Exegese do Capitulo 7 de Cantares
O capítulo 7 de Cânticos dos Cânticos (Shir HaShirim) descreve um intenso momento de louvor à beleza física da amada, usando imagens poéticas que evocam um profundo amor e desejo entre o casal. Este capítulo, em particular, apresenta uma série de descrições que celebram a intimidade física conjugal, sugerindo uma profunda apreciação pelo corpo e pelos sentidos, entrelaçados com símbolos e analogias que, em algumas tradições, são vistas como metáforas espirituais.
A seguir, apresento uma exegese de cada versículo com base na Tanach (Bíblia Hebraica) e na tradução ARA (Almeida Revista e Atualizada), com ênfase na análise do Dicionário Strong e nas simbologias presentes, explorando a intimidade física conjugal representada no texto.
Versículo 1
Tanach: "Mah yaf'u fe'amayikh bana'alin, bat nadiv; chamukei yerekhayikh k'mo chalayim, ma'asei yedei uman" (מַה־יָּפְוּ פְעָמַיִךְ בַּנְּעָלִים בַּת־נָדִיב חַמּוּקֵי יְרֵכַיִךְ כְּמוֹ חֲלָאִים מַעֲשֵׂה יְדֵי אָמָּן).
ARA: "Quão formosos são os teus pés nas sandálias, ó filha do príncipe! As voltas das tuas coxas são como joias, trabalhadas por mãos de artista."
Exegese: O amado começa elogiando a beleza da amada, descrevendo-a dos pés até a cabeça. Os pés, nas sandálias, sugerem graça e elegância, enquanto a palavra "coxas" (yerekh - יָרֵךְ, Strong H3409) evoca a ideia de força e sensualidade. A comparação com "joias" sugere que a beleza da amada é preciosa e requintada.
A metáfora das coxas, trabalhadas "como joias" pelas "mãos de um artista", implica que o corpo da amada é uma obra de arte, sugerindo uma apreciação pela criação divina, onde o corpo humano é visto como algo belo e digno de admiração. Este versículo celebra a intimidade física e o desejo dentro do casamento.
Versículo 2
Tanach: "Shareirekh agan hasahar al yechsar hamazek; bitnekh aremat chittim sugah bashoshanim" (שָׁרְרֵךְ אַגַּן הַסַּהַר אַל־יֶחְסַר הַמֶּזֶג בִּטְנֵךְ עֲרֵמַת חִטִּים סוּגָה בַּשּׁוֹשַׁנִּים).
ARA: "O teu umbigo é como uma taça redonda, a que nunca falta bebida; o teu ventre é como monte de trigo, cercado de lírios."
Exegese: Neste versículo, o "umbigo" (shorer - שׁרר, Strong H8326) é comparado a uma "taça redonda", sugerindo uma associação com deleite e plenitude. A taça de vinho é um símbolo de prazer, e o fato de "nunca faltar bebida" reforça a ideia de saciedade e abundância no contexto da união física.
O "ventre" (beten - בֶּטֶן, Strong H990) é descrito como "um monte de trigo", o que sugere fertilidade e prosperidade. O trigo, como uma fonte de sustento, simboliza a capacidade de dar vida, e os lírios em volta indicam beleza e pureza. Aqui, o ventre é visto não apenas como uma parte física, mas como o centro da vida, da nutrição e do prazer conjugal.
Versículo 3
Tanach: "Sh'nei shadeich k'felei h'ayalim" (שְׁנֵי שָׁדַיִךְ כִּשְׁנֵי עֳפָרִים תָּאוֹמֵי צְבִיָּה).
ARA: "Os teus dois seios são como dois filhos gêmeos de gazela."
Exegese: Os "seios" (shadayim - שָׁדַיִם, Strong H7699) são comparados a "dois filhos gêmeos de gazela", uma imagem frequentemente associada à graça e suavidade. A gazela, um animal ágil e gracioso, simboliza a beleza delicada e sensível do corpo feminino.
A referência a seios gêmeos evoca simetria e perfeição, enfatizando a harmonia e a atração física. No contexto da intimidade conjugal, os seios são vistos como uma fonte de prazer e amor, ao mesmo tempo que são um símbolo de nutrição e vida.
Versículo 4
Tanach: "Tzavarekh migdal ha-shen; eineikh berechot be-cheshbon al shaar bat-rabim afekh migdal hal-vanon tzofeh pnei dammesek" (צַוָּארֵךְ כְּמִגְדַּל הַשֵּׁן עֵינַיִךְ בְּרֵכוֹת בְּחֶשְׁבּוֹן עַל־שַׁעַר בַּת־רַבִּים אַפֵּךְ כְּמִגְדַּל הַלְּבָנוֹן צוֹפֶה פְּנֵי דַמָּשֶׂק).
