“Ainda Sou Eu?” — Quando o Espelho Não Nos Reconhece, Mas Deus Ainda Nos Chama Pelo Nome
“Mesmo na velhice darão fruto; serão viçosos e florescentes.”
(Salmo 92:14 – ARC)
Essa noite, tive um sonho. Estava em um acampamento de igreja, no último dia. O ambiente era de juventude e descontração — praia, moças se preparando com biquínis, expectativa de aproveitar o pouco que restava daquele retiro. Mas o dia estava cinzento. O ar era frio. E eu, envolta naquele cenário, pensei: “Preciso aproveitar… Vim até a praia e nem pisei na areia.”
Coloquei um maiô discreto e, de repente, dentro do próprio sonho, me questionei: Quantos anos eu tenho mesmo? Me confundi. Primeiro pensei em 40. Depois lembrei do meu marido e fiz as contas. Me dei conta: tenho 64 anos!
Olhei para o meu corpo no sonho e não me reconheci. Acordei em choque, como se minha idade tivesse me surpreendido — como se eu estivesse conhecendo uma parte de mim que eu mesma tinha esquecido.
Quando a alma envelhece mais devagar que o corpo
Acordei com uma pergunta ecoando dentro de mim:
Ainda sou eu?
Essa pergunta, embora pareça simples, carrega um grito que muitas mulheres silenciam: o grito de quem amadureceu por fora, mas ainda guarda dentro de si aquela menina que queria brincar na areia.
A juventude vai embora do corpo muito antes de deixar a alma. Nós ainda sonhamos, ainda sentimos, ainda queremos dançar com leveza. Mas o espelho, os exames médicos e os limites diários parecem nos lembrar: "o tempo passou".
É nesse ponto que muitas se perdem — entre a identidade de ontem, o corpo de hoje e o propósito do agora.
O tempo nos surpreende, mas não surpreende a Deus
Talvez o que me assustou no sonho não foi a idade em si, mas o que ela representa: o fim de uma fase que já não volta, a percepção do tempo que voa, e a dúvida se ainda há lugar para mim no que está por vir.
Mas a verdade bíblica que ecoa, mesmo em meio a esse turbilhão, é que Deus não trabalha com aposentadorias espirituais.
Ele disse:
“Até à vossa velhice eu serei o mesmo, e ainda até às cãs eu vos carregarei.”
(Isaías 46:4 – ARC)
Ele não se espanta com os nossos anos. Para Ele, cada estação traz um tipo de fruto — e os frutos da maturidade são mais doces, mais densos, mais profundos.
O corpo muda, mas o valor permanece
Em tempos em que o culto à juventude domina até os púlpitos, envelhecer parece um castigo. Mas a Bíblia vê o corpo como templo — mesmo quando esse templo está em reforma.
A beleza não está mais nas curvas, mas nos contornos da fé. A força não está nos músculos, mas na resistência da alma. A sensualidade dá lugar à sensatez. E o aplauso dos homens é trocado pelo sorriso de Deus.
Se o corpo te parece estranho hoje, abrace-o com compaixão. Ele está mais frágil, sim — mas também mais sagrado.
Identidade não se perde: se aprofunda
O sonho me fez lembrar de algo essencial: nós não somos apenas o que fazemos, nem o que aparentamos. Somos filhas do Deus eterno.
O tempo pode apagar nossas pegadas, mas Deus ainda nos chama pelo nome. Ele nos viu no útero e nos sustenta na velhice.
O que muda não é nossa essência, mas nossa forma de servi-Lo. Antes corríamos. Agora, talvez, caminhemos devagar. Antes falávamos em voz alta. Agora, oramos no silêncio. Mas o Reino precisa de intercessoras, conselheiras, guardiãs da fé. E isso nenhuma idade nos tira.
Conclusão: abrace-se com fé
Esse sonho não veio para me envergonhar. Veio para me lembrar de que não sou criança, mas ainda posso ser leve. Não sou jovem, mas ainda posso florescer. E, sobretudo: sou amada por Deus — ontem, hoje e até o último dia.
Se você também tem se olhado no espelho e se sentido uma estranha em seu próprio corpo, saiba: você ainda é você. E Deus ainda é Deus.
E Ele ainda tem planos.
Perguntas para Meditação:
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Você ainda se reconhece na mulher que se tornou?
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Em quais áreas precisa reconciliar corpo, alma e identidade?
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O que você precisa deixar ir… e o que Deus quer que você abrace nesta fase?
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