Café com o Diabo ou Cruz com o Senhor?


Uma reflexão a partir de Lucas 23:39

Em Lucas 23:39, somos colocados diante de uma das cenas mais profundas e desconcertantes das Escrituras: três cruzes, três homens, dois destinos eternos definidos em poucas palavras. Ali não há tempo para discursos longos, nem para performances religiosas. Há apenas verdade, revelação do coração e a resposta final à pessoa de Cristo.

A cruz não é um lugar neutro. Ela sempre revela com quem estamos.

Dois ladrões, dois corações

Os dois homens crucificados ao lado de Jesus eram semelhantes em condição externa: criminosos, condenados, sem futuro humano. Ambos estavam no último momento da vida. Contudo, internamente, eram completamente diferentes.

Um deles reage com raiva, escárnio e desprezo. Mesmo diante da morte, seu coração continua endurecido. Ele vê Jesus, mas não O reconhece. Sua dor não o conduz ao arrependimento, apenas ao cinismo. É o retrato do coração humano que sofre, mas não se rende.

O outro ladrão, embora igualmente culpado, reage de forma oposta. Ele reconhece o próprio pecado, reconhece a justiça da sua condenação e, sobretudo, reconhece quem Jesus é. Não pede explicações, não negocia méritos, não apresenta obras. Apenas confia.

Aqui aprendemos uma lição essencial: não é o sofrimento que transforma o coração, mas a humildade diante da verdade.

Não subestime um coração humano que odeia

Há uma frase que precisa ser guardada com temor: não substitua um coração humano que odeia por Deus. O ódio, o orgulho e a resistência espiritual podem coexistir com dor, religião e até proximidade física com Jesus. Um dos ladrões estava ao lado do Salvador, mas distante da salvação.

Apocalipse 6:16 nos lembra que, no fim, muitos tentarão fugir da presença de Deus em vez de correr para Ele. A proximidade externa não garante rendição interna.

A pergunta que a cruz nos faz é direta: quem está ao seu lado no último momento? E mais profunda ainda: de que lado do coração você estará?

Cristo escolhe a companhia de pecadores indignos

Jesus poderia ter morrido entre soldados romanos, sacerdotes arrependidos ou discípulos fiéis. Mas escolheu morrer entre pecadores declarados. Não heróis, não líderes, não profetas. Um criminoso.

Isso nos confronta profundamente. Por que ele? Por que não alguém “melhor”? A resposta é simples e gloriosa: graça.

O ladrão não pediu para estar ali. Não orou uma vida inteira. Não teve histórico religioso. Passou a vida errando. Mesmo assim, tornou-se o primeiro homem a entrar no paraíso com Cristo após a cruz. Isso não diminui a santidade de Deus; revela a profundidade da Sua misericórdia.

Se há esperança para aquele homem, há esperança para nós.

Fé simples, sem títulos e sem obras

O segundo ladrão não teve tempo para corrigir o passado, reparar danos ou provar mudança de comportamento. Sua fé foi simples, direta e verdadeira. Ele creu.

As Escrituras confirmam isso com clareza:
“Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo” (Gálatas 2:16).
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé… não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8–9).
“Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia” (Tito 3:5).

As obras são consequência da fé, não sua causa. Na cruz, isso fica incontestável.

A promessa que sustenta: hoje estarás comigo

Cristo não oferece garantias humanas ou discursos religiosos vazios. Ele oferece algo infinitamente maior: “Hoje estarás comigo no paraíso.”

Não é uma promessa distante, nem simbólica. É pessoal. É imediata. É eterna.

O céu não está tão longe quanto pensamos. As lutas presentes são pequenas diante da glória futura. Muitas vezes nos perguntamos por que Deus não nos levou no dia da nossa conversão, no dia do batismo ou logo após um grande encontro espiritual. A resposta é clara: ainda há propósito.

Enquanto estamos aqui, Ele nos prepara e nos usa.

Estar pronto hoje

A fé cristã sempre ensinou que devemos viver prontos hoje, como se fosse o último dia. Não por medo, mas por consciência eterna. Se Deus ainda não nos levou, é porque ainda há vidas a alcançar, palavras a anunciar e testemunho a viver.

Cristo nos mantém vivos não por acaso, mas por missão.

Conclusão

A cruz continua nos perguntando: café com o diabo ou cruz com o Senhor? Zombaria ou arrependimento? Orgulho ou fé simples?

O amor de Cristo está exposto ali, sem maquiagem, sem atalhos. Ele ainda chama pecadores, ainda perdoa, ainda promete vida eterna.

Que hoje possamos ver esse amor, nos render a ele e receber a libertação que só a cruz pode oferecer.

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