ARA: "O teu pescoço é como a torre de marfim; os teus olhos são como as piscinas de Hesbom, junto à porta de Bat-Rabim; o teu nariz é como a torre do Líbano, que olha para Damasco."
Exegese: O "pescoço" (tzavvar - צַוָּאר, Strong H6677) comparado à "torre de marfim" sugere elegância e dignidade. A torre de marfim é uma imagem de pureza e força, associando o pescoço da amada a algo imponente e delicado ao mesmo tempo.
Os "olhos" (ayin - עַיִן, Strong H5869) são comparados a "piscinas de Hesbom", que eram famosas por sua beleza e pureza. Os olhos aqui são um símbolo de clareza, profundidade e vida interior, refletindo o encanto espiritual da amada.
O "nariz" (af - אַף, Strong H639), comparado à "torre do Líbano", reforça a ideia de nobreza e força. O nariz, que no hebraico também simboliza a respiração (e, portanto, a vida), é aqui exaltado como algo que confere dignidade à amada.
Versículo 5
Tanach: "Rosheikh aleikh karmel udele'at rosheikh argaman melech asur barahetem" (רֹאשֵׁךְ עָלַיִךְ כַּרְמֶל וְדַלַּת רֹאשֵׁךְ כָּאַרְגָּמָן מֶלֶךְ אָסוּר בָּרְהָטִים).
ARA: "A tua cabeça sobre ti é como o Monte Carmelo, e os cabelos da tua cabeça são como a púrpura; o rei está preso pelas tuas tranças."
Exegese: A "cabeça" (rosh - רֹאשׁ, Strong H7218) da amada é comparada ao Monte Carmelo, uma referência à majestade e beleza imponente. O Carmelo era uma montanha fértil e verdejante, simbolizando grandeza e abundância. Ao usar essa comparação, o amado destaca a nobreza e elevação da amada.
Os "cabelos" (dele'at - דַלַּת, Strong H1803) são descritos como "púrpura", uma cor associada à realeza e nobreza. A expressão "o rei está preso pelas tuas tranças" sugere que a beleza e o encanto da amada têm o poder de capturar o amado, mostrando o profundo impacto emocional e físico que ela exerce sobre ele.
Versículo 6
Tanach: "Mah yefiti umah na'amti ahava bata'anugim" (מַה־יָּפִית וּמַה־נָּעַמְתְּ אַהֲבָה בַּתַּעֲנוּגִים).
ARA: "Quão formosa e quão aprazível és, ó amor em delícias!"
Exegese:
A expressão "quão formosa" (yefiti - יָפִית, Strong H3302) reforça a beleza externa da amada, enquanto "quão aprazível" (na'amti - נָּעַמְתְּ, Strong H5276) destaca sua agradável presença e a atração emocional e física que ela exerce sobre o amado. O termo "amor em delícias" (ahava bata'anugim - אַהֲבָה בַּתַּעֲנוּגִים) evoca um prazer intenso e profundo, sublinhando o deleite físico e emocional do relacionamento conjugal.
Neste versículo, a intimidade física é descrita como algo prazeroso e profundamente satisfatório. O uso do termo "delícias" (ta'anugim - תַּעֲנוּגִים) sugere que o amor conjugal é uma fonte legítima de prazer dentro dos limites do casamento, refletindo o ideal da união física como algo puro e belo.
Versículo 7
Tanach: "Zot komatek domeh latemar veshadeikh la'ashkolot" (זֹאת קוֹמָתֵךְ דָּמְתָה לְתָמָר וְשָׁדַיִךְ לְאֶשְׁכֹּלוֹת).
ARA: "A tua estatura é semelhante à palmeira, e os teus seios, a cachos de uvas."
Exegese:
A "estatura" (komah - קוֹמָה, Strong H6967) da amada é comparada a uma "palmeira" (tamar - תָּמָר, Strong H8558), uma árvore alta e reta, conhecida por sua graça e força. A palmeira, frequentemente usada como símbolo de vitória e fertilidade, é aqui empregada para descrever a beleza imponente da amada, destacando sua dignidade e nobreza.
