Meu marido me exclui de seu chamado e de sua vida

 Amo profundamente meu marido e acredito que ele também me ama. Eu só nem sempre sinto isso dele. Eu não preciso ser bajulada. Nem mesmo gosto disto. Mas eu realmente gostaria de ver evidências de que ele se importa e está disposto a me incluir na vida dele. E muitas vezes me decepciono pois muitas vezes fico sabendo de seus planos quando ele está pregando a palavra com um microfone na mão. 

Ele falou de púlpito que eu não mando absolutamente nada no ministério que abrimos juntos e que eu não posso tomar nenhuma decisão sem consulta-lo antes, mesmo que seja mudar o isopor utilizado como quadro de avisos de lugar.  Uma das diaconisas me olhou com extremo desprezo e eu me senti pior do que um rato de esgoto. Para piorar a situação, ao chegar em casa, ele se comportou como se eu não existisse. Quando nos deitamos, comecei a fazer massagem nas costas dele para tentar subtrair um pouco de carinho dele. Após a massagem fizemos sexo, mas foi apenas unilateral. Ele se satisfez, virou para o lado e dormiu. Eu simplesmente virei para o lado e chorei. 

Ele é muito bom em fazer planos para coisas que são importantes para ele, porém me exclui de todos. Diz que tem coisas que gosta de fazer sozinho, como por exemplos fazer visitas ministeriais. As vezes ele chama inclusive outras pessoas da igreja, mas não chama a mim. Quando falo sobre ele me incluir mais na vida dele, ele diz que não se sente a vontade para orar junto comigo, que prefere orar sozinho, e que tem coisas que Deus mande ele fazer, que é para ele fazer sozinho. Que não se sente a vontade de estudar a palavra comigo por perto. Que prefere fazer isto sozinho. Me sinto literalmente sem uma cabeça. sem um marido. Como se fosse viúva de marido vivo. Apenas com uma pessoa que me manda fazer as coisas e se eu não obedecer, fico totalmente de fora de sua vida. Quando falo isto para ele, ele diz que me ama e que sem mim não conseguiria prosseguir. Mas então eu me pergunto: Então porque ele me exclui de tudo?

Parece que tudo gira em torno dele. Não em torno da vontade de Deus, mas em torno dele. Citando salmos 37, ao afirmar que Deus concede os desejos de seu coração, se esquece da primeira parte? Deleita-se no Senhor. Não vejo ele se deleitar. Vejo ele reclamar das crianças, do ministério, da liderança, de mim, da vida, de seu chamado, de suas roupas, da comida, dos cachorros, do tempo chuvoso, do calor, da corda do violão que arrebentou, das cadeiras fora do lugar. 

Se eu admitir minha frustração hoje, ele se sentirá mal ou ficará na defensiva. Então, estou tentando esconder, mas não estou indo muito bem. Pensamentos? - Bom dia para mim ... ou não. O fato dele me excluir de tudo não é o insulto, é uma ferida que constantemente é cutucada. Se eu demonstrar minha frustração ele me isola mais ainda. Diz que não gosta de dar satisfação. Que Ele está simplesmente obedecendo a Deus.  Eu reconheceria sua frustração, então o aconselharia a parar de procurar a Deus em locais ou pessoas, mas que procurasse dentro de si mesmo. A geografia de onde pregamos é menos importante do Quem pregamos. 

Se a promessa é ir para o Afeganistão, Deus cumprirá, mas enquanto o tempo não chega, vamos celebrar o cuidado de Deus. Dói perceber que  fui enganada durante o namoro, por ele ou por seu desejo, a acreditar que seria o objeto de seus cuidados, não a escada para isso. Reconhecer isso também me deixa  com algumas opções sustentadoras. Posso encontrar valor em ser a escada. Posso começar a dizer "não" quando ele pedir que você ative planos que excluem você (por exemplo, deixar outra pessoa cuidar dele, orar com ele). Posso explicar que estou cansada de ser tomada como sempre por perto e ver se ele finalmente entende. 

Posso tentar explicar que a salvação é individual, porém, nos somos um só corpo e que ao me excluir de tudo, principalmente do ministério, ele está se "divorciando" de mim. Se ele ainda ficar na defensiva ou elogiar você por ser "insatisfatório", posso apenas explicar que não desejo palavras doces, mas atitudes. 

São inúmeras as vezes que eu converso com ele sobre coisas que Deus falou comigo, como por exemplo, quando eu mostrei para ele sobre tatuagem, sobre onde Noé foi cuspido do grande peixe, sobre jejum, sobre a graça. Compartilho com ele o que Deus me fala, reparto o dom que Deus me deu de entender a Palavra com profundidade.  Acredito que sou uma ferramenta para Deus falar com ele, porém recebo de volta a exclusão, ao vê-lo utilizar a palavra que Deus me usou para dar a ele, para ele me desprezar e mostrar como ele é profeta, ousado, santo, usado, enquanto eu sou teóloga, racional, antipática e outras coisas mais. 

Eu não acredito que as esposas necessariamente devem trabalhar no ministério com seus maridos. No entanto, eu sinto que qualquer mulher casada com um pastor  desempenha um papel importante. Meu marido está servindo a Deus e está na linha de frente ganhando pessoas para Cristo, o que coloca um grande alvo em suas costas. O inimigo jogará tudo nele para fazê-lo desistir ou cair em tentação. Sou sua esposa, mas também tenho o meu ministério, minha identidade, mas sei que antes de tudo tenho  um propósito que Deus quer que seja cumprido: encoraja-lo, orar por ele, apoia-lo. Mas sou excluída. Não me importo de não aparecer para os outros, mas não posso aprovar ser excluída por ele e ele usar desta atitude para demonstrar o quão servo de Deus ele é. 

Sinto que esta exclusão um dia vai ter fim. Só não sei como vai terminar, mas vejo apenas três caminhos possíveis. Dois caminhos providos por Deus: Meu marido começa a compreender que se Deus nos uniu, ninguém pode nos separar, nem ele mesmo. Segundo: A morte nos separe: Que Deus finalmente me leve e ele fique "livre" de mim para seguir o "seu" ministério, que eu tanto atrapalho.

O terceiro caminho, o que realmente não será da vontade de Deus: que eu seja excluída totalmente, pelo divorcio. E se isso acontecer? O que será de mim? Em relação ao meu ministério, acredito que não mudará muita coisa. Continuarei a permitir que Deus me use. Em relação à ele? Sei que Deus proverá o consolo. 

Enquanto isso, continuarei orando por ele, torcendo por ele, apoiando ele, procurando não me ofender com sua frieza. Este é um desabafo que jamais será publicado. Será lido por ele? Não sei. Eu sei que mesmo que eu publique ele nunca lerá, pois ele não valoriza nem mesmo o agir de Deus em mim... 

Como dói o desprezo! Mas prossigo, pois sei que sou menina dos olhos de Deus!


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