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Tudo é Vaidade

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Vivemos em uma era que nos vende a ideia de que a felicidade está sempre “um passo adiante”: mais conquistas, mais experiências, mais prazer. É a chamada “esteira hedonista” , um conceito formalizado na psicologia moderna por Philip Brickman e Donald T. Campbell em 1971. Eles observaram que os seres humanos tendem a retornar a um nível estável de felicidade , mesmo após grandes mudanças positivas ou negativas. Assim, correr atrás de prazer, riqueza ou sucesso gera apenas satisfação temporária – você se esforça, mas continua emocionalmente no mesmo lugar. A metáfora da “esteira” ilustra perfeitamente essa sensação: muito movimento, nenhum avanço real. Curiosamente, essa realidade não é nova. O livro de Eclesiastes já denunciava essa mesma corrida sem sentido há milênios. O Pregador (Kohelet), refletindo sobre a vida “debaixo do sol”, experimentou prazeres, riquezas, sabedoria, trabalho e status, mas concluiu: “Vaidade de vaidades, tudo é vaidade” (Ec 1:2, ARA). A palavra hebraica u...

Poesia: Ecos do Passado

 Baseada em Eclesiastes 1 No círculo sem fim do tempo, Eis a jornada em que tudo se repete. Tudo o que foi e será, nada se inicia, Ecos do passado, o presente aceita. O sol nasce e se põe, ritmo constante,  Viajante incansável e altivo, Em sua ronda diária, nada muda, Um eterno retorno, destino cativo. Os rios correm ao mar, sem cessar, Em vão buscando o ponto final, Como a vida que segue, sem se findar, E a história se repete, num ciclo banal. As palavras se perdem, onde está o legado, E o conhecimento não encontra guarida, Tudo já foi dito, tudo foi carregado, Às sombras do passado, a salvação é deferida. Há algo novo embaixo do sol brilhante? Nada há de novo, tudo é já sabido, A busca é vã, a esperança distante, Nada é inedito, tudo foi revelado Ó, Eclesiastes, sábio e pensativo, Tua voz ecoa pelos séculos de dor, Em tuas palavras, o homem pensativo, Encara a sina e o eterno labor. Assim, a roda da vida continua a girar, Neste circulo eterno, seguimos a caminhar, E em meio ...

Vaidade em Hebraico: Eclesiastes

  O livro bíblico de  Eclesiastes começa com uma afirmação sombria. A tradução tradicional em prtuguês diz: "Vaidade das vaidades, diz o Sábio, vaidade das vaidades; tudo é vaidade"   A palavra hebraica traduzida como "vaidade" é  הבל  ( hevel ) e aparece cinco vezes neste único versículo.  Em nosso linguajar moderno, "vaidade" descreve algo que é inútil ou fútil;  daí a escolha de alguns tradutores para renderizar  הבל  como algo "futil"  e  "vaidade das vaidades" – como "perfeitamente inútil". No entanto, essas escolhas tradutórias não compreendem bem o significado fundamental do hebraico.  Em vez de denotar falta de sentido ou trivialidade,  הבל   significa "vapor" ou "f ô lego". Para Eclesiasts, o problema n ã o é que a vida n ã o tenha sentido ou n ã o valha a pena, mas que ela passe como um vapor ou névoa. O Sábio lamenta a brevidade da vida na terra e a transitoriedade da existência, mas iss...