Nossa Família: O Sangue e a Fé
Introdução
Família é um conceito que ultrapassa a definição de laços de sangue. Em nossa caminhada de fé, aprendemos que há uma família ainda mais abrangente e significativa: a família espiritual, composta por aqueles que compartilham o mesmo Espírito, recebendo o mesmo novo nascimento. Pertencemos à casa de Deus, nosso Pai, e nossa união com Ele nos faz membros de uma família eterna. Esta reflexão nos convida a repensar o que significa defender e cuidar não apenas de nossa família natural, mas também de nossos irmãos em Cristo, com zelo e responsabilidade espiritual.
A Família de Deus
Ao longo da Bíblia, somos lembrados de que, através de Cristo, nos tornamos filhos de Deus e, portanto, parte de Sua grande família. Em Lucas 11:13, Jesus nos revela o coração generoso do Pai, que nos concede o Espírito Santo. Em Mateus 10:37, Jesus coloca em perspectiva os nossos apegos terrenos, desafiando-nos a amar mais a Deus do que a qualquer outro. E em Lucas 8:21, Ele afirma que “minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a obedecem”. Esses versículos nos mostram que o chamado de Deus é para uma nova visão de pertencimento, que transcende o vínculo sanguíneo.
Mas será que valorizamos nossa família espiritual da mesma forma que a nossa família de sangue? Defendemos aqueles que compartilham a mesma fé e os protegemos do mal com o mesmo fervor que defenderíamos nossos parentes? Essa é uma pergunta crucial para todos nós.
A Defesa da Família Espiritual
Em nossa sociedade, estamos acostumados a defender nossa família de sangue com paixão e prontidão. No entanto, com frequência, não demonstramos a mesma atitude em relação aos nossos irmãos e irmãs em Cristo. Somos rápidos em julgar ou nos afastar diante de problemas e erros. Contudo, assim como protegemos nossos familiares, devemos estar prontos para proteger e apoiar a família espiritual, combatendo o “espírito enganador” que se levanta contra eles.
A Bíblia nos exorta a não assumir o papel de juízes, pois esse papel cabe a Deus, que virá com justiça (Romanos 12:19). Nossa tarefa é interceder em oração e confiar no Senhor para que Ele envie seus anjos para proteger e agir de acordo com Sua perfeita justiça. Quando defendemos nossa família espiritual, estamos combatendo o inimigo de nossas almas que deseja destruir a unidade e o propósito de Deus para Sua Igreja.
O Perigo da Indiferença e o Pecado do Aborto Espiritual
Infelizmente, existem “crimes” que rejeitamos em nossa casa, mas que, de forma sutil, acabamos permitindo em nossa vida espiritual. Um exemplo mencionado é o aborto. Assim como o aborto físico é um ato de interromper uma vida, também podemos “abortar” espiritualmente. Esse “aborto espiritual” acontece quando, por atos e palavras impensadas, afastamos alguém do corpo de Cristo, interrompendo seu desenvolvimento espiritual e seu potencial de servir a Deus.
Quando alguém decide abandonar a fé ou se desvia, devemos refletir: tivemos algum papel nesse afastamento? Jesus chamou-nos para ser acolhedores, para dar suporte e encorajamento aos novos convertidos e aos irmãos que enfrentam dificuldades. No entanto, quantas vezes, por críticas, julgamentos ou indiferença, acabamos sendo responsáveis pelo enfraquecimento de um irmão? Esse tipo de comportamento é comparável a um “aborto espiritual” – uma interrupção do plano de Deus na vida de alguém.
Conclusão
Nossa responsabilidade como parte da família de Deus é grande. Devemos defender, amar e apoiar uns aos outros, refletindo a bondade e o cuidado de Cristo. Assim como somos zelosos com nossa família de sangue, precisamos estar atentos para não sermos negligentes com a nossa família espiritual. Quando cuidamos dos nossos irmãos em Cristo, estamos honrando o próprio Deus e contribuindo para que Seu propósito seja cumprido na vida de cada pessoa.
O amor de Deus nos chama para algo maior: sermos defensores e intercessores, não juízes. Ele nos convida a sermos instrumentos de cura e de restauração em Sua família. Se formos fiéis a esse chamado, veremos o crescimento de uma família forte e unida, que testemunha ao mundo a beleza do amor de Deus.
Que possamos, então, entender que nossa família é mais do que sangue; é o sangue de Cristo que nos une.
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