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Mostrando postagens de dezembro 23, 2025

Os Reis Magos que Visitaram Jesus

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A narrativa do nascimento de Jesus, como muitas vezes é contada, acabou se tornando simples demais. Fala-se com naturalidade de três reis sábios ajoelhados diante de um bebê numa manjedoura, mas o evangelho de Mateus conduz o leitor por um caminho muito mais profundo, cheio de ecos das Escrituras e de ironias teológicas cuidadosamente construídas. Mateus não informa quantos visitantes vieram do Oriente. O número três surge apenas a partir dos presentes oferecidos, não do texto em si. Também não há qualquer referência à manjedoura em seu relato — esse detalhe pertence ao evangelho de Lucas. No evangelho de Lucas, a palavra traduzida por manjedoura é o termo grego phatnē (φάτνη), que designa, de forma simples e direta, um cocho ou recipiente usado para alimentar animais. Não se trata de um berço simbólico ou ornamentado, mas de um objeto comum, funcional, associado ao cuidado diário e à subsistência básica. No mundo antigo, a phatnē era parte do ambiente mais humilde da casa ou do est...

O Sinal da Contradição

  O nascimento de Cristo nunca foi neutro. Ele veio como sinal de contradição, dividindo corações e revelando escolhas entre aceitação e rejeição. Nem todos acolheram sua chegada; alguns resistiram, temendo perder controle, poder ou conforto. O Natal, portanto, confronta cada indivíduo e cada comunidade: onde estamos diante desse sinal? Aceitamos, resistimos ou apenas fingimos participação sem compromisso? Essa contradição se manifesta nas decisões cotidianas. Muitos professam fé, mas suas atitudes, prioridades e comportamentos mostram resistência à autoridade de Deus. O Natal, quando entendido de forma profunda, denuncia essa inconsistência. Ele provoca reflexão: estamos vivendo coerentemente ou apenas mantendo aparência religiosa? Cristo exige decisão, confronta escolhas e revela quem realmente ocupa o centro de nossas vidas. A polaridade do Natal também desafia relacionamentos. Quem segue a luz inevitavelmente contrasta com quem prefere trevas, criando tensão, divisão e, às v...

Especial Natal: Natal: Entre a História, a Fé e os Mitos que se Criaram

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  Poucos temas geram tantas discussões quanto o Natal. Ao longo dos anos, surgiram perguntas insistentes: essa celebração é bíblica? Tem raízes pagãs? A data escolhida é correta? Para responder com maturidade, é necessário ir além de slogans e investigar a história com seriedade — como sempre foi feito pela fé que valoriza verdade e discernimento. As Escrituras não registram nenhuma ordem divina para celebrar o nascimento de Jesus, nem indicam uma data exata para esse acontecimento. Esse silêncio bíblico contrasta fortemente com o cuidado detalhado dos Evangelhos ao relatar a morte de Cristo. O foco inicial da fé cristã não estava no nascimento, mas na cruz e na ressurreição. Nos primeiros séculos, os cristãos sequer demonstravam interesse em celebrar aniversários. Esse costume era associado à cultura romana e visto com desconfiança, por carregar práticas claramente pagãs. Durante muito tempo, a igreja se manteve distante desse tipo de comemoração, preferindo uma fé marcada pela si...