Gênesis 30:37-39 – Os Galhos de Jacó - Parte 1



Em Gênesis 30:37-39, Jacó utiliza galhos de três árvores – álamo, amendoeira e plátano – para influenciar a reprodução dos rebanhos. Embora pareça um ato incomum, ele carrega profundos significados simbólicos, relacionados tanto às características dessas árvores quanto ao contexto da vida de Jacó.

Primeira Árvore: Álamo (Livnê)

O álamo é a primeira árvore cujos galhos Jacó usou. Em hebraico, "livnê" (לבנה) deriva da mesma raiz de "lavan" (לבן), que significa "branco", o que também é o nome de Labão, sogro de Jacó. O tronco branco do álamo e suas folhas, verdes de um lado e brancas do outro[1], simbolizam a dualidade de Labão, astuto e manipulador. O padrão salpicado das folhas lembra as ovelhas salpicadas que nasceram seguindo o plano de Jacó, permitindo-lhe prosperar apesar das adversidades com Labão..

Segunda Árvore: Amendoeira (Luz)

A segunda árvore mencionada é a amendoeira, chamada de "luz" (לוז) em hebraico. A amendoeira tem um significado especial, pois é a primeira a florescer após o inverno[2], simbolizando renovação e ressurreição. Na tradição rabínica, há uma crença em um osso chamado "luz", que nunca se deteriora e será o ponto inicial para a reconstrução do corpo na Era Messiânica, quando os mortos serão ressuscitados. Esse conceito se conecta ao Salmo 34:20: "Ele protege todos os seus ossos; nenhum deles será quebrado", referindo-se ao osso "luz", que permanece intacto mesmo após a morte.

O osso "luz" simboliza a continuidade da vida, mesmo após a morte física, sendo considerado o ponto a partir do qual Deus reconstruirá o corpo na ressurreição. Assim, "luz" não apenas remete à árvore, mas também ao conceito rabínico do "osso luz", que será o ponto inicial para a ressurreição dos mortos.

O tronco da amendoeira possui estrias[3], que podem ser associadas às ovelhas listradas, conhecidas como akudim (עקודים), que têm marcas pretas nas pernas, criando um padrão semelhante. A palavra akudim deriva do verbo hebraico "akad" (עקד), que significa "amarrar", remetendo ao episódio em que Isaque foi amarrado por Abraão para o sacrifício. As marcas em Isaque também simbolizam essas ovelhas listradas. Jacó utilizou galhos de amendoeira, cujas listras lembravam as ovelhas que ele queria produzir, reforçando a ligação entre o sacrifício de Isaque e a promessa da aliança feita a Abraão e seus descendentes, que Jacó carregava como herdeiro.

Terceira Árvore: Plátano (Ermon)

A terceira árvore mencionada é o plátano, conhecido em hebraico como "ermon" (ערמון), derivado do verbo "aram" (ערם), que significa "estar nu", mas também pode ser traduzido como "astuto", "sutil" ou "ardiloso". Esse termo reflete novamente a relação de Jacó com seu sogro Labão, que se mostrou astuto e enganador em várias ocasiões.

O plátano possui uma característica notável: sua casca se desprende, expondo partes do tronco, como se a árvore estivesse despida[4]. Essa imagem simboliza a vulnerabilidade e exposição que Jacó sentiu ao lidar com os enganos de Labão. Além disso, durante o inverno, o plátano perde todas as suas folhas, ficando completamente nu, remetendo diretamente ao padrão das ovelhas que nasceram como resultado do plano de Jacó.

O uso dos galhos de plátano por Jacó reflete sua habilidade em lidar com a astúcia de Labão. Mesmo diante da desonestidade de seu sogro, Jacó superou os desafios e saiu vitorioso, assegurando o crescimento de seu rebanho e garantindo sua prosperidade.

Significado  dos Galhos e Rebanhos

O uso das três árvores por Jacó para influenciar a aparência e o padrão dos rebanhos não se limita a um ato físico; ele carrega profundos significados espirituais e simbólicos. Cada uma dessas árvores reflete a jornada de Jacó enquanto lidava com as manipulações e enganos de Labão, representando também sua superação e sua aliança com Deus.

