Mulheres na Reforma Protestante. Helen Sirk

 Entre as cerca de vinte pessoas martirizadas por suas crenças durante as décadas que precederam a adoção oficial do Protestantismo na Escócia (1560), havia apenas uma mulher: Helen Stirk.

As únicas informações que temos sobre a vida de Helen Stirk nos chegam, ironicamente, por meio dos relatos de sua morte. Sabemos que ela era casada, que era mãe de pelo menos um filho e que era uma mulher de notável fé e coragem. Além disso, sua vida e atividades permanecem envoltas em mistério.

Helen era uma cristã comum na cidade de Perth, Escócia, dedicada aos afazeres domésticos como esposa e mãe. Sua vida teria passado despercebida pela história, não fosse pelo nascimento de seu último filho. Durante o trabalho de parto, a tradição católica exigia orações à Virgem Maria para proteção e segurança. Helen, conhecedora das Escrituras, rejeitou essa prática, considerando-a uma superstição sem base bíblica. As parteiras insistiram para que ela seguisse o ritual, mas Helen permaneceu firme em sua recusa.

Ela declarou: "Se eu tivesse vivido nos dias da Virgem, Deus poderia ter olhado para a minha humildade da mesma forma que olhou para a dela e me feito a mãe de Cristo". Sua afirmação ousada desafiava as crenças tradicionais e afirmava sua confiança de que suas orações iam diretamente a Deus, por meio de Jesus Cristo.

Helen foi presa em Perth no dia 25 de janeiro de 1544, juntamente com seu marido, James Ronaldson, e outros três moradores da cidade, Robert Lamb, William Anderson e James Hunter. Perth, como a maioria das cidades da costa leste da Escócia, revelou-se um centro fervoroso de ideias reformistas, em grande parte porque sua indústria naval garantia contato regular com o continente europeu (e, consequentemente, com livros e ideias continentais). Sensíveis ao avanço do Protestantismo em Perth, vários altos funcionários da Igreja Católica Romana visitaram a cidade no início de 1544 com o intuito expresso de desencorajar opiniões evangélicas. A detenção de Helen, seu marido e amigos foi um resultado dessa visita.

As cinco pessoas apreendidas foram acusadas coletivamente de se reunirem para ler e estudar uma Bíblia em inglês, em violação direta das recentes leis escocesas que proibiam a posse e/ou leitura de edições vernáculas das Escrituras. A julgar pela natureza das acusações adicionais feitas contra os membros desse estudo bíblico ilegal, sua leitura e exame das Escrituras em conjunto influenciaram poderosamente suas convicções sobre Deus e o evangelho.

A notícia sobre a recusa de Helen em orar a Maria e sua afirmação de igualdade diante de Deus logo chegou ao conhecimento do clero católico local e, em pouco tempo, Helen foi presa. Junto com seu marido, James Ronaldson, e outros quatro protestantes de Perth, ela foi acusada de "heresia" por se reunir para ler a Bíblia em inglês e questionar tradições católicas. O pequeno grupo foi condenado à morte.

Helen pediu para morrer ao lado do marido, mas seu pedido foi negado. Os homens seriam enforcados, e as mulheres, afogadas. Antes da execução, ela se despediu de James, segurando seu filho nos braços: "Marido, alegrai-vos, pois vivemos juntos muitos dias felizes, e este dia em que morreremos será o mais alegre de todos, pois teremos alegria eterna. Portanto, não te darei boa noite, porque em breve nos encontraremos no Reino dos céus".

Após ver James ser enforcado, Helen foi levada a um lago próximo, onde teve as mãos e os pés amarrados, foi colocada em um saco com pedras e atirada na água. Seu "crime" foi ousar desafiar a prática tradicional de orar à Virgem Maria.

Embora os detalhes sobre a vida de Helen sejam escassos, ela é lembrada como uma mulher de coragem fortalecida pelas Escrituras. Sua postura no leito de parto, ao afirmar que qualquer mulher poderia ser escolhida por Deus como Maria foi, desafiou as normas e reivindicou a primazia de Cristo em sua vida.

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