A Vontade Decretiva de Deus — O que Ele determina soberanamente
A vontade decretiva é aquilo que Deus ordena, estabelece e garante que se cumpra. Nada pode frustrar essa vontade, pois ela pertence ao governo soberano do Senhor sobre toda a criação. Nela estão incluídos:
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Os planos eternos de Deus (Isaías 46:9–10 — “Meu propósito permanecerá de pé, e farei tudo o que me agrada.”)
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A preservação da História e seus rumos.
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A eleição, redenção e consumação do Seu povo.
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Tudo o que Ele determinou antes da fundação do mundo.
Essa vontade é, muitas vezes, oculta aos nossos olhos; nós a percebemos apenas quando ela acontece. É como o bordado visto pelo avesso: não compreendemos todas as linhas, mas confiamos que o Artista enxerga o desenho completo. A tradição cristã sempre ensinou que descansar na vontade decretiva é descansar na soberania de Deus — e isso gera paz profunda para a alma que teme o Senhor.
A Vontade Perceptiva de Deus — O que Ele nos ordena obedecer
A vontade perceptiva (ou revelada) é aquilo que Deus nos mostra claramente na Palavra e espera que pratiquemos.
Ela não é um decreto irresistível, mas um chamado:
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“Sede santos” (1 Pedro 1:15).
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“Ame o seu próximo” (Mateus 22:39).
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“Fuja da imoralidade” (1 Coríntios 6:18).
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“Perdoe” (Efésios 4:32).
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“Ande em justiça, ame a misericórdia e ande humildemente” (Miquéias 6:8).
Essa vontade pode ser desobedecida pelos homens, e por isso vemos pecado, injustiça e rebelião no mundo. Deus revela essa vontade para que Seu povo caminhe de forma reta, vivendo de acordo com padrões que sempre guiaram os fiéis desde os tempos antigos.
A visão tradicional da Igreja sempre afirmou que essa vontade revelada é o caminho seguro para quem deseja agradar ao Senhor: ela é o nosso mapa, nossa bússola, nossa trilha segura.
Como ambas se relacionam?
As duas vontades não se contradizem; elas se complementam.
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Pela vontade decretiva, Deus governa todas as coisas.
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Pela vontade perceptiva, Deus orienta Seu povo.
A primeira revela a majestade de Deus; a segunda revela Seu caráter moral e Sua santidade.
Uma é irresistível; a outra exige de nós resposta.
A fé madura — aquela que nossos pais na fé sempre buscaram — aprende a viver com reverência diante do mistério do decreto divino e, ao mesmo tempo, com obediência diante da revelação clara da Escritura.
Por que entender isso fortalece a vida espiritual?
1. Traz descanso
Você aprende a confiar que nada sai do controle de Deus, nem mesmo aquilo que você não compreende.
2. Traz responsabilidade
Saber a vontade perceptiva nos impede de viver à deriva; sabemos o que agrada ao Pai e seguimos esse caminho.
3. Traz maturidade
A vida cristã se aprofunda quando paramos de exigir que Deus revele “o futuro” e passamos a obedecer o que Ele já deixou claro no passado e no presente.
4. Traz sabedoria
Você aprende a discernir que nem tudo é “Deus querendo”, mas também o resultado da obediência ou desobediência humana.
Conclusão
A vontade decretiva nos ensina que Deus está no trono.
A vontade perceptiva nos chama a andar de joelhos.
As duas juntas formam a base sólida da fé que nossos antepassados sempre guardaram: Deus governa soberanamente, mas nos chama a obedecer responsavelmente. E quando vivemos nesse equilíbrio, encontramos direção, coragem e paz.
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