O álamo, com seu padrão salpicado, simboliza a astúcia de Labão, mas também a vitória de Jacó sobre seu sogro. Esse padrão reflete como, apesar das tentativas de manipulação, Jacó conseguiu prosperar.

A amendoeira, com seu padrão listrado, remete à promessa divina e à continuidade da aliança feita com Abraão e Isaque, que Jacó carregava consigo. A amendoeira também simboliza renovação e a fidelidade de Deus à Sua promessa de abençoar os descendentes de Abraão.

O plátano, com sua casca que se desnuda, reflete a vulnerabilidade e os desafios que Jacó enfrentou ao lidar com a desonestidade de Labão. No entanto, essa árvore também simboliza como, ao fim dessa provação, Jacó saiu fortalecido, assegurando a prosperidade de seu rebanho e cumprindo seu propósito.

Os galhos utilizados por Jacó para influenciar os rebanhos simbolizam a essência de sua jornada de vida. Assim como os ossos representam a estrutura fundamental do ser humano, essas árvores refletem as provações e promessas que moldaram Jacó. Ele enfrentou traições, dificuldades e desafios, mas permaneceu firme, confiando nas promessas de Deus em cada etapa do caminho.

A palavra "telaim" (תלאים) refere-se aos cordeiros manchados ou malhados e deriva do verbo hebraico "tala" (תלה), que significa "cobrir com pedaços" ou "colorir", como se fossem pintados ou remendados. Isso traz à mente a imagem de uma obra de arte, semelhante a uma tapeçaria repleta de cores e formas diversas. No contexto de Gênesis 30:37-39, os rebanhos de Jacó, especialmente os nascidos manchados, malhados ou listrados, podem ser vistos como uma tapeçaria viva, representando fisicamente as experiências e a jornada de Jacó.

As Árvores e Cordeiros

As três árvores que Jacó utilizou – Livnê (álamo), amendoeira e plátano – estão simbolicamente ligadas aos tipos de cordeiros que nasceram em seu rebanho, cada uma refletindo aspectos de sua jornada e os desafios enfrentados.

O Livnê (álamo) está relacionado aos cordeiros nekudim (נקודים), que são salpicados ou com pontos. A conexão com o sogro de Jacó, Labão, também é evidente aqui, pois o nome de Labão significa "branco", assim como o tronco do álamo, que é branco, com folhas de dois tons. Essa dualidade de cores reflete a astúcia de Labão e os desafios que Jacó teve que superar.

A amendoeira (luz) está associada aos cordeiros akudim (עקודים), que são listrados ou atados. A amendoeira, por sua vez, está conectada a Betel, o local onde Jacó teve sua visão divina e renomeou de Luz para Betel. O nascimento de cordeiros listrados simboliza uma nova fase em sua vida e reflete as promessas de Deus, como uma marca visível de Sua aliança com Jacó.

O plátano (ermon) está ligado aos cordeiros telaim (תלאים), que são manchados ou malhados. O plátano, com sua casca que se desfaz, simboliza a astúcia e sutileza de Labão, características com as quais Jacó teve que lidar de maneira inteligente para garantir seu sucesso. A conexão entre astúcia e a imagem de desnudez está relacionada aos cordeiros de pelagem malhada, que apresentam um padrão irregular, refletindo os desafios imprevisíveis da jornada de Jacó.

Conexões entre as Árvores e a Vida de Jacó

Cada uma dessas árvores tem uma conexão profunda com a jornada de Jacó:

O Livnê (álamo) está diretamente relacionado a Labão, o sogro de Jacó, com quem ele trabalhou por muitos anos em meio a negociações e desafios constantes. A cor branca do álamo remete ao nome de Labão, simbolizando a complexidade dessa relação marcada por astúcia e superação.

