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Mostrando postagens de setembro 30, 2025

O Natal que Desnuda Nossas Ilusões

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O Natal, para muitos, tornou-se sinônimo de brilho, consumo e celebração familiar. As vitrines enfeitadas, as mesas fartas e os presentes bem embalados se tornaram a “trindade moderna” desta época do ano. Porém, quanto mais enfeitamos nossas casas, mais corremos o risco de encobrir o real sentido da encarnação. O nascimento de Jesus não foi um conto de fadas, mas um acontecimento que expôs nossa condição humana e confrontou nossas ilusões. A manjedoura que nos constrange Quando o Filho de Deus entrou na história, não escolheu palácios, mas uma manjedoura. Esse contraste desarma qualquer lógica de ostentação. Ali, no ambiente mais improvável, a glória eterna se fez carne. O Natal verdadeiro, portanto, não é sobre brilho externo, mas sobre humildade que desnuda nosso orgulho. Preferimos árvores iluminadas porque elas escondem a escuridão de nossas almas, mas a manjedoura nos lembra que o Cristo veio para iluminá-la de dentro para fora. A espada que corta máscaras Ao apresentar o meni...

O perigo da naturalização do feminicídio

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Ela caiu do alto, não por acidente, mas por um ato de violência fria e calculada. Seu corpo foi esmagado, pisoteado, despedaçado, irreconhecível aos olhos humanos. Mas a tragédia não termina na morte física; o silêncio que a segue, a naturalização de sua dor, é outra forma de brutalidade. Este é o eco de um feminicídio que atravessa séculos, do Antigo Testamento até hoje, quando algumas mortes de mulheres são vistas como “merecidas”, enquanto outras provocam indignação. Jezabel, rainha de Israel, viveu um destino cruel. Traída por aqueles em quem confiava, lançada do alto de seu palácio, esmagada por cavalos, seu corpo foi degradado, e nem a sepultura lhe foi concedida (2Rs 9.33-35). Muitos, inclusive dentro das igrejas, justificam sua morte, lembrando que era idólatra, estrangeira, mulher de poder. Mas ao naturalizar sua morte como consequência de sua vida, ignoramos que Deus não mede o valor de uma vida pela religião, origem ou posição social. Jezabel é reduzida a uma lição moral, q...

A mulher estrangeira como símbolo do perigo espiritual durante o exilio

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A mulher estrangeira como símbolo do perigo espiritual Introdução No período do exílio (século VI a.C.), a queda de Judá foi interpretada como consequência da idolatria. As mulheres estrangeiras passaram a ser retratadas como sedutoras e corruptoras. Dalila – a filisteia sedutora 📖 Juízes 16.16-17 (ARA) – “Dalila o importunava todos os dias... Descobriu-lhe todo o coração.” Origem: Filístia. História: Traiu Sansão, entregando-o aos filisteus. Símbolo: A mulher estrangeira associada à traição e corrupção. Jezabel – a fenícia idólatra 📖 2 Reis 9.33 (ARA) – “Lançai-a daí abaixo... e Jeú a atropelou.” Origem: Sidônia (Fenícia). História: Esposa do rei Acabe, introduziu o culto a Baal. Símbolo: Idolatria e violência contra os profetas do Senhor (1Rs 18.4). Atalia – a usurpadora 📖 2 Reis 11.16 (ARA) – “E lançaram mão dela... ali a mataram.” Origem: Fenícia-Israel (filha de Jezabel). História: Usurpou o trono de Judá e exterminou descendentes reais. Símbolo: Idolatria e destrui...

O Natal de Verdade

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O Natal nos confronta com a humildade extrema de Deus. O Filho eterno se esvaziou, deixando glória e poder, para nascer entre os homens. Esse ato não é apenas simbólico; ele exige reflexão profunda sobre nossas próprias vidas. Quantas vezes nos recusamos a descer do pedestal, ceder em orgulho ou abrir mão de nossos desejos para seguir a vontade de Deus? O nascimento de Cristo desafia a complacência e a arrogância, lembrando que verdadeira fé requer esvaziamento e entrega total. A encarnação de Cristo evidencia que Deus valoriza ações sobre palavras. É fácil professar fé, mas difícil viver coerentemente com os princípios que ela exige. O Verbo que se fez carne é um chamado à autenticidade: nossas vidas devem refletir os mesmos valores que proclamamos. Humildade, serviço, paciência e obediência não são opcionais; são requisitos do seguimento real de Cristo. O confronto é direto e pessoal: estamos dispostos a nos humilhar, a renunciar conforto, prestígio e controle, como Cristo fez? O ...

Do Katan ao Gadol: O Segredo da Parábola do Grão de Mostarda

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"O Reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e semeou no seu campo; o qual é, na verdade, a menor de todas as sementes; e, crescendo, é maior do que as hortaliças e se faz árvore, de modo que as aves do céu vêm aninhar-se nos seus ramos." (Mateus 13:31-32) Você provavelmente já ouviu esta parábola muitas vezes. Mas há um detalhe precioso do idioma bíblico que muitas traduções não conseguem transmitir. Quando Jesus fala do “grão de mostarda”, não está apenas destacando o tamanho diminuto da semente, mas evocando uma ideia muito mais profunda enraizada na língua hebraica. O jogo de palavras hebraico No hebraico, a palavra קָטָן ( katan ) significa “pequeno”. Mas seu uso na Bíblia não se restringe ao tamanho físico. Katan muitas vezes descreve aquilo que é insignificante, desprezado ou socialmente irrelevante . Já a palavra גָּדוֹל ( gadol ) , “grande”, aponta não apenas para proporção, mas para o que é grandioso, poderoso, ou resultado da inte...