Julgando o julgamento
Romanos 2:1-16
O Apóstolo Paulo está redigindo esta epístola e, no primeiro capítulo, ele escreveu de maneira a evidenciar que toda a humanidade é culpada pelo pecado. Ele tem em vista especialmente os incrédulos, os pagãos, os gentios, aqueles que não pertencem ao povo judeu. E ele tem destacado que todas as pessoas, sem exceção, são culpadas de transgressão.
Lembre-se de que esta carta seria lida para pequenas congregações domésticas espalhadas por Roma, a cidade principal do Império Romano. Essas igrejas eram formadas por dois grupos distintos: gentios que anteriormente não criam, mas aceitaram o evangelho, e judeus convertidos, aqueles que creram na mensagem de Cristo. Tenham isso em mente. Aqui, Paulo está abordando o pecado de toda a humanidade, enfatizando particularmente os gentios, os não judeus. É possível que os judeus crentes tenham ouvido a leitura dessa carta e concordado, acenando a cabeça. Talvez tenham pensado: “Sim, esses pagãos, esses descrentes, que comportamento deplorável o deles! Envolvidos em impureza, inveja, calúnia e até mesmo crimes!” E eles estavam emitindo juízo, até que escutaram o capítulo 2.
1 Portanto, és indesculpável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, pois ao condenares o outro, estás te condenando a ti mesmo; pois tu, que julgas, praticas as mesmas coisas.
Introdução:
Tenho uma indagação para vocês. Quantos já ouviram a expressão: “Você não deve julgar”? Isso está nas Escrituras, certo? Jesus disse em Mateus 7:1: “Não julgueis, para que não sejais julgados.” Agora, lanço outra pergunta: É sempre errado julgar?
Essa é uma questão distinta, e o motivo pelo qual a levanto é que a Bíblia menciona dois tipos de julgamento. Existe o julgamento do coração e o julgamento do comportamento. Quando Jesus diz: “Não julgueis, para que não sejais julgados”, Ele se refere ao julgamento que fazemos sobre as intenções dos outros, um ato de arrogância moral. Isso acontece quando olhamos para os outros com desdém, assumindo que conhecemos seus corações. Mas a Palavra nos ensina que não devemos julgar as motivações ocultas das pessoas.
Por outro lado, avaliar comportamentos é algo distinto. A própria Bíblia nos instrui a discernir condutas. No mesmo capítulo em que Jesus diz para não julgar, Ele continua afirmando que reconheceremos os falsos mestres pelos frutos que produzem, ou seja, pelo que ensinam e praticam (Mateus 7:20).
O próprio bom senso nos ensina isso. Pais avaliam o comportamento dos filhos, certo? Imagine uma criança que faz algo inadequado e tenta argumentar: “Você não pode me julgar!” Nenhum pai aceitaria essa lógica.
Mas julgar o coração é algo completamente diferente. Quando fazemos isso, assumimos uma posição que não nos cabe, como se soubéssemos tudo sobre a intenção do outro. Tão comum é essa atitude que, ao sentir que somos julgados, nos armamos contra isso.
Paulo nos ensina que, ao menosprezar os outros e pensar: “Que pecador! Que fracassado! Que pessoa insignificante!”, cometemos o erro de sermos julgadores. Esse é o espírito que ele denuncia no início do capítulo 2, destacando a hipocrisia dos judeus crentes ao condenarem os gentios. Isso se tornará ainda mais evidente conforme avançarmos no texto. Vamos explorar esse trecho e compreender sua aplicação em nossas vidas.
I. Precisamos lidar com nossa hipocrisia (1-5)
Devemos evitar um espírito de hipocrisia, que nos leva a acreditar que os erros dos outros são mais graves que os nossos. No versículo 1, Paulo diz claramente: quem julga o outro está condenando a si mesmo.
Ele se dirige aos judeus crentes que, ao ouvir a lista de pecados dos gentios, julgavam-se melhores. Mas então Paulo os confronta: “Vocês também são culpados!” A verdade é que todos temos falhas.
2 Sabemos que o julgamento de Deus contra os que praticam tais coisas é conforme a verdade.
3 E tu, que julgas os outros e fazes o mesmo, pensas que escaparás do juízo divino?
Paulo nos lembra que Deus não será parcial ao aplicar Sua justiça. Ele também destaca a bondade divina:
4 Ou desprezas a riqueza da bondade, paciência e longanimidade de Deus, ignorando que a bondade d'Ele te conduz ao arrependimento?
Ao nos concentrarmos em condenar os outros, corremos o risco de ignorar a própria misericórdia de Deus para conosco. E, se não nos arrependermos, estaremos apenas acumulando juízo sobre nós mesmos (versículo 5).
II. Precisamos lidar com nosso sentimento de superioridade (6-11)
Os judeus crentes pensavam ser superiores aos gentios por sua origem religiosa, mas Paulo desmantela essa ideia. Deus julgará a cada um segundo suas obras, sem favoritismo. Ele dará vida eterna aos que perseveram na bondade e justiça, e punição aos que escolhem o mal (versículos 6-8).
III. Precisamos lidar com nosso pecado (12-16)
Paulo explica que Deus julgará tanto judeus quanto gentios de acordo com o conhecimento que cada um teve. Os gentios, mesmo sem a Lei escrita, têm a consciência que os guia. Mas todos, sem exceção, são pecadores.
16 No dia em que Deus julgará os segredos dos homens, por meio de Jesus Cristo, conforme o evangelho.
Conclusão:
Ninguém está isento do juízo divino. Se julgamos os outros enquanto ignoramos nossas próprias falhas, cometemos hipocrisia. O objetivo de Paulo é nos conduzir ao entendimento de que precisamos do evangelho. Somente através da graça de Cristo podemos escapar do julgamento e encontrar redenção.
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