A amendoeira (luz) está ligada a Betel, o local onde Jacó experimentou a presença de Deus e recebeu Suas promessas. Foi em Betel que Jacó renomeou o lugar, selando sua aliança com Deus. Como a amendoeira é a primeira árvore a florescer, ela simboliza a renovação espiritual que Jacó vivenciou após esse encontro divino.

O plátano (ermon), com sua casca que se desnuda, representa a astúcia e a vulnerabilidade que Jacó precisou mostrar ao lidar com as manobras de Labão. Assim como o plátano revela sua verdadeira essência ao perder a casca, Jacó teve que revelar sua sabedoria para enfrentar as dificuldades e sair vitorioso.

A Influência Científica: Varas e Ossos

Jacó utilizou varas de três árvores para influenciar o nascimento dos cordeiros. Essas varas foram descascadas, revelando a parte interna branca dos galhos, que pode ser comparada à medula dos ossos nos seres humanos. A medula óssea, responsável pela produção de células sanguíneas, como glóbulos vermelhos e brancos, é vital para o corpo[5]. De forma semelhante, a parte interna dos galhos simbolizava a essência da estratégia de Jacó, trazendo à tona o que era fundamental para garantir o sucesso na reprodução de seu rebanho.

Essas varas eram colocadas nas áreas onde os animais bebiam e procriavam, levando a uma interessante reflexão: Jacó estava influenciando simbolicamente a essência dos animais. Ao descascar as varas e expor sua parte branca, ele parecia manipular o interior dos rebanhos, como se estivesse afetando a natureza interna dos animais, alterando a forma como eles se reproduziam.

Além do simbolismo espiritual, é importante considerar que, cientificamente, o comportamento de Jacó pode estar relacionado a práticas rudimentares de seleção genética. Ao influenciar visualmente os animais durante o acasalamento e escolhendo cuidadosamente quais machos e fêmeas cruzariam, ele promovia características específicas a serem transmitidas às gerações futuras.

O uso das varas descascadas como um catalisador simbólico nas águas onde os animais bebiam reforça essa ideia. Assim como os ossos representam a essência ou interior do ser humano, ao expor a parte branca dos galhos, Jacó simbolicamente trabalhava com a essência genética dos rebanhos, moldando suas futuras características.

Além disso, essas três árvores têm suas próprias propriedades fitoterápicas. O álamo é conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, utilizado no tratamento de dores articulares e reumatismo[6]. A amendoeira, rica em antioxidantes, oferece benefícios para a pele e saúde cardiovascular[7]. O plátano, por sua vez, possui propriedades antissépticas e cicatrizantes, sendo usado no tratamento de feridas e infecções[8]. Esses usos fitoterápicos acrescentam uma camada de significado, simbolizando cura e renovação, elementos presentes também na jornada espiritual de Jacó.

A Sabedoria Divina e a Ciência

Ao analisar essa passagem sob as perspectivas espirituais e científicas, percebemos que Adonai, o maior cientista de todos, usou Sua sabedoria divina para guiar as ações e decisões de Jacó. O ato de descascar as varas e colocá-las nas águas é um símbolo poderoso de como a essência das coisas pode ser moldada, tanto no plano espiritual quanto no físico. Assim, Jacó não estava apenas lidando com a astúcia de Labão, mas, sob a orientação de Deus, influenciava a essência dos animais, garantindo o cumprimento das promessas divinas em sua vida.

Esses eventos revelam a soberania e o cuidado de Deus em cada detalhe, mostrando como até mesmo a ciência da criação reflete Sua profunda sabedoria. Em tudo, vemos que a inteligência de Deus permeia cada ação, conduzindo Seu povo e manifestando Sua fidelidade de maneira extraordinária.

A Análise Científica: Varas e Ossos

Jacó usou varas descascadas dessas árvores para influenciar o padrão de pelagem dos rebanhos, e esse processo pode ser entendido à luz da epigenética. Ao descascar as varas, ele expôs a parte interna branca dos galhos, que simbolicamente representa a essência dos ossos. No hebraico, a palavra "etsem" (עצם) significa tanto "osso" quanto "essência". Assim, ao expor a parte interna das varas, Jacó estava, de forma simbólica e espiritual, trabalhando com a essência dos animais.

