Por que Deus me escolheu?

 


Uma meditação sobre a eleição divina e seu propósito eterno

Introdução
A pergunta “Por que Deus me escolheu?” habita no coração de todo cristão que já foi confrontado com a graça. Ela não nasce da arrogância, mas da humildade de quem sabe que não tem em si mesmo nada que justificasse tão grande privilégio. Por que o Deus eterno, santo e soberano, voltaria Seus olhos para mim? A resposta não está no homem, mas em Deus. Este artigo propõe um retorno à doutrina bíblica da eleição, não como um conceito frio, mas como um convite à adoração, responsabilidade e transformação.

1. A eleição começa em Deus, não em nós

“Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo...” (Efésios 1:4a)

O ponto de partida para entender a escolha de Deus não é o comportamento humano, mas o caráter divino. Efésios 1:4 afirma com clareza que Deus nos elegeu em Cristo antes da fundação do mundo. Isso nos tira do centro e nos coloca no lugar certo: dependentes da vontade graciosa d’Aquele que tudo criou.

Não fomos escolhidos porque seríamos bons, úteis ou obedientes. Fomos escolhidos por causa do amor e da vontade soberana de Deus (Ef 1:5). É uma eleição “segundo o beneplácito da Sua vontade”, ou seja, um prazer divino, não uma resposta humana.

2. Deus nos escolheu para sermos santos e irrepreensíveis

“...para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor.” (Efésios 1:4b)

A eleição divina não é uma promessa de conforto terreno ou isenção de tribulações. É, antes, um chamado à santidade e integridade diante de Deus. Fomos separados do mundo para pertencermos a Deus. A santidade, portanto, não é um adorno opcional na vida cristã. É o objetivo da eleição.

É aqui que muitas vezes a teologia moderna se distancia da tradição bíblica: substitui-se a santidade por relevância cultural, e o temor de Deus por aceitação humana. Mas os verdadeiros escolhidos se distinguem não por serem populares, mas por serem santos.

3. Fomos escolhidos para glorificar a Deus neste mundo

“...para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1 Pedro 2:9)

Deus nos escolheu para um propósito missionário: anunciar Suas virtudes. A eleição não é um fim, mas um meio pelo qual Deus manifesta Sua glória na terra. O cristão não é um espectador da graça, mas uma testemunha viva dela.

Essa escolha implica responsabilidade: representar a santidade de Deus em um mundo caído. Ser um “sacerdócio real” e uma “nação santa” significa viver de forma distinta, como luz que brilha nas trevas, sem se conformar ao século presente.

4. A eleição é fundamentada na graça, não no mérito

“Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós...” (João 15:16a)

Jesus deixa claro: não fomos nós que O escolhemos, mas Ele nos escolheu. Isso desmonta qualquer tentação de vanglória espiritual. Deus não escolhe os fortes, os capazes ou os merecedores. Ele escolhe os fracos para confundir os fortes, os loucos para confundir os sábios, e os pequenos para manifestar Sua grandeza (1 Coríntios 1:27-29).

A graça é escandalosa exatamente por isso: ela nos encontra onde não merecemos e nos transforma em instrumentos de glória. E quanto mais conscientes disso estamos, mais humildes nos tornamos.

5. Os escolhidos frutificam com permanência

“...e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça...” (João 15:16b)

A escolha divina é produtiva. Ela gera frutos. O crente eleito não vive uma fé estéril, mas frutífera — no caráter, nos relacionamentos, no testemunho e na obediência. O fruto é prova da permanência na videira verdadeira, que é Cristo (João 15:5).

Fruto que permanece é diferente de fruto emocional, superficial ou ocasional. Ele resiste ao tempo, à perseguição e à crise. O verdadeiro eleito persevera. Mesmo caindo, levanta-se. Mesmo sendo provado, amadurece.

6. A eleição nos fortalece nas tribulações

“Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.” (Romanos 8:37)

A eleição não nos exime de lutas, mas nos assegura vitória nelas. Somos mais do que vencedores porque fomos amados e escolhidos. E Paulo, no mesmo capítulo, declara que “os que dantes conheceu, também os predestinou...” (Rm 8:29). Nada pode separar os escolhidos do amor de Deus — nem a morte, nem a vida, nem os poderes deste século.

Essa segurança espiritual não é pretexto para comodismo, mas combustível para fidelidade. O eleito caminha com esperança, mesmo em meio ao vale.

7. Deus nos escolheu para sermos como Jesus

“...para serem conformes à imagem de seu Filho...” (Romanos 8:29)

Este é o ápice da eleição: sermos moldados à imagem do Filho. Deus não quer apenas nos levar ao céu, mas nos fazer semelhantes a Cristo aqui e agora. Isso é santificação: um processo em que o Espírito esculpe em nós o caráter de Jesus.

A eleição é uma escolha com destino. E o destino é Cristo em nós, esperança da glória (Colossenses 1:27). Cada dor, cada luta, cada vitória — tudo coopera para esse propósito maior.

Conclusão: A escolha que transforma

Ser escolhido por Deus é um mistério glorioso e uma responsabilidade santa. Não fomos escolhidos para viver como filhos mimados, mas como servos fiéis. Não fomos chamados para acumular bênçãos terrenas, mas para refletir a imagem do céu. A verdadeira eleição sempre conduz à transformação.

Se você tem dúvidas sobre sua salvação, olhe para Cristo. Se você tem certeza de que foi escolhido, viva como alguém separado para Ele. Deus não escolheu você por acaso. Ele tem um plano, um propósito e um lugar para sua vida — e tudo isso começa e termina n’Ele.

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