Uma Igreja Madura
O papel da igreja vai além de apenas reunir pessoas para adoração e ensino; ela é chamada para ser um instrumento de reconciliação entre a criação e o Criador. Essa reconciliação reflete o ministério de Cristo, que veio ao mundo para restaurar a relação entre Deus e a humanidade.
Em 2 Coríntios 5:18-19, Paulo nos lembra dessa missão: "Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação."
A igreja, como corpo de Cristo, é chamada para levar essa mensagem de reconciliação ao mundo, mostrando o amor de Deus e promovendo a paz entre os homens e entre a criação e o Criador. Isso inclui:
- Proclamar a mensagem do evangelho – Compartilhar a boa nova de que, através de Jesus Cristo, todos podem se reconciliar com Deus.
- Viver como exemplos de reconciliação – Demonstrar, em ações e atitudes, o amor e a graça que recebemos de Deus.
- Cuidar da criação – Como agentes de reconciliação, a igreja também deve promover a mordomia do meio ambiente, reconhecendo que Deus nos confiou o cuidado do mundo que Ele criou.
Assim, o papel da igreja é não apenas espiritual, mas envolve toda a criação, buscando restaurar a ordem original onde Deus e Sua criação vivam em harmonia. Isso destaca a responsabilidade que os cristãos têm de trabalhar pela paz, pela justiça e pelo bem-estar de tudo que foi criado, refletindo o propósito redentor de Deus.
Colossenses 1:24 é uma passagem profunda e muitas vezes intrigante que traz à luz a visão de Paulo sobre o sofrimento no contexto do ministério cristão. O versículo diz:
"Agora me alegro nos meus sofrimentos por vós e completo no meu corpo o que resta das aflições de Cristo, por amor do seu corpo, que é a igreja." (Colossenses 1:24)
Essa passagem revela a disposição de Paulo em sofrer por causa da igreja e do evangelho. Vale a pena refletir sobre esse versículo por várias razões:
Alegria no Sofrimento: Paulo fala sobre se alegrar nos sofrimentos, algo que desafia a compreensão comum. Essa alegria não é masoquista, mas nasce do entendimento de que seu sofrimento tem um propósito maior: a edificação do corpo de Cristo, que é a igreja.
O Conceito de "Completar o que Resta das Aflições de Cristo": Paulo não está dizendo que os sofrimentos de Cristo na cruz foram insuficientes para a redenção da humanidade. Pelo contrário, ele se refere às tribulações que ele e outros cristãos enfrentam ao levar a mensagem do evangelho ao mundo. Esses sofrimentos são parte do testemunho contínuo de Cristo por meio da igreja.
Identificação com Cristo: O sofrimento de Paulo demonstra uma profunda identificação com os sofrimentos de Jesus. Ele reconhece que, ao passar por provações, ele participa de um processo que reflete a vida de Cristo e continua a obra de proclamar a salvação.
Amor pela Igreja: Paulo deixa claro que seu sofrimento é por amor ao corpo de Cristo, a igreja. Isso enfatiza o valor da comunidade de fé e o compromisso de cuidar e edificar uns aos outros, mesmo em meio a dificuldades.
Vale a pena considerar essa passagem, pois ela nos desafia a repensar nossa perspectiva sobre dificuldades e sacrifícios em nossa vida cristã. Ela nos ensina que, muitas vezes, o sofrimento por amor a Cristo e à sua igreja não é um sinal de derrota, mas de participação na missão e no plano redentor de Deus. É um lembrete poderoso de que nossa caminhada cristã pode incluir tribulações, mas essas dificuldades têm um propósito maior e trazem glória a Deus.
O apóstolo Paulo foi um exemplo claro de alguém que estava disposto a suportar todas as coisas pela igreja e pelo evangelho de Cristo. Ele enfrentou inúmeras dificuldades, perseguições e sofrimentos, mas fez isso com o coração cheio de amor e compromisso pela obra de Deus.
