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Mostrando postagens de outubro 6, 2016

Sou um Sacerdote sujo: lava-me, Senhor!

Davi não foi a única pessoa a clamar: “Lava-me!” (Sl 51.2). Antes e depois dele, na história bíblica e na história eclesiástica, muitos têm dobrado os joelhos e feito a mesma súplica, tanto pessoal como representativa.   O jornal católico “O Lutador”, em agosto de 2011, publicou um belo texto escrito pelo frei Patrício Alessandro Sciadini, de 64 anos, frade carmelita nascido na Itália, missionário no Brasil, conhecido como pregador de retiros espirituais e tradutor de algumas obras clássicas de espiritualidade. Embora use a primeira pessoa do singular, Sciadini certamente não está se referindo apenas a sua própria sujeira. Trata-se antes de uma confissão representativa que todos deveríamos assinar. A palavra “sujo” aparece várias vezes, como se pode ver em seguida:   Toda Quinta-Feira Santa, sinto-me como sacerdote pequeno-grande, “sujo”, um pouco traidor e medroso como os apóstolos no Cenáculo.   Sinto-me “sujo” por fora e por dentro. Tenho caminhado pelas estradas do

Culpa e perdão, mancha e purificação

As palavras “mancha” e “culpa” aparecem juntas na seguinte passagem das Escrituras: “Agora, por meio da morte do seu Filho na cruz, Deus fez com que vocês [antes inimigos] ficassem seus amigos, a fim de trazê-los à sua presença, para serem somente dele, não tendo ‘mancha nem culpa’” (Cl 1.22).   Em geral, presta-se mais atenção à culpa do que à mancha. Porém, a conduta pecaminosa gera ambos os incômodos. A sensação de dívida não deve ser maior nem menor do que a sensação de sujidade e vice-versa.   Curiosamente, as palavras que tratam da remoção da culpa e da mancha também aparecem juntas em outra passagem da Bíblia: “Se confessarmos os nossos pecados, Deus é fiel e justo para nos ‘perdoar’ os pecados e nos ‘purificar’ de toda injustiça” (1Jo 1.9). Se o perdão remove a culpa, a purificação remove a mancha. Então, o alívio não é complicado nem demorado nem pela metade. Se o pecado cometido produz dois tormentos gêmeos (culpa e mancha), a verdadeira confissão de pecado gera dois