As pragas do Egito em Êxodo e os Principados

 De acordo com a Bíblia, as dez pragas do Egito são um conjunto de calamidades que foram enviadas por Deus para convencer o faraó do Egito a libertar os israelitas da escravidão e permitir que eles partissem para a Terra Prometida. As pragas são descritas no livro de Êxodo, capítulos 7 a 12. Não são especificamente chamadas de "principados" na Bíblia, mas aqui estão as dez pragas e suas respectivas descrições:


1. Água em Sangue: A água do rio Nilo e todas as fontes de água do Egito foram transformadas em sangue, tornando-a imprópria para consumo e causando a morte dos peixes.

Na mitologia egípcia, a praga da Água em Sangue pode estar relacionada ao deus Hapi, que era associado ao rio Nilo e à inundação anual que fertilizava as terras do Egito. Hapi personificava a fertilidade trazida pelas cheias do Nilo, que eram cruciais para a agricultura e a prosperidade do país.

Quando o rio Nilo foi transformado em sangue durante a primeira praga no relato bíblico, isso pode ter sido interpretado como um ataque direto a Hapi e ao poder que ele representava. Ao transformar a água em sangue, Deus mostrou sua supremacia sobre o deus do rio e, consequentemente, sobre a própria nação egípcia.


2. Rãs: Enxames de rãs invadiram o Egito, saindo do Nilo e invadindo casas, cidades e templos.

No panteão egípcio, a deusa associada às rãs é Heket (também conhecida como Heqet ou Hekat). Ela era uma deusa da mitologia egípcia que tinha a forma de uma mulher com cabeça de rã. Heket era frequentemente associada à fertilidade e ao nascimento, e as rãs eram vistas como um símbolo de renovação e regeneração devido à sua abundância após as enchentes do rio Nilo.

O fato de rãs serem mencionadas nas pragas pode ter tido uma conotação simbólica e irônica para os egípcios, uma vez que elas estavam relacionadas a uma de suas divindades, mas foram transformadas em uma praga incômoda e indesejada no contexto da história bíblica. Isso, mais uma vez, destacaria o domínio do Deus de Israel sobre os deuses do Egito.


3. Piolhos ou Mosquitos: Uma praga de piolhos ou mosquitos (em algumas traduções, pulgas) afetou homens e animais no Egito.

Na narrativa das pragas do Egito, o deus egípcio relacionado à praga de Piolhos ou Mosquitos é o deus Khepri, muitas vezes representado como um escaravelho sagrado. Khepri era associado à criação e ao renascimento, pois acreditava-se que ele empurrava o Sol pelo céu todas as manhãs, simbolizando o nascer do Sol e o início de um novo dia.

Durante a praga dos Piolhos ou Mosquitos, os sacerdotes egípcios não conseguiram impedir a infestação e reconheceram a praga como uma demonstração do poder do Deus de Israel (Yahweh) sobre Khepri e outros deuses do Egito. Isso foi um golpe na crença egípcia de que seus deuses eram superiores e controlavam todos os aspectos da vida.


4. Moscas de Insetos: Enxames de moscas infestaram o Egito, perturbando e causando problemas ao povo.

Na mitologia egípcia, a praga de enxames de moscas está associada ao deus Khepri. Khepri era representado como um escaravelho, um tipo de besouro que rola bolas de excremento para dentro da terra, simbolizando o sol nascente que surge do subsolo a cada manhã. O nome "Khepri" significa "aquele que vem a ser" ou "o que está chegando à existência", referindo-se à renovação diária do sol.

Na narrativa das pragas do Egito, a praga de moscas ou, mais precisamente, de insetos, é frequentemente atribuída a Khepri ou relacionada à sua esfera de influência como deus do sol nascente e da criação. Os enxames de moscas que infestaram o Egito foram considerados como manifestações do poder divino e da ira de Deus sobre o faraó e o povo egípcio por manterem os israelitas em escravidão.


