrasta para o fundo. As lembranças são de dor. Não são conforto, são ferida aberta. Cada memória carrega o peso do que não voltará. O que deveria ser um refúgio se torna um labirinto sem saída. O som da sua voz na minha mente dói. Seu nome dito em voz alta corta como lâmina. E quando tento fugir desse peso, ele me alcança na forma de saudade esmagadora. Minha história foi reconstruída ...