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Ser sóbrio não é uma escolha: é ordem do Altíssimo

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Assim diz o Senhor: “O fim de todas as coisas está próximo (קֵץ כָּל־הַדְּבָרִים – qets kol-had’varim ); portanto, sede sóbrios (νήφω – nēphō ), e vigiai na oração (προσευχή – proseuchē ).” (1 Pedro 4:7) A mente sóbria (נָכוֹן לֵב – nakhon lev , νοῦς σῶφρων – nous sōphron ) não é adorno espiritual para dias tranquilos, mas escudo para dias de batalha. É lâmpada acesa na noite (נֵר – ner ), é torre firme (מִגְדָּל עֹז – migdal oz ) em meio à tempestade. Quem tem mente sóbria não vive para vencer debates, mas para dobrar os joelhos (γονυπετέω – gonypeteō ) no chão santo (אֲדָמָה קֹדֶשׁ – adamah qodesh ), diante do Deus que vê em secreto. O coração sóbrio (לֵב נָכוֹן – lev nakhon , καρδία νηφάλιος) é guarda que vigia à porta da alma, para que não entrem a embriaguez espiritual (μέθη – methē ) nem a confusão dos tempos. Não se alimenta de rumores (שְׁמוּעוֹת – shemuot ), mas da Palavra viva (דָּבָר חַי – davar chai ), que permanece para sempre. Assim foi dito aos santos persegu...

Construindo sobre Alicerces Inabaláveis

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Em qualquer construção, o que define a segurança e a durabilidade não é o brilho da fachada, nem a beleza das paredes, mas a firmeza do alicerce. Assim também é com a vida cristã: não basta ter aparência de piedade; é preciso estar firmemente estabelecido sobre fundamentos eternos. Na engenharia, o alicerce é composto por elementos como estacas , ferragens e concreto . No Reino de Deus, cada um desses elementos encontra um paralelo espiritual. As Estacas – Convicções profundas As estacas são cravadas até alcançar solo firme. Na fé, isso representa a necessidade de fixar nossas convicções na Rocha que é Cristo (Mt 7:24-25). Sem convicções inegociáveis — como a autoridade das Escrituras e a exclusividade de Cristo como Salvador — nossa fé vacila diante das tempestades. As Ferragens – Princípios que sustentam Ferragens são a estrutura invisível que dá resistência ao concreto. Espiritualmente, simbolizam princípios e disciplinas que não aparecem aos olhos humanos: oração, jejum, obe...

Sangue no Velho e Novo Testamentos

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O sangue ocupa lugar central nas Escrituras e, para o cristianismo, ele atinge seu clímax na cruz de Cristo. No Antigo Testamento, especialmente em Levítico, Deus ordenou sacrifícios de animais, com derramamento de sangue, como meio de expiação pelos pecados do povo (Lv 17:11). Esses rituais apontavam para algo maior: o sacrifício perfeito que viria em Jesus, o Cordeiro de Deus (Jo 1:29). Com a destruição do Templo em Jerusalém, os sacrifícios prescritos na Lei deixaram de ser realizados, e o judaísmo desenvolveu práticas de expiação centradas no arrependimento, na oração e em atos de justiça. Já o cristianismo vê na morte e ressurreição de Cristo o cumprimento e a substituição definitiva de todo o sistema sacrificial. Para os cristãos, o sangue de Jesus inaugurou a Nova Aliança (Mt 26:28), purificando a consciência e abrindo acesso direto a Deus (Hb 9:13-14; 10:19-22). Enquanto a Lei de Moisés exigia repetidos sacrifícios para purificar cerimonialmente o povo, o evangelho proclama q...