5. Peste no Gado: Uma doença terrível atingiu o gado egípcio, resultando na morte de muitos animais.

O deus egípcio mais significativamente ligado a vacas e touros é Hathor. Ela era uma divindade extremamente importante na mitologia egípcia e estava associada a diversos aspectos, incluindo a maternidade, amor, música, dança, alegria, fertilidade, e também ao gado.

Hathor era frequentemente representada como uma deusa com cabeça de vaca ou como uma mulher com chifres de vaca, simbolizando sua conexão com esses animais. Ela era considerada a protetora do gado e do rebanho, e sua associação com a maternidade e fertilidade também a tornava uma figura importante para a fertilidade do gado e o sucesso na pecuária.

Além disso, Hathor era adorada em muitos lugares do Egito e em diferentes períodos da história egípcia. Ela desfrutou de grande popularidade entre o povo e foi uma das deusas mais reverenciadas ao longo dos tempos. Sua influência e culto se estendiam desde as épocas mais antigas até o período greco-romano, demonstrando sua importância contínua na religião egípcia.


6. Úlceras ou Feridas: Uma praga de úlceras ou feridas afligiu tanto os homens quanto os animais no Egito.

Na mitologia egípcia, a deusa responsável pela cura de úlceras e feridas nos animais e pessoas era a deusa Sekhmet. Ela era uma das divindades mais importantes do panteão egípcio, associada à guerra, à proteção e à cura, bem como à justiça e à vingança.

Sekhmet era frequentemente representada como uma leoa ou como uma mulher com cabeça de leoa. Ela era considerada tanto uma deusa protetora, capaz de afastar doenças e males, quanto uma deusa destruidora, capaz de enviar pragas e epidemias como punição.

Em algumas histórias mitológicas, Sekhmet é enviada por Ra, o deus sol, para punir a humanidade por sua rebelião contra ele. No entanto, a fúria de Sekhmet era tão grande que ela quase destruiu toda a humanidade. Para detê-la, o deus Thoth misturou cerveja com pigmento vermelho para fazer uma bebida que se assemelhava ao sangue humano. Sekhmet, ao beber essa "sangrenta" cerveja, ficou embriagada e se acalmou, permitindo que a humanidade fosse salva.

A relação de Sekhmet com a cura tornava-a uma divindade importante para pedidos de proteção contra doenças e para a cura de feridas e enfermidades. Ela era reverenciada por curandeiros e médicos, que buscavam sua ajuda para tratar os doentes e feridos.


7. Chuva de Pedras: Chuva de pedras destrutivas caiu sobre o Egito, danificando plantações e propriedades.

Na mitologia egípcia, a divindade responsável por eventos da natureza, como chuvas e tempestades, é Seth (também conhecido como Set). Seth era uma das principais divindades do panteão egípcio e era associado a muitos aspectos, incluindo o caos, a desordem, a violência, mas também às tempestades e aos fenômenos naturais destrutivos.

Ele era frequentemente retratado como um deus com cabeça de animal (tipicamente um animal desconhecido, possivelmente uma criatura mitológica). Seth tinha uma natureza ambivalente e, às vezes, era considerado um deus benéfico que protegia o barco solar de Rá durante sua jornada noturna pelo submundo. No entanto, em outras histórias, ele desempenhava um papel maléfico e lutava contra seu sobrinho, o deus Osíris, a quem acabou matando.

8. Gafanhotos: Enxames de gafanhotos devastaram as colheitas e o suprimento de alimentos no Egito.

Na mitologia egípcia, o deus associado ao gafanhoto é o deus Osíris. Osíris era uma das divindades mais importantes do panteão egípcio, tendo uma grande relevância na religião e na mitologia do antigo Egito.

Osíris era considerado o deus dos mortos e da vida após a morte, e ele desempenhava um papel fundamental no mito da criação e na crença na ressurreição. Ele era frequentemente representado como um homem mumificado com a coroa atef (uma coroa branca alta com duas plumas) e, às vezes, carregava um cajado e um chicote, símbolos de autoridade.

