Os quatro cálices da páscoa judaica eas promessas cumpridas em Cridto
“Portanto, dize aos filhos de Israel: Eu sou o Senhor...” (Êxodo 6:6–7)
Na celebração da Páscoa judaica (Pêssach), cada elemento da mesa tem um significado profundo. Entre eles, estão os quatro cálices de vinho, que não representam apenas uma sequência cerimonial, mas quatro promessas divinas extraídas diretamente das palavras de Deus a Moisés em Êxodo 6:6-7. Esses cálices formam uma linha profética que aponta para o plano completo da redenção — desde a libertação do Egito até a comunhão eterna com o Criador.
1. O Cálice da Santificação – “Eu vos tirarei...”
> “Portanto, dize aos filhos de Israel: Eu sou o Senhor, e vos tirarei de debaixo das cargas dos egípcios...” (Êx 6:6a)
O primeiro cálice, chamado Kósh haKiddush (Cálice da Santificação), é o início da Páscoa. Ele simboliza a separação do povo de Deus do jugo egípcio. No sentido espiritual, fala da libertação do pecado e da escravidão do mundo.
Quando Jesus ergueu o cálice com os discípulos, Ele santificou um novo caminho de comunhão, dizendo:
> “Tomai este cálice e reparti-o entre vós.” (Lc 22:17)
Assim como Israel foi separado para pertencer ao Senhor, a Igreja é chamada a viver santificada, livre do sistema que escraviza a alma.
2. O Cálice do Julgamento – “Eu vos livrarei...”
> “... e vos livrarei da servidão deles...” (Êx 6:6b)
O segundo cálice é Kósh haMaggid, o Cálice do Julgamento. Durante o Sêder, este é o momento em que se recita a narrativa do Êxodo e se recorda o juízo de Deus sobre os opressores.
Esse cálice fala da vitória de Deus sobre os poderes que escravizam o Seu povo. Espiritualmente, é o juízo sobre o pecado e sobre tudo que nos domina.
Em Cristo, esse juízo foi transferido para a cruz. O castigo que nos traz a paz recaiu sobre Ele (Is 53:5). Por isso, cada vez que o crente celebra a Ceia, ele lembra: o preço foi pago, o juízo foi suportado, e a liberdade é real.
3. O Cálice da Redenção – “Eu vos resgatarei...”
> “... e vos resgatarei com braço estendido e com grandes juízos.” (Êx 6:6c)
Este é o Kósh haGeulá, o Cálice da Redenção — aquele que Jesus tomou ao instituir a Ceia do Senhor:
> “Este cálice é o novo pacto no meu sangue, que é derramado por vós.” (Lc 22:20)
Na tradição judaica, esse é o cálice central da noite, símbolo do cordeiro pascal e do preço pago pela libertação. Em Jesus, o Cordeiro de Deus, a redenção alcança o seu clímax: o sangue que liberta da morte, cobre o pecado e inaugura uma nova aliança.
Cada gota desse cálice aponta para a cruz, onde o Redentor estendeu o braço — exatamente como Deus prometera.
4. O Cálice do Louvor ou Consumo – “Eu vos tomarei por meu povo...”
> “E vos tomarei por meu povo, e serei vosso Deus...” (Êx 6:7)
O último cálice, Kósh haHallel (Cálice do Louvor), é bebido ao som dos Salmos 113 a 118. Representa a consumação da promessa: Deus não apenas liberta, mas toma para Si um povo de aliança.
Jesus não bebeu este cálice na última ceia. Após o terceiro cálice, Ele disse:
> “Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da vide até aquele dia em que o beba novo convosco no Reino de meu Pai.” (Mt 26:29)
Cristo deixou o quarto cálice para o futuro, apontando para o banquete das bodas do Cordeiro (Ap 19:9). Ali se cumprirá plenamente a promessa: o povo remido será tomado para Deus, e Ele habitará entre eles.
A Unidade das Promessas: da Escravidão à Comunhão
Os quatro cálices formam um ciclo de redenção:
1. Santificação – Deus nos separa.
2. Libertação – Deus nos livra.
3. Redenção – Deus paga o preço.
4. Comunhão – Deus nos toma para Si.
Em cada cálice, há uma progressão de amor. O Senhor não apenas tira o homem do Egito, mas tira o Egito do homem; não apenas liberta, mas redime; não apenas redime, mas convida à mesa eterna.
Conclusão: O Cálice que Ainda Esperamos
Quando Jesus não bebeu o quarto cálice, Ele deixou um eco de esperança: há um cálice reservado para o Reino, quando todas as promessas se cumprirão plenamente.
A tradição judaica, ao guardar os quatro cálices, não sabia que estava profetizando o caminho completo da salvação — do Êxodo até a Nova Jerusalém.
> “Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor.” (Salmo 116:13)
Assim, cada vez que lembramos dos cálices, somos convidados a confiar nas promessas de Deus, que nunca falham, e a esperar com fé o dia em que o Messias erguerá o último cálice, dizendo:
“Consumado está.”
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