As varas eram colocadas perto da água onde os animais bebiam e procriavam, sugerindo que a essência dessas árvores influenciava o ambiente dos animais durante a reprodução. Na epigenética, fatores ambientais, como alimentação e o ambiente em que os seres vivos estão, podem afetar a expressão de genes nas gerações seguintes[9]. Nesse contexto, a exposição das varas ao ambiente onde os animais se reproduziam poderia simbolizar a influência externa que estava moldando os padrões genéticos dos rebanhos.

O ato de Jacó não foi apenas físico, mas espiritual e simbólico, representando a maneira como ele estava moldando o futuro de seus rebanhos. A manipulação das varas funcionava como um catalisador epigenético, influenciando não diretamente o DNA dos animais, mas a expressão dos genes, transmitindo características específicas para a geração seguinte. Isso reforça a ideia de que Jacó, guiado pela sabedoria divina, estava moldando as gerações futuras por meio de uma influência cuidadosa sobre o ambiente reprodutivo dos rebanhos.

Assim como os ossos carregam a essência da vida e são fonte de regeneração no corpo, as varas descascadas simbolizavam essa mesma essência espiritual. Elas foram usadas para moldar as características dos animais, conforme o plano de Deus para Jacó. As águas, impregnadas com a "essência" dessas varas, serviram como meio de transmissão dessa influência espiritual e física para os animais, resultando em rebanhos que refletiam a intenção divina.

O uso das varas, e a conexão simbólica com os ossos e a essência, revela a sabedoria divina em ação. Jacó estava moldando a essência dos animais por meio de meios que iam além da ciência humana comum, utilizando as propriedades espirituais das árvores para garantir que as promessas de Deus se cumprissem em sua vida. Isso nos mostra que a criação de Deus opera em níveis profundos, onde o físico e o espiritual estão entrelaçados, e onde a essência de todas as coisas pode ser moldada por aqueles que seguem a sabedoria divina.

Genética e Epigenética no Rebanho de Jacó

A genética estuda como as características são transmitidas de uma geração para outra por meio dos genes. Os genes contêm informações codificadas no DNA que determinam traços físicos, como a cor dos olhos, o formato do nariz e o tipo sanguíneo. Essas informações são herdadas dos pais e avós, formando o patrimônio genético de uma pessoa ou animal[10].

Por outro lado, a epigenética examina como fatores externos – como o ambiente, o estilo de vida e o comportamento – podem influenciar a expressão dos genes sem alterar a sequência do DNA. A epigenética analisa como certos genes podem ser ativados ou desativados em resposta a esses fatores[11]. Mesmo que dois irmãos compartilhem o mesmo DNA, suas respostas fisiológicas podem variar com base no ambiente, nas experiências de vida e até na alimentação[12].

Um aspecto central da epigenética é que, embora não altere o DNA em si, ela influencia como o corpo utiliza essa informação genética. O estilo de vida de uma pessoa pode afetar a expressão de certos genes, impactando a saúde de maneira positiva ou negativa.

Como Genética e Epigenética Atuam no Rebanho de Jacó?

No contexto de Gênesis 30:37-39, Jacó usou varas descascadas de álamo, amendoeira e plátano para influenciar a aparência e fertilidade de seus rebanhos. Esse ato pode ser entendido tanto sob a perspectiva da genética quanto da epigenética. Jacó, possivelmente sem saber, pode ter manipulado fatores ambientais que influenciaram a expressão dos genes dos animais, moldando suas características sem alterar diretamente sua estrutura genética, mas utilizando o ambiente para favorecer certos resultados.

A genética no rebanho de Jacó está relacionada à herança de características visíveis, como a cor da pelagem. Cada animal carrega genes que determinam se sua pelagem será sólida ou manchada. Esses genes são herdados dos pais e podem ser transmitidos para as próximas gerações. Em alguns casos, mesmo que um animal tenha genes para uma pelagem de cor sólida, ele pode carregar genes recessivos para pelagens manchadas, que podem se manifestar em seus descendentes[13].

