O teu bordão e teu cajado me consolam
Vara |
Introdução.
• Em nossos dias, é comum os pastores carregarem consigo os seguintes materiais básicos:
Um bornal onde leva seus alimentos e bebidas, bem como alguns medicamentos para prestar primeiros socorros às ovelhas.
Um cajado longo, que é um pedaço de madeira com a ponta torcida em forma de um gancho.
Cajado |
E, uma espingarda!
• Mas nos dias em que o Salmo 23 foi escrito, os apetrechos básicos do pastor eram apenas: um bordão e um cajado.
• O cajado era muito semelhante aos cajados modernos e era chamado de מִשׁעֶנָה- mish`enah. Mas, no lugar da espingarda, os pastores de antigamente usavam um שִׁבְט – shebet - bordão.
• O que é um bordão? De acordo com o Dicionário Aurélio Século XXI, bordão é: Pau grosso, de arrimo; cajado, báculo, bastão, vara, vara-pau ou cacete.
• Dentro do contexto do Antigo Testamento, o bordão era um pedaço de pau, cuidadosamente esculpido pelo pastor, para adquirir uma forma arredondada, com uma ponta mais grossa do que a outra, e um comprimento que variava de 60 a 80 centímetros. Era usado, basicamente, como um extensor do braço do pastor.
• É acerca desse bordão e desse cajado que Davi, pensando em Deus como o bom pastor, diz:
O TEU BORDÃO E O TEU CAJADO ME CONSOLAM
I. O Bordão do Pastor das Ovelhas.
• O bordão do pastor de ovelhas no Antigo Testamento tinha esses significados:
Era a arma que ele usava para a sua segurança e do rebanho.
Era também o instrumento usado para corrigir as ovelhas rebeldes.
• O bordão servia então, para transmitir as noções de segurança e disciplina.
• O bordão podia ser usado em distância curtas, mas ele também podia sair voando, tanto para corrigir uma ovelha mal comportada como para atingir algum animal intruso.
• Além do mais, o bordão servia também para contar e examinar as ovelhas.
• Como as ovelhas têm muito pelos, é necessário, muitas vezes usar um instrumento para abrir e separar os pelos, de tal maneira que o pastor possa ter acesso à pele, para poder examinar de maneira correta o animal.
II. O Cajado do Pastor das Ovelhas
• O cajado é um instrumento usado, exclusivamente, por aqueles que cuidam de ovelhas.
• Como tal, ele é um símbolo do interesse e da compaixão que o pastor tem por suas ovelhas.
• O cajado também serve para ajudar o pastor a se apoiar, quando ele precisa parar e recuperar as forças.
• No relacionamento com as ovelhas, o cajado tem três funções importantes:
Trazer a ovelha para um contato mais próximo com o pastor, para poder examiná-las. Para poder cuidar de suas necessidades de uma maneira mais detida.
O cajado também é usado para levantar os cordeirinhos recém-nascidos e trazê-los para perto da mãe, sem tocá-los com as mãos. Se a ovelha sentir qualquer cheiro estranho no cordeirinho, ela rejeitará o mesmo. Por esse motivo o pastor não toca os animais recém-nascidos com as mãos; ele usa exclusivamente o cajado.
O pastor usa o cajado também para conduzir as ovelhas. Muitas vezes ele faz o cajado repousar, suavemente, sobre as costas de um animal e caminha junto com ele, como se estivessem de “mãos dadas”.
III. O SIGNIFICADO ESPIRITUAL DO BORDÃO.
• Desde os dias de Moisés, o bordão tornou-se sinônimo da Palavra de Deus e a Palavra de Deus é o símbolo maior da autoridade divina.
Êxodo 4:2 - Perguntou-lhe o SENHOR: Que é isso que tens na mão? Respondeu-lhe: Um bordão.
Êxodo 4:17 Toma, pois, este bordão na mão, com o qual hás de fazer os sinais.
Êxodo 4:20 Tomou, pois, Moisés a sua mulher e os seus filhos; fê-los montar num jumento e voltou para a terra do Egito. Moisés levava na mão o bordão de Deus.
• A palavra de Deus, como o bordão do pastor, é extensão da mente e da vontade de Deus e a manifestação expressa daquilo que ele deseja de nós.
• Da mesma maneira como nos dias de Davi, era um consolo para a ovelha ver o bordão nas mãos do pastor, assim também, deve nos servir de plena consolação, termos disponível a palavra de Deus em nossas mãos.
• Vivemos em tempos de grande confusão. Muitas vozes estão ressoando em nossos ouvidos. Temos muitas religiões e filosofias competindo pela nossa atenção. O apóstolo Paulo já havia advertido o jovem pastor Timóteo acerca de uma condição semelhante. Seus conselhos são válidos também para os nossos dias já que a realidade mudou muito pouco:
Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas – 2 Timóteo 4:1—4.
