Quando a Razão Encontra o Cuidado
Nossa civilização ocidental foi erguida sobre pilares que, em grande medida, refletem valores associados ao masculino: objetividade, razão, poder, eficiência, competitividade e rivalidade. Esses elementos, quando bem direcionados, geraram avanços notáveis na ciência, na tecnologia e na organização social. Entretanto, quando isolados de sua contraparte, acabaram produzindo um mundo funcional, mas muitas vezes frio, onde a pessoa é reduzida a um número, a um recurso ou a uma coisa. Assim, ao mesmo tempo em que contemplamos o impressionante progresso material, testemunhamos também a degradação da qualidade de vida, a solidão, a ansiedade e a perda do sentido profundo da existência.
Desde o princípio, Deus não criou o homem para viver nem governar sozinho. “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2:18) — essa palavra não diz apenas respeito ao casamento, mas à necessidade do complemento feminino na própria estrutura da humanidade. O homem, por sua inclinação, volta-se para as coisas; a mulher, por sua vocação, volta-se para as pessoas. Enquanto o homem constrói, a mulher humaniza. Enquanto o homem projeta máquinas perfeitas, a mulher recorda que a vida não pode ser reduzida a engrenagens.
A Bíblia revela que, em Cristo, o verdadeiro sentido da vida não está na obra das mãos humanas, mas no amor que se doa. Jesus não veio para competir, mas para servir; não veio para coisificar, mas para restaurar pessoas. É nesse espírito que a mulher tem uma missão singular dentro da civilização: ser instrumento de cura para o mal-estar da modernidade, trazendo aquilo que falta ao mundo — o sentido da pessoa.
O apóstolo Paulo descreve a Igreja como “coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3:15). Ora, a Igreja, no feminino, representa a noiva de Cristo, aquela que guarda, cuida, intercede e aponta para a dimensão eterna da vida. Assim também a mulher, imagem viva da sensibilidade da Igreja, é chamada a testemunhar em meio ao mundo que eficiência sem amor é vazio (1Co 13:1-3), e que progresso sem compaixão se torna opressão.
Portanto, a missão da mulher cristã na civilização é encarnar e manifestar o coração de Deus em meio a um mundo marcado pela razão fria. Seu papel é lembrar que o maior mandamento não é construir torres mais altas, mas amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Mt 22:37-39). Quando a mulher contribui com sua vocação de cuidado, acolhimento e intuição espiritual, ela não apenas complementa o homem, mas o corrige, redireciona e cura a sociedade, conduzindo-a de volta ao propósito original de Deus: uma vida centrada na dignidade da pessoa, feita à imagem e semelhança do Criador.
Assim, enquanto o homem ergue as estruturas, a mulher chama a atenção para o essencial: que tudo deve existir para a glória de Deus e para o bem das pessoas que Ele ama.
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