Ao beber das águas que continham as essências dessas varas, o rebanho poderia ter sido epigeneticamente influenciado, resultando em crias mais saudáveis e numerosas. Isso demonstra como fatores ambientais – como a alimentação e a exposição a certas substâncias – podem influenciar a saúde e a expressão dos genes nos animais, mesmo que a sequência do DNA permaneça a mesma.

 

Estratégia de Jacó e a Influência Epigenética

Em Gênesis 30:41-42, vemos Jacó utilizando uma técnica peculiar: ele colocava varas descascadas na frente dos animais mais fortes durante a reprodução. Isso pode ser interpretado como uma estratégia para garantir que os animais mais saudáveis e robustos gerassem crias igualmente fortes, influenciando a qualidade genética da linhagem. No entanto, ao observarmos esse ato sob a ótica da epigenética, percebemos que ele não só visava a genética tradicional, mas também a expressão dos genes.

Os animais no rebanho de Jacó poderiam ter herdado genes que determinavam uma pelagem sólida ou manchada. No entanto, a epigenética – que estuda como fatores ambientais influenciam a ativação ou desativação dos genes – sugere que a manifestação desses genes poderia ser alterada por estímulos externos, como as varas descascadas. Mesmo que o gene para uma pelagem sólida estivesse presente, fatores epigenéticos poderiam ter influenciado a expressão desse gene, resultando no nascimento de crias com pelagem manchada, listrada ou pintada. Assim, as varas descascadas podem ter funcionado como um estímulo epigenético, modulando a expressão dos genes relacionados à pelagem dos animais.

Os Benefícios Potenciais da Metodologia de Jacó

A metodologia utilizada por Jacó, possivelmente inspirada por Deus ou baseada em algum conhecimento ancestral de fitoterapia, parece ter oferecido benefícios reais para o rebanho. Além de garantir uma reprodução mais fértil, o uso de varas de árvores específicas pode ter contribuído para a saúde geral dos animais. Há evidências que sugerem que substâncias presentes nas árvores, como o álamo, a amendoeira e o plátano, têm propriedades medicinais. Essas substâncias poderiam ter fortalecido os animais, prevenido doenças e melhorado sua capacidade de reprodução.

Portanto, a influência das varas nas águas onde os animais bebiam pode não ter sido apenas um ato simbólico ou espiritual, mas também pode ter tido uma base científica. Estudos modernos sugerem que certos compostos presentes nessas árvores têm propriedades que promovem a saúde e aumentam a taxa reprodutiva. A estratégia de Jacó, então, ofereceu uma vantagem tanto genética quanto epigenética, resultando em animais mais saudáveis e com padrões de pelagem diversificados.

Genética e Epigenética no Rebanho de Jacó

O sucesso da estratégia de Jacó pode ser explicado pela interação entre genética e epigenética. Geneticamente, os animais herdaram características visíveis, como a cor da pelagem, por meio da combinação dos genes dos pais. No entanto, a epigenética entra em cena ao considerar os fatores ambientais, como a exposição às essências das varas nas águas, que influenciaram a expressão desses genes. Esse processo epigenético pode ter sido responsável pela variedade nas pelagens dos animais, ao ativar ou desativar certos genes que já estavam presentes.

Além disso, o ambiente cuidadosamente controlado por Jacó, aliado ao uso de substâncias naturais, pode ter melhorado a saúde e fertilidade dos animais. O rebanho, portanto, se beneficiou tanto de uma herança genética favorável quanto de fatores epigenéticos que melhoraram a qualidade e o número de crias. Essa combinação de ciência divina e compreensão da natureza mostra que a estratégia de Jacó não foi apenas intuitiva, mas profundamente eficaz, proporcionando resultados notáveis em sua criação de rebanhos

 

A Metodologia de Jacó e a Providência Divina

A questão de saber se a metodologia de Jacó funcionaria sem a intervenção divina é intrigante. O uso das varas descascadas, juntamente com seu conhecimento sobre a criação de rebanhos, pode sugerir uma compreensão rudimentar de fitoterapia, epigenética e genética. No entanto, a multiplicação extraordinária de animais com os padrões de pelagem desejados por Jacó parece transcender o conhecimento natural disponível na época.