• E como existem fábulas nesse mundo! Algumas dessas fábulas são muito comuns, mesmo aqui em são João da Boa Vista:
Uma delas nos diz que eles são a única igreja verdadeira, porque eles são os únicos que ainda preservam a tradição dos doze apóstolos. Para provar essa afirmação eles mostram uma foto. O problema é que quando você conta a quantidade de homens que aparecem na foto, eles somam quinze e não doze. Além disso, esse povo tem outro problema que é o seguinte: quando eles estavam para se estabelecer no Brasil, eles tiveram que receber uma revelação adicional que dava, aos negros, diretos iguais àqueles possuídos pelos brancos. Mas o que diz a Bíblia? Ela diz: Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus – Gálatas 3:26—28.
Outros dizem que seguem as idéias de um homem que, no século XIX recebeu uma revelação, vinda diretamente do além, que dizia que as pessoas não morrem, que elas continuam vivas. Além disso, essas mesmas vozes do além lhe teriam dito que o ser humano precisa salvar a si mesmo. Que tudo depende da prática de boas obras. O nome dele era Hippolyte-León-Denizard Rivail. Mas meu caro Denizard, como é que você se atreveu a dizer que recebeu essa revelação do além, como se fosse uma grande novidade, quando a Bíblia, 19 séculos antes já registrava essas palavras: Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho – 2 Timóteo 1:8—10?
Um terceiro grupo alega que, depois de dezenove séculos de história da igreja cristã, descobriu a chave para a verdadeira interpretação da Escritura Sagrada. Entre as muitas tolices que ensinam, está essa: Jesus não é Deus! Mas o que diz a palavra de Deus?: Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora o conheceis e o tendes visto. Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? – João 14:6—9
• Meus irmãos e irmãs, quanta consolação deve representar para nós a Palavra de Deus. Ela é como...
Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos Salmos - 119:105.
Não é a minha palavra fogo, diz o SENHOR, e martelo que esmiúça a penha? -Jeremias 23:29.
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra – 2 Timóteo 3:16—17.
• Que a Palavra de Deus seja nossa única autoridade e que nela possamos encontrar toda a consolação que precisamos.
• O próprio Jesus, nosso Bom Pastor, quando precisou se defender dos ataques do predador das nossas almas, esse mesmo chamado Satanás ou Diabo, Ele o fez brandindo contra o inimigo, a autoridade da Palavra de Deus – ver Mateus 4:1—10. Não deve, portanto, ser diferente conosco.
IV. O SIGNIFICADO ESPIRITUAL DO CAJADO.
• Da mesma maneira que o cajado é o instrumento que representava, para Davi, o amor e a compaixão de Deus no Antigo Testamento, assim também a manifestação maior do cuidado e da compaixão de Jesus, nosso Bom Pastor, está encapsulada nessas palavras: E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros – João 14:16—18.
• E mais ainda em João 16:12—14, onde Jesus diz: Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.
• Não existe forma mais amorosa de Jesus nos tratar do que enviar o Espírito Santo para habitar em nós, para ser o nosso Consolador ou παράκλητος – parácletos, que é alguém chamado ou convocado a estar do lado de outro, com o objetivo específico de ajudar.
Conclusão:
1. O Salmista disse que: o teu bordão e o teu cajado me consolam. No Antigo Testamento o termo é נַחַמ – nacham – consolar ou confortar. No Novo Testamento temos a expressão παρακλήω- parakaléo – consolar, que é sinônimo de fortalecer. Dois termos, dois significados que se complementam: FORTALECER PELA CONSOLAÇÃO.
2. Além do mais temos recebido do Senhor Jesus, nosso Bom Pastor, Seu Espírito Santo que veio, exatamente para nos consolar, nos guiar e nos fortalecer. O Espírito Santo também testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus – Romanos 8:16—17 – além de servir como selo e penhor das promessas que Deus nos fez – ver Efésios 1:13—14.
3. Todos os dias temos que enfrentar pessoas que nos apresentam suas mentiras. Algumas são muito sutis, matreiras e sofisticadas. Nosso conforto e força, para enfrentar esses falsos mestres e seus falsos ensinamentos, precisam estar centrados na Palavra de Deus.
4. Devemos também deixar o Espírito de Deus usar a Palavra de Deus para nos aperfeiçoar: Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração – Hebreus 4:12.
5. Somos criaturas voluntariosas como as ovelhas e muitas vezes tomamos decisões erradas porque recusamos ouvir a Palavra do Senhor e porque não nos deixamos guiar pelo Espírito Santo. Assim, muitos dos nossos problemas são produtos dos nossos próprios erros. É nessas horas que precisamos deixar que o Bom Pastor nos corrija, com a firmeza do seu bordão – a apalavra de Deus - nosso rumo, ao mesmo tempo em que com Seu cajado – o Espírito Santo – nos arraste para junto de Si.
6. Abramos o coração. Reconheçamos nossas rebeldias e deixemos que Deus nos perdoe e nos purifique de todo pecado.
7. Que Deus abençoe e console a todos nós. Hoje e sempre.
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2013/01/salmos-234b-o-teu-bordao-e-o-teu-cajado.html
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