Em 2 Coríntios 11:23-28, Paulo detalha as dificuldades que enfrentou:
"São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em prisões, muito mais; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus quarenta açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas; uma vez fui apedrejado; três vezes sofri naufrágio; uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos da parte dos meus compatriotas, em perigos da parte dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejuns muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas."
Esse trecho nos mostra o quanto Paulo estava disposto a sacrificar por amor às igrejas. Ele suportava tudo, desde agressões físicas até dificuldades extremas, com um propósito claro: edificar, proteger e guiar o povo de Deus.
O exemplo de Paulo revela uma profunda dedicação que vai além do compromisso pessoal; é um reflexo do amor de Cristo manifestado em suas ações. Paulo sabia que seu chamado era ser um ministro da reconciliação e um construtor da igreja. Ele se alegrava em seu sofrimento (Colossenses 1:24) porque entendia que seu sofrimento ajudava a fortalecer a igreja e promover a obra de Deus no mundo.
Portanto, ao considerar o que Paulo suportou pela igreja, é um lembrete poderoso para os cristãos de todas as gerações sobre a importância de viver uma vida de serviço e sacrifício, colocando o bem-estar do corpo de Cristo e a propagação do evangelho acima de nossas próprias conveniências e confortos.
Colossenses 3:11-16 é uma passagem poderosa que enfatiza a unidade e o comportamento cristão no contexto da nova vida em Cristo. Aqui está o trecho:
"11 Aqui não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos. 12 Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. 13 Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem; assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós. 14 Acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição. 15 Seja a paz de Cristo o árbitro em vossos corações, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos. 16 Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, hinos e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração."
Reflexão sobre Colossenses 3:11-16
Unidade em Cristo (v. 11): Paulo deixa claro que as divisões étnicas, culturais e sociais não têm lugar na nova vida em Cristo. Em Cristo, todas as barreiras são quebradas e todos são iguais, destacando que "Cristo é tudo em todos". Isso nos chama a viver e tratar uns aos outros com igual valor e respeito, independente das diferenças.
Características de um Cristão (v. 12-13): Paulo exorta os cristãos a se revestirem de virtudes como misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência. Essas qualidades refletem o caráter de Jesus e ajudam a manter a harmonia na comunidade de fé. A prática do perdão é central e deve ser modelada segundo o perdão que recebemos de Cristo.
Amor, o Vínculo da Perfeição (v. 14): O amor é descrito como o "vínculo da perfeição", ou seja, o elemento que une todas as virtudes e mantém a unidade no corpo de Cristo. Sem amor, todas as outras virtudes perdem sua eficácia.
Paz de Cristo (v. 15): A paz de Cristo deve governar os corações dos cristãos. Essa paz não é apenas a ausência de conflito, mas uma harmonia que provém da presença de Cristo em nossas vidas. É um chamado para que essa paz seja o árbitro em nossas decisões e relacionamentos.
A Palavra de Cristo (v. 16): A Palavra de Cristo deve habitar "ricamente" em nós. Isso significa que ela deve ser a fonte de instrução e conselho mútuo. Paulo também incentiva o louvor através de salmos, hinos e cânticos espirituais, destacando a importância de adorar a Deus com gratidão.
Aplicação Prática
- Cultivar Unidade: Lembre-se de que em Cristo não há distinção de pessoas. Devemos trabalhar para promover uma comunidade onde todos são acolhidos e tratados com igualdade.
- Revestir-se de Virtudes: Faça um esforço consciente para demonstrar misericórdia, bondade, paciência e perdão em suas interações.
- Amor como Prioridade: Coloque o amor em primeiro lugar em todas as situações; ele é o alicerce da maturidade cristã.
- Paz Interior e Comunitária: Deixe a paz de Cristo guiar suas decisões e traga paz às suas relações.
- Adoração e Gratidão: Mantenha um coração grato e expresse sua fé através de louvores e ações de graças, permitindo que a Palavra de Cristo oriente sua vida e suas interações.
Essa passagem nos convida a viver como um reflexo de Cristo, criando uma comunidade marcada pela paz, amor e adoração genuína.
Comentários
Postar um comentário