A idolatria de Jacó, Rachel e Lia

Nosso personagem central é Jacó. Neto de Abrão e Sara, filho de Isaque e Rebeca, teve seu nascimento marcado pela luta pela progenitura ainda no parto. Nasceu agarrado ao seu irmão Esaú.

Com a ajuda de sua mãe, enganou o pai quando este já estava velho e cego, tomando a benção da progenitura para si. Jacó fugiu para a casa de Labão , irmão de Rachel, ou seja, seu tio paterno. Esta fuga se deu para fugir da ira de seu irmão Esaú. Lá chegando logo se apaixonou por Rachel, firmando um contrato com Labão de trabalhar por sete anos a fim de poder desposá-la. Deixo aqui claro o contexto cultural da época. Os casamentos ocorriam não por amor, mas para a formação de alianças politicas ou econômicas. A concepção de amor romântico não existia nesta época e cultura e ao analisar o comportamento de Jacó em relação a Rachel é possível verificar traços de idolatria e não simplesmente de amor romântico.

Assim como Jacó se aproveitou da cegueira de seu pai Isaque para roubar a sua progenitura por meio de uma peça de roupa peluda que escondia o seu corpo sem tantos pelos como do irmão, Labão se aproveitou da escuridão da noite de núpcias e das vestes nupciais que escondia totalmente o corpo e rosto da noiva e tapeou Jacó, dando Lia, a irmã mais velha de Rachel para que o ato conjugal fosse consumado.

Na manhã seguinte, ele viu o que havia ocorrido e questionou a Labão, que respondeu que naquela terra não se dava a filha mais nova em casamento antes. Como se fosse uma lei da progenitura nupcial..... Irônico, se não fosse triste.

Numa verdadeira demonstração da sua obsessão por ter Rachel, Jacó se propôs a trabalhar por mais sete anos para se desposar com ela. As regras para o casamento poligâmico eram muito claras: uma esposa não podia ser preterida pela outra. Para todas as esposas devia ser dado a mesma porção de suprimentos e atenção. Mas não era assim. Jacó idolatrava Rachel, e colocava nesta união toda a sua esperança de ser feliz. Enquanto isso, Lia gerava filhos, colocando nos seus filhos a esperança de vir a ser amada pelo seu marido. Em Genesis 35:23 relaciona os filhos de Lia com Jacó: Rúben, o primogênito de Jacó, depois Simeão, Levi, Judá, Isaacar e Zebulom.

O significado do nome de cada um destes filhos traz consigo a história de humilhação de Lia, a desprezada pelos homens, mas escolhida por Deus para estar na arvore genealógica de Jesus, como sua ascendente Genesis 29:32 – Lia engravidou, deu à Luz um filho e deu-lhe o nome de Rúben, pois dizia: “O Senhor viu minha infelicidade. Agora, certamente meu marido me amara”.

Lia achava que um filho iria trazer consigo o amor de seu marido. Isso não ocorreu e ela continuou a ser desprezada por Jacó.

No versículo 33 diz: E concebeu outra vez, e deu à luz um filho, dizendo: Porquanto o Senhor ouviu que eu era desprezada, e deu-me também este. E chamou-o Simeão.

Nada aconteceu. Versículo 34 afirma: E concebeu outra vez, e deu à luz um filho, dizendo: Agora esta vez se unirá meu marido a mim, porque três filhos lhe tenho dado. Por isso chamou-o Levi.

Então, parece que ela entendeu que seus filhos não podiam fazer com que Jacó a amasse. Deu à luz a Judá, o ascendente de Jesus, afirmando agora: Esta vez louvarei ao Senhor.

Gerou ainda o quinto filho, com o nome de Isaacar, declarando, com forme Genesis 30:18: Deus me deu meu pagamento, por ter concedido minha serva ao meu marido”. Entendeu que Deus havia dado o seu filho. Lia engravidou novamente e deu a luz Zebulom, dizendo: “Deus me concedeu um belo presente, desta vez meu marido muito me honrará, pois lhe dei seis filhos” (Gênesis 30.20)

Além destes filhos homens, a bíblia relata que Lia deu a luz a uma filha, chamada de Diná, que foi estuprada por Siquem, príncipe cananeu.