Além disso, Osíris também era associado a elementos da natureza, incluindo o ciclo de crescimento das plantas. Acredita-se que, em algumas tradições, Osíris estava conectado ao fenômeno dos gafanhotos, como eles eram vistos como símbolos da renovação da vegetação e da agricultura, já que seu surgimento coincidia com a estação chuvosa, trazendo fertilidade para as terras egípcias.


9. Trevas: Uma escuridão intensa e sobrenatural cobriu todo o Egito por três dias, exceto a terra dos israelitas.

Na mitologia egípcia, o deus associado à escuridão é Apep (também conhecido como Apófis). Apep era uma divindade do caos, representando as forças do mal, da desordem e da escuridão. Ele era considerado o inimigo dos deuses do panteão egípcio e seu principal objetivo era perturbar a ordem cósmica, especialmente atacando o deus-sol Rá durante sua jornada noturna pelo submundo.

A mitologia egípcia descreve que Apep era uma gigantesca serpente, frequentemente retratada como uma serpente marinha ou dragão, e simbolizava o caos, as trevas e a destruição. Ele era visto como uma força maligna que tentava devorar o sol todas as noites e impedir sua ressurreição na manhã seguinte. No entanto, graças à proteção e ações dos outros deuses, principalmente o deus do trovão e da guerra, Set (Seth), e o deus guardião dos portais, Mehen, Rá era capaz de superar a escuridão e renascer a cada amanhecer.

A luta épica entre Rá e Apep simbolizava a constante batalha entre a ordem e o caos na mitologia egípcia. A derrota diária de Apep por Rá garantia a continuidade da vida e da ordem no mundo. Essa lenda também estava relacionada às crenças egípcias sobre o renascimento do sol e a crença na vida após a morte, onde o sol de cada dia representava a vida eterna e a vitória sobre as trevas e a morte.


10. Morte dos Primogênitos: A pior praga de todas, onde o primogênito de cada família egípcia foi morto, desde o primogênito do faraó até o primogênito dos prisioneiros nas masmorras.

Na mitologia egípcia, o deus que representa a morte é Osíris. Ele desempenha um papel fundamental na religião egípcia e é uma das divindades mais importantes do panteão egípcio.

Osíris era o deus da vida após a morte e o juiz dos mortos. Ele era o filho de Geb (deus da terra) e Nut (deusa do céu) e o irmão e marido da deusa Ísis. Osíris era originalmente associado à fertilidade e à agricultura, simbolizando o ciclo de morte e renascimento que ocorre com as colheitas. No entanto, ele também se tornou a figura central na crença egípcia sobre a vida após a morte e o mundo dos mortos.

Segundo a mitologia egípcia, Osíris foi traído e assassinado por seu irmão Seth (Set), que o desmembrou e espalhou seus pedaços pelo Egito. Ísis, sua esposa e irmã, reuniu os pedaços e trouxe-o de volta à vida temporariamente para conceber o filho Hórus, que mais tarde se tornou um dos deuses mais importantes do panteão egípcio.

Osíris então se tornou o governante do mundo dos mortos, o Duat, onde julgava as almas dos mortos e determinava seu destino após a morte. Ele era frequentemente retratado como um homem mumificado, simbolizando a ressurreição e a vida após a morte.

Osíris desempenhou um papel central nos rituais funerários e na crença na vida após a morte no antigo Egito. Ele era reverenciado como o deus que concedia a vida eterna aos justos e justificava os mortos no tribunal divino no além.


Conclusão:

Essas pragas têm um significado teológico e simbólico na narrativa bíblica, destacando a manifestação do poder de Deus sobre os deuses do Egito e a proteção divina aos israelitas. O faraó relutou em libertar os israelitas após cada praga, mas finalmente permitiu que eles partissem após a morte dos primogênitos.



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