Sermão de Final de Ano

Feliz Ano Novo
Ore sem cessar
Em tudo dai graças, pois esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para as nossas vidas




Salmo 8

Destaque: “...que é o homem, que dele te lembres E o filho do homem, que o visites” (V. 4).
“...que é um simples ser humano para que penses nele? Que é o ser mortal para que te preocupes com ele?” (V. 4)

Quem somos nós para sermos lembrados?

Introdução
Estamos chegando ao final de mais um ano e prestes a iniciar um novo. A contagem do tempo é algo interessante. Já começou no Éden. “Chamou Deus à luz Dia e às trevas, Noite. Houve tarde e manhã, o primeiro dia” (Gn 1.5). Um pouco adiante, lemos: “Disse também Deus, haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos (Gn 1.14). Mais tarde se fracionou o tempo em horas, minutos, segundos, em nanosegundos e outras subdivisões.
Carlos Drummond de Andrade escreve o seguinte sobre essa divisão do tempo: “Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um individuo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente.”
Acredita-se, também, que o tamanho dessas fatias do tempo é relativo: Quando o momento é bom, o tempo parece passar mais rápido. Em situações adversas as horas parecem mais longas. Em outras palavras, o tempo depende da nossa cabeça. E, por isso, se o ano foi bom ou ruim, também depende da nossa cabeça.
“As pessoas comuns têm mais de duzentos pensamentos negativos num dia: preocupações, ciúmes, insegurança, desejos por coisas proibidas, etc. Pessoas deprimidas têm mais de seiscentos. Você não pode eliminar todas as coisas problemáticas que passam por sua mente, mas você certamente pode reduzir o número de pensamentos negativos” (Dr. Elinore Kinarthy em HOMEMADE, setembro, 1988).
A crise econômica, o câmbio desfavorável para as exportações, o aumento do desemprego e o prognóstico de uma quebradeira generalizada faziam parte das notícias de cada dia. Mas, chegando ao final do ano, tenho a impressão de que as coisas não foram tão más assim. Deus esteve conosco e foi o nosso defensor e protetor.
Por isso podemos e devemos exclamar com Davi no salmo desse dia, que é um hino de louvor a Deus: “Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade”.  E depois segue: “Quando contemplo os teus céus...”.  E então vem a pergunta que servirá de base para esta reflexão: “Que é o homem que dele te lembres e o Filho do homem que o visites?”

1. Que é o homem? (Quem somos nós)
O versículo base para esta reflexão faz uma pergunta muito antiga e muitas vezes repetida: “Que é o homem?”
Que é o homem? Que tal tentar responder esta questão da maneira mais simples, até porque o último dia do ano não é o momento mais adequado para refletirmos mais profundamente.
·  “É belo e saudável” - mostram as fotos de capas de revistas e jornais.
·  “É ágil e forte”-  destacam as reportagens esportivas.
·  “É inteligente e audacioso” - confirmam os avanços científicos e tecnológicos.

Mas se o enfoque de nossos pensamentos se voltar para outra direção, as respostas são perturbadoras
·  “É pobre” - mostram as favelas, as reportagens e as estatísticas mundiais (80% da população mundial vivem em condições aquém do desejável).
· “É mau” - atestam as notícias de cada dia (assaltos, seqüestros, ônibus incendiados no Rio, como em São Paulo meses atrás... Ontem Saddam Hussein foi enforcado no Iraque. Ele era para os Norte-americanos o símbolo do mal. Mas outros poderiam ter sido enforcados com ele. Jorge Busch poderia ter sido um deles, dentre muitos outros...)
· “É sofredor” - dizem os hospitais, as filas por consultas médicas ou por vagas de emprego.
· “É pó” - concluem os cemitérios e crematórios ao nos deixar chorando pela perda de nossos queridos.
Assim, no decurso de nossa vida, de acordo com as experiências, são as nossas repostas. Essa variedade de situações leva a se fazer esta pergunta em tonalidades bem diferentes.  Por que isso?
É que o ser humano deixou de identificar-se com o Criador. Não quis ser criatura. Deixou-se dominar pelo egoísmo e, como conseqüência disso, trouxe a morte e nos colocou sob a ira divina, abandono e eterna condenação. As retrospectivas do ano mostram a fugacidade do ser humano. Enfim, é importante sublinhar as palavras da epístola:Todos os seres humanos são como a erva do campo, e a grandeza deles é como a flor da erva. A erva seca, e a flor cai” (1 Pe 1.24).
Este ano foi marcado por violência de todo o tipo. Por muita sujeira na esfera política. E até por muitos escândalos nas igrejas. Muita falcatrua e imoralidade rolou por aí, como todos vimos e ouvimos diariamente.
O historiador inglês Thomas Macaullay escreveu: “A medida do homem é o que ele faz quando está absolutamente certo de que não será descoberto” (Citado pelo professor Arnaldo Schüler).