Lia achava que encontraria felicidade se Jacó a amasse. Mas o que ela viu foi seus filhos se perdendo em meio à violência e rancor.

Ruben, o primogênito perdeu seu direito de primogênito por ter tido relações sexuais com uma das concubinas de Jacó. Simeão era um homem violento e junto com Levi, matou todos os homens da cidade de Siquem, cidade onde Diná foi estuprada. Judá, o quarto filho de Lia, foi o que teve a ideia de vender José como escravo e em outra ocasião, foi também enganado e se deitou com sua nora, em virtude de não querer cumprir as obrigações da lei do levirato. Isaacar e Zebulom, a quem na Bíblia não se fala muito a não ser que da tribo de Isaacar veio um juiz de Israel, Tolá, que liderou por 23 anos e que foi assassinado.

Já a tribo de Zebulom, que originou Elom, líder de Israel por 10 anos.

Com a história de Lia, vemos também a sua idolatria por Jacó, a sua esperança de ser feliz colocada no marido. O não entendimento que ninguém, nem nosso cônjuge pode preencher o vazio que há em nós. O único que pode nos preencher é Jesus.

Mas e Rachel? O que ela idolatrava? Rachel era uma idolatra mais clara. Quando Jacó com suas esposas, concubinas, filhos e filhas deixaram as terras de Labão, Rachel se apossou dos ídolos de Labão. Estes ídolos, chamados de terafins eram “deuses domésticos”, deuses do lar”, usados para práticas de adivinhação, consulta aos mortos e adoração. Não há na Bíblia contextos que expliquem o motivo deste roubo, mas existe uma linha que eles foram roubados para garantir aos seus filhos a herança de Labão, quando este viesse a falecer, como se fossem as “escrituras” do mundo contemporâneo.

Mas com certeza pensar n estes ídolos como simples documentos de posse de propriedade é muito simplista e apesar de ser muito comum que os viajantes carregassem consigo ídolos que os protegessem nas suas viagens, o fato de ser comum não transforma em aceitável a Deus. Rachel, assim como Lia, cresceram num ambiente politeísta e é inegável que esta atitude demonstra claramente sua falta de confiança no único Deus.

Na história de hoje entre Jacó, Lia e Raquel não temos heróis ou heroínas. Temos pessoas falhas como nós. Pessoas que muitas vezes colocam num casamento, num cônjuge, em filhos, em posses, a esperança que deve ser depositada somente em Deus, àquele que pode nos prover, que tem o poder de nos encher de paz mesmo em meio a frustrações e decepções.

Apesar de todos os problemas de Raquel e Lia , elas foram lembradas posteriormente em Rute 4:11, numa passagem que fala exatamente da personagem de Rute, uma outra personagem feminina da Bíblia de muita importância: o Senhor com essa mulher que está entrando em sua família como fez com Raquel e Lia, que, juntas, formaram as tribos de Israel.

Jacó viu sua família brigando por causa de poder. Mas em sua história podemos ver o cuidado e o amor de Deus por todos nós e fez dele uma grande nação. Ao morrer, seus filhos formaram uma grande nação e foram os responsáveis pelo cumprimento da promessa que foi dada a Abrão, o primeiro patriarca. Jacó é um exemplo de uma história de altos e baixos, de frustração e erros, de desafios e conquistas e de como Deus não espera de nós perfeição, mas arrependimento genuíno, de que não devemos colocar nossa esperança em nin guiem ou nada mais, apenas no nosso Senhor.

Ao idolatrar relacionamentos, estamos tirando o Senhor do centro de nossas vidas. Honre ao seu cônjuge, ame aos seus filhos, mas não os coloque como alvo de tua adoração.

E eu te pergunto: Qual a imagem que estamos passando com nossos relacionamentos? Manter uma imagem perfeita nos nossos casamentos pode ser um ponto muito dificil e pode nos levar até mesmo à idolatria. Não existe relacionamento humano perfeito. Somos humanos e a perfeição existe apenas em Cristo e casamento perfeito apenas o que ocorrerá entre ?Cristo e a sua noiva.

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