O Desafio de Discernir o Tempo: Entre Aparecer e se Esconder

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  Ao final de um discipulado em grupo sobre os princípios bíblicos extraídos da multiplicação dos pães e peixes, fui desafiado a refletir sobre qual dos ensinamentos mais mexeu comigo. O convite era simples, mas profundo: compartilhar, em um artigo, o princípio que mais exige de mim enquanto discípulo de Cristo. Escolhi confessar que o maior dos meus desafios é o décimo princípio:  discernir a hora de aparecer e de se esconder , saber quando falar e calar, parar ou continuar. O Contexto do Discipulado Durante nossa jornada em grupo, mergulhamos em temas fundamentais: liderança servidora, fé na soberania de Deus, generosidade, organização, responsabilidade, entre outros. Cada princípio foi debatido com entusiasmo, conectado a experiências pessoais e, ao final, cada participante recebeu a tarefa de identificar o aspecto mais desafiador para si mesmo. Enquanto muitos destacaram questões ligadas à confiança ou à partilha, para mim ficou claro que meu maior campo de batalha está no...

Entendendo Deuteronômio

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Este é um tema essencial para uma compreensão sólida da Bíblia: entender Deuteronômio em seus próprios termos, sem impor leituras harmonizadoras que vêm da tradição posterior . Essa reflexão resgata uma visão tradicional, valorizando o texto em seu contexto original e seu modo clássico de transmissão. 1. O nome e o conceito tradicional: Deuteronômio como "Repetição da Lei" (Mishnê Torá) O nome “Deuteronômio” vem do grego e significa “segunda lei” ou “repetição da lei”. Em hebraico, o livro é chamado Devarim (“palavras”), o que destaca que é uma coletânea de discursos de Moisés. Tradicionalmente, entende-se que Moisés está repetindo e explicando as leis já dadas no Sinai, antes da entrada em Canaã, uma espécie de revisão para o povo. 2. O livro, porém, apresenta-se de forma diferente Deuteronômio não se apresenta como uma repetição nem como uma revisão. Pelo próprio texto, especialmente em Deut 5:1–6:1, Moisés transmite todas as leis que recebeu em Horebe (...

Quando o Oleiro nos Amassa: O Propósito da Provação

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  Uma uva amassada se transforma em vinho. A azeitona amassada produz óleo. O trigo amassado vira pão. A rosa amassada exala perfume. Mas o joio, quando amassado, libera veneno.Assim também acontece conosco diante das provações. Quando Deus, o Oleiro, nos coloca em Seu torno e nos aperta com Suas mãos firmes, Ele não está nos destruindo, mas moldando-nos para um propósito maior. O amassar revela a essência. A pressão mostra o que está escondido. E a pergunta inevitável é: o que tem saído de nós quando somos pressionados? Perfume que alegra? Alimento que sustenta? Óleo que cura? Ou veneno que mata? O Senhor deseja nos reconstruir, mas isso exige rendição. Às vezes, o coração leva tempo para aceitar o que a mente já compreendeu. Sabemos, intelectualmente, que “todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8:28), mas sentir paz no meio do processo é outra história. O amassar dói, mas é nesse momento que Ele separa impurezas, fortalece o caráter e nos prepar...

Hebraico Biblico: Ayeka, a Mais Terna Pergunta do Senhor

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Desde os primórdios da revelação divina, o livro de Gênesis nos apresenta um relato que atravessa os séculos com poder espiritual e teológico: o momento em que o ser humano desobedece ao seu Criador. O chamado “pecado original” não foi apenas um ato de rebeldia, mas o rompimento de uma aliança relacional profunda entre Deus e o homem. Quando tudo se quebrou Depois que Eva, seduzida pela astúcia da serpente, e Adão, por livre vontade, comem do fruto proibido, a narrativa nos conduz ao clímax da vergonha e do medo. As folhas costuradas, o esconderijo entre as árvores e o silêncio que se instaura no jardim revelam muito mais do que culpa — expressam a perda de comunhão, o distanciamento de quem, antes, ouvia os passos do Senhor e se alegrava. Contudo, o que Deus faz diante dessa rebelião? A pergunta que ecoa através dos tempos O versículo de Gênesis 3:9 nos diz: “E chamou o Senhor Deus ao homem, e perguntou-lhe: Onde estás?” (ARC) Este versículo, no hebraico original, carrega um ...