2. Que é o homem que dele te lembres? (Para sermos lembrados por Deus)
 “Que é o homem que dele te lembres?” É uma pergunta que tem a resposta em si mesma: “Que dele te lembres”.  Quem sou eu, você, cada um de nós, para que, nesse vasto mundo o Criador nos leve em consideração. Pode ser que muitos tenham se esquecido de nós, mas Deus não. 
É interessante como esta pergunta se repete na Bíblia em outros contextos. No Salmo 144.3 a pergunta zomba da arrogância do homem que quer viver sem Deus. Jó a fez num momento de sofrimento: “Que é o homem, para que tanto o estimes e ponhas nele o teu cuidado?” (Jó 7.17). Aqui, porém, não há sinal de pessimismo. Só surpresa pelo fato de o Eterno Deus se lembrar de nós. Quando Deus se lembra de nós, ele toma atitudes que mostram sua proximidade. Ele é o Pai que não abandona os seus filhos, mesmo que estes tenham insistido em viver longe do Pai e ofendê-lo com uma vida de desconsideração com o Criador.
Olhando para trás, precisamos reconhecer que, mesmo em meio a tantas coisas negativas que aconteceram em 2006, Deus não se esqueceu de nós. Ele provavelmente não nos concedeu tudo o que desejávamos, mas certamente nos deu tudo o que de fato precisávamos.
E o que podemos esperar para 2007?
Os cientistas do comportamento descobriram que nós normalmente vemos coisas que estamos preparados ver. Tudo está centrado em uma cadeia de células nervosas chamados de “Sistema de Ativação Reticular” (Reticular Activating System). Todo o mundo tem este sistema.  
O “Sistema de Ativação Reticular” funciona da seguinte maneira: Quando algo nos chamou a atenção, e estivemos preparados vê-lo, nós o veremos virtualmente em todos os lugares aonde vamos. 
Por exemplo, você decide comprar um carro novo. Você se decide. Agora, você verá esses carros em todos os lugares. Você os verá nas estradas, nos anúncios de TELEVISÃO, em jornais e revistas. Eles estão em todos os lugares. 
O que aconteceu? Eles sempre estavam lá, mas no momento em que você estava preparado para vê-los, seu Sistema de Ativação Reticular o fixou, e de repente você os viu em todos os lugares. 
O mesmo acontece em outras áreas da vida também. Vemos o que estamos preparados para ver. Se estamos preparados para ver coisas ruins este ano, então é isso que veremos. Por outro lado, se estivermos preparados para ver (pela nossa confiança em Deus) coisas boas, então isso é o que nós vamos ver. 
O que você espera ver neste ano novo?  
O Salmista pergunta. “Que é o homem que dele te lembres e o filho do homem que o visites?” Celebramos este grandioso fato na semana passada. Deus nos visitou em Jesus. O Salmo 08 é messiânico. Ele antecipou o louvor das crianças por ocasião da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Mt 21.16), e antecipou seu sofrimento por nós como o Autor da Salvação (Hb 2.6-8).
Quando visitamos alguém, costumamos levar um presente. O presente que Jesus nos trouxe em sua visita ao mundo foi o perdão de todos os nossos pecados e a vida eterna. 
Ele carregou consigo os nossos fracassos e culpas, sem o que não teríamos muito o que festejar. Certamente cada um de nós, se fizer uma retrospectiva, verá que Deus não nos considerou insignificantes. Ele nos valorizou tanto “que deu o seu Filho Unigênito” (Jo 3.16).

Conclusão

Certa vez um casal, com sua filhinha de seis anos, tiveram que atravessar um rio de muita correnteza. Pediram ao barqueiro que os levasse para o outro lado. No meio do rio, onde a correnteza era muito forte, o barco começou a balançar bastante. A menina ficou com muito medo. Então o pai começou a falar com o timoneiro e lhe perguntou:
– Quantas vezes você faz este trajeto?
– Ora, várias vezes por dia.
– Quantos anos você já trabalha aqui?
– Mais de dez anos.
– Quantas vezes se acidentou?
– Nenhuma vez.
Então o pai disse para a filhinha:
– Ouviste! Podemos confiar nele plenamente.
A filhinha se aclamou. Assim nós podemos confiar plenamente em nosso querido Pai celestial, que nos amou e ama em Cristo, que deu sua vida por nós.
Ele mesmo ordenou e disse: “Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás” (Sl 50.15). (Em sermão de Horst R. Kuchenbecker)
O Salmo 08 começa e termina com Deus. Que tal fazermos assim com nossa vida neste ano. Começar e terminar com ele. É possível isto? Da parte dele sim.

Renato Leonardo Regauer
Adaptado de Edgar Lemke
Traduzido por Denise Mardegan


  





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