Mulheres estrangeiras no período pré exílio biblico
A mulher estrangeira como sinal de fé e acolhimento no Antigo Testamento e como elas eram vistas
Introdução
Antes do exílio babilônico (586 a.C.), a história de Israel foi marcada por contatos constantes com nações vizinhas. Havia guerras, alianças, comércio e também casamentos mistos. Em meio a esse cenário, algumas mulheres estrangeiras se destacaram nas páginas da Bíblia. Apesar de virem de povos muitas vezes hostis a Israel, elas foram retratadas de forma positiva, como símbolos de fé, coragem, hospitalidade e, em alguns casos, inseridas na genealogia messiânica.
Isso mostra que o Deus de Israel não estava restrito a uma só nação, mas abria espaço para todo aquele que se aproximasse d’Ele em fé, preparando o caminho para a bênção prometida a todas as famílias da terra (Gn 12.3).
Rute – a moabita fiel
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Origem: Moabe, povo frequentemente em conflito com Israel (Nm 25.1-3).
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História: Viúva de Malom, Rute poderia ter retornado para sua terra e seus deuses, mas escolheu acompanhar Noemi, sua sogra, e confiar no Senhor de Israel.
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Relevância: Tornou-se esposa de Boaz e bisavó do rei Davi, fazendo parte da genealogia messiânica de Jesus (Mt 1.5).
📖 Rute 1.16 (ARA): “Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe... o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.”
Raabe – a cananeia acolhedora
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Origem: Canaã, cidade de Jericó.
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História: Prostituta que acolheu os espias enviados por Josué, arriscando sua vida em favor deles.
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Relevância: É lembrada no Novo Testamento como exemplo de fé e de obras (Hb 11.31; Tg 2.25). Sua confiança no Deus de Israel lhe garantiu salvação e integração ao povo.
📖 Josué 6.25 (ARA): “Assim, Raabe, a prostituta, e a casa de seu pai, e tudo quanto tinha, Josué poupou; e habitou no meio de Israel até ao dia de hoje...”
Tamar – a cananeia corajosa
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Origem: Canaã.
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História: Viúva de Er e Onã, filhos de Judá, foi deixada sem descendência, situação de desonra na época. Usou de astúcia para gerar descendência diretamente com Judá.
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Relevância: Tornou-se ancestral de Davi e, portanto, de Jesus Cristo (Mt 1.3). Sua história evidencia o valor da preservação da linhagem da promessa.
📖 Gênesis 38.26 (ARA): “Reconheceu Judá e disse: Mais justa é ela do que eu...”
Agar – a egípcia que encontrou o Deus que vê
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Origem: Egito.
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História: Serva de Sara, tornou-se mãe de Ismael. Expulsa e desamparada no deserto, recebeu a visita do anjo do Senhor.
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Relevância: Foi a primeira pessoa na Bíblia a nomear Deus, chamando-o de El-Roi – “O Deus que me vê” (Gn 16.13). Mostra que o Senhor ouve também o clamor do estrangeiro e do oprimido.
📖 Gênesis 16.13 (ARA): “Então, ela invocou o nome do Senhor, que lhe falava: Tu és Deus que vê...”
Azenate – a egípcia mãe de tribos de Israel
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Origem: Egito.
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História: Filha de Potífera, sacerdote de Om, foi dada por esposa a José no Egito.
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Relevância: Tornou-se mãe de Manassés e Efraim, que foram abençoados por Jacó e se tornaram tribos de Israel (Gn 48). Isso demonstra a inclusão de sangue estrangeiro entre as doze tribos.
📖 Gênesis 41.45 (ARA): “Deu-lhe por mulher a Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.”
Séfora – a midianita protetora
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Origem: Midiã.
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História: Filha de Jetro, sacerdote de Midiã, casou-se com Moisés durante seu exílio do Egito. Num episódio marcante, interveio em favor do marido ao circuncidar seu filho, aplacando a ira divina.
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Relevância: Representa a cooperação dos povos estrangeiros na missão de Israel e mostra a importância das mulheres na preservação da aliança.
📖 Êxodo 2.21 (ARA): “Moisés consentiu em morar com aquele homem; e ele deu a Moisés sua filha Séfora.”
Maacá – a amonita ligada à realeza
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Origem: Amon.
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História: Uma das esposas estrangeiras de Salomão, foi mãe de Roboão, que sucedeu o pai no trono de Judá.
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Relevância: Sua presença na genealogia real mostra como alianças políticas com nações vizinhas trouxeram influências estrangeiras para Israel, algumas delas positivas, mas outras negativas, pois abriram brechas para práticas idólatras.
📖 1 Reis 14.21 (ARA): “Roboão, filho de Salomão, reinou em Judá; tinha Roboão quarenta e um anos quando começou a reinar... Sua mãe se chamava Naamá, a amonita.”
Considerações finais do período pré-exílio
O período pré-exílico revela que mulheres estrangeiras tiveram papel fundamental na história de Israel. Umas, como Rute, Raabe, Tamar, Agar, Azenate e Séfora, se tornaram símbolos de fé, coragem e acolhimento. Outras, como Maacá, lembram os riscos das alianças feitas com povos que não seguiam o Senhor.
Em todas essas narrativas, Deus demonstra que sua graça não está limitada a uma só nação. A presença dessas mulheres já apontava para o propósito universal do plano divino: a inclusão de todos os povos no projeto de salvação, cumprido plenamente em Cristo.
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