Os "seios" (shadayim - שָׁדַיִם, Strong H7699) são comparados a "cachos de uvas" (eshkolot - אֶשְׁכּוֹלוֹת), uma imagem de abundância, fertilidade e doçura. Assim como os cachos de uvas produzem fruto e são agradáveis ao paladar, os seios da amada são vistos como uma fonte de prazer e nutrição no contexto conjugal.
Versículo 8
Tanach: "Amarti e'eleh batamar ocheza bisenavav ve'yu na shadeikha ki'eshkolot hagefen verayach apeikh katapuach" (אָמַרְתִּי אֶעֱלֶה בְתָמָר אֹחֲזָה בִּסְנָפָיו וִיהִיו נָא שָׁדַיִךְ כְּאֶשְׁכְּלוֹת הַגֶּפֶן וְרֵיחַ אַפֵּךְ כַּתַּפּוּחִים).
ARA: "Disse eu: Subirei à palmeira, pegarei os seus ramos; sejam, pois, os teus seios como cachos de uvas, e o cheiro da tua respiração, como o das maçãs."
Exegese:
O amado expressa o desejo de "subir à palmeira" e "pegar seus ramos", uma metáfora clara da intimidade física. A palavra hebraica "subir" (e'eleh - אֶעֱלֶה, Strong H5927) reflete o desejo de estar em proximidade e união física com a amada. A palmeira, sendo uma árvore alta, sugere a dificuldade, mas também o prazer de se alcançar essa união.
A comparação dos "seios" aos "cachos de uvas" reforça a ideia de abundância e prazer físico, enquanto o "cheiro da respiração" (re'ach apeikh - רֵיחַ אַפֵּךְ, Strong H7306) como "maçãs" sugere um perfume doce e atraente, uma referência ao prazer sensorial no relacionamento conjugal.
Versículo 9
Tanach: "Uchhe'yayin hatov holekh ledodi lemeisharim dovev siftot yeshenim" (וּחִכֵּךְ כְּיֵין הַטּוֹב הוֹלֵךְ לְדוֹדִי לְמֵישָׁרִים דּוֹבֵב שִׂפְתֵי יְשֵׁנִים).
ARA: "E o teu paladar, como o melhor vinho, que se dirige para o meu amado, e que faz com que falem os lábios dos que dormem."
Exegese:
O "paladar" da amada é comparado ao "melhor vinho" (yayin - יַיִן, Strong H3196), uma bebida frequentemente associada à celebração, prazer e êxtase. A descrição sugere que o contato físico entre o casal é algo agradável e embriagante, assim como o vinho.
O ato de "fazer falar os lábios dos que dormem" pode ser interpretado como uma metáfora do despertar do desejo e da intimidade entre o casal. O "vinho" aqui simboliza o êxtase do amor conjugal, que traz prazer e satisfação profunda. A referência aos "lábios" sugere a comunicação física e emocional que ocorre na intimidade.
Versículo 10
Tanach: "Ani ledodi ve'alai teshukato" (אֲנִי לְדוֹדִי וְעָלַי תְּשׁוּקָתוֹ).
ARA: "Eu sou do meu amado, e ele tem saudades de mim."
Exegese:
Este versículo expressa a total entrega da amada ao amado, utilizando a palavra hebraica "teshukah" (תְּשׁוּקָתוֹ, Strong H8669), que significa "desejo" ou "ânsia". A frase "Eu sou do meu amado" reflete um compromisso profundo e incondicional, sugerindo um relacionamento de pertencimento mútuo, no qual o desejo é algo natural e recíproco.
Na simbologia, "teshukah" aponta para um desejo intenso, que pode ser tanto emocional quanto físico, representando a plenitude do amor conjugal, onde a atração e o desejo fortalecem o laço espiritual entre o casal.
Versículo 11
Tanach: "Lecha dodi netze hasadeh nalina bakfarim" (לְכָה דוֹדִי נֵצֵא הַשָּׂדֶה נָלִינָה בַּכְּפָרִים).
ARA: "Vem, ó amado meu, saiamos ao campo; passemos as noites nas aldeias."
Exegese:
Neste versículo, a amada convida o amado a sair ao campo e a passar a noite nas aldeias. O hebraico "netze hasadeh" (נֵצֵא הַשָּׂדֶה, Strong H3318) sugere um chamado para uma fuga romântica e íntima, longe da agitação da cidade, em um ambiente rural e tranquilo. O "campo" (hasadeh) pode simbolizar a liberdade e a simplicidade do amor, enquanto as "aldeias" (kfarim) evocam um espaço de intimidade e privacidade.