A Bíblia deixa claro que a intervenção direta de Deus foi essencial para o sucesso da estratégia de Jacó. Embora as varas de álamo, amendoeira e plátano pudessem ter propriedades fitoterápicas que influenciavam a saúde e fertilidade dos animais, os resultados impressionantes – com crias nascendo exatamente conforme os padrões que Jacó desejava – indicam que Adonai estava conduzindo todo o processo.

Deus, em Sua providência, pode ter permitido que Jacó usasse meios naturais – ou seja, seu conhecimento limitado sobre plantas e o comportamento animal – como parte do plano divino. No entanto, a rapidez e a magnitude do sucesso de Jacó, com rebanhos saudáveis e numerosos, apontam claramente para a mão de Deus guiando tudo. Jacó, como servo de Deus, estava sob Sua proteção, e o Senhor usou o conhecimento e os esforços de Jacó para garantir o cumprimento das promessas divinas feitas a ele.

Essa combinação de intervenção divina e o uso de meios naturais demonstra como Deus frequentemente age através das circunstâncias e habilidades humanas para manifestar Sua vontade. No caso de Jacó, Deus não apenas abençoou seu trabalho, mas também mostrou que, quando confiamos n'Ele, o sucesso transcende os limites do conhecimento e das habilidades humanas.

 

Curiosamente, estudos botânicos e farmacológicos modernos mostram que as árvores que Jacó utilizou – álamo, amendoeira e plátano – possuem propriedades medicinais. Essas plantas são conhecidas por seus efeitos positivos na saúde reprodutiva, na imunidade e no sistema digestivo dos animais, o que poderia realmente ter contribuído para a melhoria da saúde geral do rebanho e aumentado as chances de reprodução.

No entanto, é importante destacar que, embora essas árvores tenham benefícios conhecidos, a forma milagrosa como os padrões de pelagem surgiram – exatamente como Jacó desejou – vai além do que as plantas, por si só, poderiam explicar. Isso reforça que, embora Deus tenha utilizado meios naturais, o verdadeiro poder por trás da multiplicação dos rebanhos estava em Suas mãos. A intervenção divina foi o fator determinante para o sucesso de Jacó.

 

Jacó Sabia o que Estava Fazendo?

É incerto se Jacó entendia completamente o que estava fazendo ou se ele estava simplesmente seguindo uma prática tradicional ou uma inspiração divina. A Bíblia não nos dá detalhes sobre o nível de conhecimento científico de Jacó, mas uma coisa é clara: apenas com a permissão e intervenção de Deus os rebanhos poderiam ter produzido crias com os padrões desejados, como vemos em Gênesis 31:10-12, onde Deus revela a Jacó em sonho como os machos estavam acasalando e gerando crias manchadas.

A Exposição da Essência (Etsem)

Quando Jacó descascou as varas (em hebraico *patsal*), ele expôs o branco interior dos galhos, a essência (*etsem*) dessas árvores. Assim como os ossos representam a essência do ser humano, os galhos descascados simbolizavam a essência física e espiritual das árvores.

Essa ação representava a influência da essência das plantas sobre os animais que bebiam a água. Ao descascar e expor a parte interna dos galhos, Jacó estava simbolicamente liberando a força vital dessas árvores, utilizando esse poder para influenciar o ciclo reprodutivo dos animais.

 

Geneticistas afirmam que a nutrição pré-natal pode afetar o gene *agouti*, responsável por regular a cor do pelo em ovelhas e camundongos[14]. Curiosamente, os fungos presentes na casca de árvores como o álamo e a amendoeira poderiam produzir produtos químicos que fornecem os aminoácidos exatos para criar alterações na cor do pelo, sem alterar diretamente o DNA dos animais.

