Ilustração: Deus deu, Deus tomou!

Como é díficil quando alguém que a gente ama morre.... 

Já vai fazer um ano que meu pequeno Arthur se foi, e com certeza, a dor continua imensa. Não choro mais com tanta frequência pela sua falta, mas continua a doer e a saudade apenas aumenta. 

E como se alguém tivesse me dado uma mala bem pesada para carregar o tempo todo. Já até me acostumei com seu peso, as vezes até esqueço que a carrego, mas ela continua a fazer meus braços doerem. 

Me lembro então de uma ilustração sobre um pai que perdeu dois filhos: 

“Deus dá, Deus tira. Bendito seja o Seu Santo Nome”...

Ao anoitecer de um sábado, um rabi, mestre de invejável cultura e admirável bondade, entretinha-se na escola pública ensinando a Santa Lei a seus discípulos, sem imaginar que em sua casa, a tristeza e o luto haviam se hospedado.


Dois de seus filhos haviam morrido enquanto trabalhavam, pastoreando ovelhas no alto de um monte e a mãe chorava inconsolável, aos pés dos dois cadáveres. Mesmo petrificada pela dor, vinha-lhe à mente o pobre e idoso marido, cuja saúde a preocupava tanto, que logo iria defrontar o tremendo espetáculo.


O respeito à vontade divina e a caridade de esposa deram-lhe, porém, grande força de alma.
Cobriu com um lençol os filhos e, orando, pôs-se a esperar o marido.
À noite, mal entrou em casa, o marido indagou pelos filhos. A esposa, com o rosto lavado de lágrimas, desviou dele seus olhos e, com uma desculpa qualquer, serviu-lhe o vinho e o círio para a prece. O marido cumpriu o ato religioso e insistiu em saber dos filhos. Com mais uma desculpa, a mulher ofereceu ao marido, há muitas horas em jejum, umas fatias de pão. O marido provou um pedacinho e a questionou porque parecia tão triste.
Armando-se de coragem, com um respirar profundo a esposa disse:
- Eu, meu marido, preciso muito de um conselho teu. Já a algum tempo, um nosso amigo me procurou e deixou sob minha guarda algumas joias, extremamente valiosas. Veio hoje reclamá-las. Ai de mim! Não contava que viesse tão cedo. Devo restituí-las?
- Ó minha esposa! Estou a desconhecer-te! Essa sua dúvida é pecaminosa!


- Mas já me afeiçoei tanto a elas...
- Não te pertencem!
- Queria-lhes tanto bem... Talvez tu também...


- Ó mulher! - exclamou atônito o marido. Que dúvidas essas suas! Que pensamentos! Querer apropriar-te do que não te pertence, sonegar um depósito, coisa sagrada!
- É assim que pensas? balbuciou a esposa, chorosa.


Enxugando os olhos e novamente buscando forças em seu coração, disse a mulher:


- Muito preciso de teu auxílio para fazer esta dolorosa restituição. Vem ver as joias depositadas, que ambos fomos chamados a restituir.


Suas mãos geladas tomaram as mãos do marido e o levaram ao quarto onde os filhos se encontravam. Ergueu os lençóis e disse:


- Aqui estão as joias. Reclamou-as Deus!


Em sua mútua dor, um encontrou no outro o ombro para chorar e aceitar, com resignação, os insondáveis (mas sempre misericordiosos) desígnios de Deus.


Por mais que doa, eu aceito o teu designio, Senhor. 
Pra Denise

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