Este convite é carregado de simbolismo, pois a ideia de ir ao campo pode ser interpretada como um momento de reconexão, tanto física quanto emocional, com a simplicidade e a pureza do amor conjugal.
Versículo 12
Tanach: "Hashkima lakramim nira im parcha hagefen patach hasmadar henatzoo harimonim sham eten et dodai lakh" (הַשְׁכִּימָה לַכְּרָמִים נִרְאֶה אִם־פָּרְחָה הַגֶּפֶן פָּתַח הַסְּמָדַר הֵנֵצוּ הָרִמּוֹנִים שָׁם אֶתֵּן אֶת־דּוֹדַי לָךְ).
ARA: "Madruguemos para ir às vinhas; vejamos se floresce a vide, se abre a flor, se já brotam as romãs; ali te darei o meu amor."
Exegese:
A palavra "madrugar" (hashkima - הַשְׁכִּימָה, Strong H7925) sugere um desejo urgente e entusiástico de ir às "vinhas" (kramim - כְּרָמִים, Strong H3754), um lugar frequentemente associado à fertilidade e ao amor na literatura bíblica. A videira e as romãs são símbolos de fertilidade e vida, sendo a abertura das flores uma metáfora para a consumação do amor.
O versículo sugere que o campo e as vinhas, em pleno florescimento, são o cenário perfeito para a entrega de "amor" (dodai - דּוֹדַי, Strong H1730). Esse amor é intensamente físico, associado ao ciclo natural de fertilidade e renovação. A videira florescendo e as romãs brotando refletem o florescimento do amor conjugal e o prazer de estar juntos.
Versículo 13
Tanach: "Hadvudaim natnu re'ach ve'al petacheinu kol megadim chadashim gam yeshanim dodi tzafanti lakh" (הַדּוּדָאִים נָתְנוּ רֵיחַ וְעַל־פְּתָחֵינוּ כָּל־מְגָדִים חֲדָשִׁים גַּם־יְשָׁנִים דּוֹדִי צָפַנְתִּי לָךְ).
ARA: "As mandrágoras exalam o seu perfume; e às nossas portas há todo gênero de excelentes frutos, novos e velhos; eu, ó amado meu, os guardei para ti."
Exegese:
A "mandrágora" (dudaim - הַדּוּדָאִים, Strong H1736) é uma planta associada à fertilidade e ao desejo sexual, e o fato de seu perfume estar no ar sugere a presença de uma atmosfera de erotismo e desejo. O "perfume" (re'ach - רֵיחַ, Strong H7381) das mandrágoras indica que o momento é propício para a união física.
Os "frutos novos e velhos" são símbolos de abundância e variedade, e podem ser interpretados como uma metáfora para as experiências amorosas e o prazer que a amada reservou para o amado. O uso de "guardei para ti" (tzafanti lakh - צָפַנְתִּי לָךְ) sugere que ela preparou esse momento especial para seu amado, guardando o melhor para ele, tanto as memórias antigas quanto as novas experiências que estão por vir.
Alguns símbolos e analogias:
1. Colunas de mármore (Cânticos 7:1-2)
No início do capítulo, a beleza física da amada é comparada a colunas de mármore. O mármore, sendo uma pedra preciosa e sólida, simboliza a força, a permanência e a pureza. Esse símbolo aponta para a robustez e perfeição da amada, além de sugerir uma beleza esculpida e nobre.
2. Ventre como monte de trigo (Cânticos 7:2)
O ventre da amada é comparado a um "monte de trigo cercado de lírios." O trigo é um símbolo de abundância e provisão, sugerindo fertilidade, produtividade e a capacidade de sustentar a vida. Nesta analogia, a amada é vista como alguém que nutre e gera vida, tanto fisicamente (no sentido de fertilidade) quanto simbolicamente (como uma figura de sustento emocional e espiritual).
3. Torre de Damasco (Cânticos 7:4)
O pescoço da amada é comparado a uma "torre de marfim." As torres, especialmente na literatura bíblica, frequentemente simbolizam proteção, segurança e elevação. Aqui, a torre sugere que a amada é uma figura de força e dignidade. Além disso, Damasco, uma cidade significativa na antiguidade, indica algo grandioso e valioso.
4. Palmeira e cachos de tâmaras (Cânticos 7:7-8)
O corpo da amada é comparado a uma palmeira, e os seios são vistos como cachos de tâmaras. A palmeira é uma árvore alta e graciosa, frequentemente associada à vitória, beleza e fertilidade. Os cachos de tâmaras são frutos nutritivos e doces, sugerindo a generosidade e prazer que a amada oferece ao amado. Este símbolo destaca a feminilidade e o erotismo do corpo da mulher, visto como fonte de deleite.
