O Desafio de Discernir o Tempo: Entre Aparecer e se Esconder
Ao final de um discipulado em grupo sobre os princípios bíblicos extraídos da multiplicação dos pães e peixes, fui desafiado a refletir sobre qual dos ensinamentos mais mexeu comigo. O convite era simples, mas profundo: compartilhar, em um artigo, o princípio que mais exige de mim enquanto discípulo de Cristo. Escolhi confessar que o maior dos meus desafios é o décimo princípio: discernir a hora de aparecer e de se esconder, saber quando falar e calar, parar ou continuar.
O Contexto do Discipulado
Durante nossa jornada em grupo, mergulhamos em temas fundamentais: liderança servidora, fé na soberania de Deus, generosidade, organização, responsabilidade, entre outros. Cada princípio foi debatido com entusiasmo, conectado a experiências pessoais e, ao final, cada participante recebeu a tarefa de identificar o aspecto mais desafiador para si mesmo.
Enquanto muitos destacaram questões ligadas à confiança ou à partilha, para mim ficou claro que meu maior campo de batalha está no gerenciamento do próprio tempo e espaço. É fácil desejar fazer parte do milagre, aparecer para liderar ou se calar e esperar o momento certo. Mas discernir isso é uma arte, e requer maturidade espiritual e humildade.
O Dilema do Discípulo: Aparecer ou se Esconder?
A lição final do relato bíblico, quando Jesus se retira para o monte após o milagre, me provoca. Jesus poderia ter aproveitado a aclamação da multidão, aceitado o trono e o reconhecimento público. Em vez disso, escolheu o caminho da discrição, do recolhimento. Essa atitude ensina valor e limites: há momentos para estar à frente e há ocasiões para buscar silêncio e renovação.
No cotidiano, esse discernimento se apresenta de formas variadas. No trabalho, muitas vezes surgem oportunidades para brilhar, apresentar ideias, protagonizar decisões. Na família ou na igreja, há situações em que devo tomar a dianteira ou, ao contrário, silenciar-me para que outros cresçam. Sentir quando avançar e quando recuar é complexo, porque envolve desejos pessoais, expectativas externas e a busca sincera pela vontade de Deus.
Meu Confessional
Confesso que, por vezes, sou tentado a permanecer em evidência — a apresentar, opinar, ajudar, até quando o melhor seria recuar. Em outras ocasiões, o receio de errar ou de ser julgado me empurra para o anonimato quando deveria agir, aconselhar, dar direção. Esse movimento de ir e vir, falar ou calar, desafia meu senso de propósito. Descobri que maturidade cristã não é apenas saber o que fazer, mas discernir o momento certo de fazê-lo.
Esse princípio me faz buscar mais intimidade com Deus, para ouvir Seu direcionamento, tanto para os instantes de ação quanto para os períodos de recolhimento. O silêncio, muitas vezes, é mais poderoso do que palavras; e a espera pode ser mais frutífera do que o imediatismo.
Caminhos para Crescimento
Para superar esse desafio, tenho exercitado oração e autoavaliação. Pergunto-me: “Estou agindo por necessidade de aprovação ou por convicção de propósito?” “É hora de contribuir ou de aprender no silêncio?” Buscar referências em líderes que equilibraram exposição e recolhimento também fortalece minha caminhada. Jesus, Moisés, Paulo: todos souberam aparecer para servir e desaparecer para se renovar.
Ao compartilhar esse desafio, descubro que não sou o único — muitos enfrentam esta tensão diariamente. A comunidade de discípulos cresce quando reconhece suas fraquezas e busca juntas o discernimento que vem do Espírito.
Conclusão
Discernir a hora de aparecer e de se esconder é um convite ao amadurecimento. É entender que todo tempo tem seu propósito e que a verdadeira liderança, naquele modelo ensinado por Jesus, nasce da intimidade com Deus e da humildade para agir ou calar. Meu compromisso é persistir neste aprendizado, atento aos movimentos do Espírito, confiando que, no tempo certo, Ele me guiará para falar, agir ou apenas esperar.
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