Providência Divina Guiada pelos Meios Naturais

A história de Jacó revela a impressionante interação entre os meios naturais e a intervenção divina. Embora as árvores que Jacó usou possuíssem propriedades medicinais que poderiam ter influenciado positivamente a reprodução do rebanho, foi Deus quem direcionou todo o processo para que os resultados fossem extraordinários.

Jacó pode não ter compreendido totalmente o impacto de suas ações, mas Deus estava no controle, utilizando meios simples para cumprir Seus propósitos. O uso das varas descascadas, expondo a essência das árvores, e o fato de os animais acasalarem enquanto bebiam das águas ilustram como Deus pode transformar ações aparentemente comuns em instrumentos poderosos para realizar Suas promessas.

 



[1] ROGERS, David L.; MCLELLAN, Michael. Populus alba L. In: CABI Invasive Species Compendium. CABI, 2023. Disponível em: https://www.cabi.org/isc/datasheet/43927. Acesso em: 02 out. 2024.

[2] ZOHARY, Daniel; HOPF, Maria. Domestication of Plants in the Old World: The origin and spread of domesticated plants in Southwest Asia, Europe, and the Mediterranean Basin. 3. ed. Oxford: Oxford University Press, 2000. p. 142.

[3] MORTON, Julia F. Fruits of Warm Climates. Miami: JF Morton, 1987. Disponível em: https://hort.purdue.edu/newcrop/morton/almond.html. Acesso em: 02 out. 2024.

[4] BONNER, Franklin T.; KARRFALT, Robert P. The Woody Plant Seed Manual. Washington, DC: United States Department of Agriculture, 2008. p. 812-813. Disponível em: https://www.fs.usda.gov/treesearch/pubs/17290. Acesso em: 02 out. 2024.

[5] HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Essential Haematology. 7th ed. Hoboken: Wiley-Blackwell, 2016. p. 32-35.

[6] ESCOP Monographs. European Scientific Cooperative on Phytotherapy (ESCOP) Monographs: The Scientific Foundation for Herbal Medicinal Products. 2nd ed. Stuttgart: Thieme, 2003. p. 515-517.

[7] BOLTON-SMITH, C.; WOODWARD, M.; TUNSTALL-PEDOE, H. The potential use of almonds in the prevention of cardiovascular disease: A review of the literature. Journal of Nutrition, v. 132, n. 4, p. 1093-1097, 2002.

[8] TILDEN, Mark W. Plantains: Medicinal Uses and Traditional Practices. Journal of Herbal Medicine, v. 2, n. 1, p. 34-39, 2015.

[9] JIRTLE, Randy L.; SKINNER, Michael K. Environmental epigenomics and disease susceptibility. Nature Reviews Genetics, v. 8, p. 253-262, 2007. DOI: 10.1038/nrg2045.

[10] GRIFFITHS, Anthony J.F.; GELBART, William M.; LEWONTIN, Richard C.; MILLER, Jeffrey H. Introduction to Genetic Analysis. 9th ed. New York: W. H. Freeman, 2008.

[11] FEIL, Robert; FRAGA, Mario F. Epigenetics and the environment: emerging patterns and implications. Nature Reviews Genetics, v. 13, p. 97-109, 2012.

[12] JIRTLE, Randy L.; SKINNER, Michael K. Environmental epigenomics and disease susceptibility. Nature Reviews Genetics, v. 8, p. 253-262, 2007.

[13] SACKS, Benjamin N.; BEAUMONT, Mark. Genetic Basis of Coat Color Variation in Mammals. Annual Review of Genetics, v. 42, p. 457-486, 2008.

[14] DOLINOY, Dana C.; WEAVER, Icahn C.G.; JIRTLE, Randy L. Maternal nutrition alters the epigenetic establishment and transcriptional activity of the agouti gene in offspring. Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), v. 104, n. 13, p. 5441-5446, 2007.

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