5. Portas (Cânticos 7:13)
A menção de "portas" remete a um lugar de entrada e convite. No contexto do amor conjugal, essa referência pode simbolizar a abertura e a receptividade para a intimidade, tanto física quanto emocional. "A porta" muitas vezes é usada como uma metáfora para o acesso à união e ao amor.
6. Mandrágoras (Cânticos 7:13)
As mandrágoras são mencionadas como exalando perfume e frequentemente estão associadas à fertilidade e ao amor romântico. Na antiguidade, a mandrágora era uma planta ligada a rituais de fertilidade devido à sua forma e propriedades. Aqui, o seu perfume simboliza o desejo e a preparação para o encontro amoroso, sugerindo que o cenário é favorável ao amor e à procriação.
7. Frutos novos e velhos (Cânticos 7:13)
A imagem de "frutos novos e velhos" sugere a continuidade e renovação do amor. Frutos são, na Bíblia, símbolos de bênção, alegria e produção. A referência a novos e velhos frutos indica que o relacionamento amoroso é tanto nutrido por experiências passadas quanto aberto a novas descobertas e prazeres. Isso sugere uma constância no amor, mas também uma disposição para renovação e crescimento.
8. Colunas de fumaça (Cânticos 7:6)
Embora essa imagem seja usada em outros capítulos de Cânticos, aqui também podemos vê-la como um símbolo importante. As "colunas de fumaça" evocam uma imagem de adoração e sacrifício, conectando o amor humano a algo divino e espiritual, sugerindo que o amor conjugal não é apenas terreno, mas carrega conotações espirituais e sagradas.
Conclusão
O capítulo 7 de Cânticos dos Cânticos é uma expressão poética que celebra o amor conjugal de forma altamente simbólica e sensual. Cada versículo carrega uma riqueza de imagens que destacam a beleza física, o desejo intenso e a intimidade profunda entre os amantes. Os símbolos utilizados, como vinhas, romãs, flores, mandrágoras e frutos, reforçam a ideia de fertilidade, renovação e a plenitude do amor.
A estrutura dos versículos revela o dinamismo do relacionamento amoroso, onde o desejo é explícito, mas também cercado por um respeito mútuo e uma entrega total. A amada se coloca como aquela que pertence ao seu amado, e o desejo dele por ela é visto como natural e recíproco. A intimidade física é celebrada como algo bom e sagrado, sendo parte fundamental do relacionamento.
A natureza erótica do texto é evidente, mas sempre associada a elementos de pureza e respeito, utilizando o campo, as flores e as frutas como metáforas para o amor físico. A simbologia hebraica, especialmente com termos como "teshukah" (desejo), "dodai" (amor) e "nephesh" (alma), reforça a ideia de que a união física é uma manifestação profunda do amor espiritual e emocional entre os amantes.
No contexto teológico, os elementos naturais e sensuais também servem como metáforas para o relacionamento entre Deus e Seu povo. A busca pelo amado, o desejo de encontrar e permanecer com ele, e a celebração do amor em meio à natureza, são paralelos da busca espiritual pela presença de Deus e a intimidade da aliança divina.
Portanto, Cânticos 7 é um capítulo que eleva o amor conjugal, demonstrando que o desejo físico e a união íntima são expressões legítimas e abençoadas de um amor profundo e completo, tanto no contexto humano quanto no espiritual.
Parte 1: https://medita-na-palavra.blogspot.com/2024/09/exegese-do-livro-de-cantares.html
Parte 2: https://medita-na-palavra.blogspot.com/2024/09/exegese-do-capitulo-2-de-cantares.html
Parte 3: https://medita-na-palavra.blogspot.com/2024/09/exegese-do-capitulo-3-de-cantares.html
Parte 4: https://medita-na-palavra.blogspot.com/2024/09/exegese-cantares-5.html
Parte 5: https://medita-na-palavra.blogspot.com/2024/09/exegese-cantares-5.html
Parte 6: https://medita-na-palavra.blogspot.com/2024/09/exegese-cantares-6.html
Parte 7: https://medita-na-palavra.blogspot.com/2024/09/exegese-do-capitulo-7-de-cantares.html
Parte 8: https://medita-na-palavra.blogspot.com/2024/09/exegese-do-capitulo-8-de-cantares.html
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