Jesus no Evangelho de Mateus


 O Evangelho de Mateus não nasceu num vácuo cultural. Ele brota de uma terra, de um povo, de uma memória coletiva moldada por séculos de caminhada com Deus. Mateus fala a língua da sua gente. Desde a genealogia que remonta a Abraão — o pai da fé — até os discursos de Jesus proferidos em montanhas, lembrando a postura de Moisés ao receber a Torá, cada detalhe carrega um propósito. É como se Mateus dissesse: “Nada em Jesus é desconectado das promessas antigas; tudo se cumpre nEle.”

📜 Curiosidade 1 — Mateus cita mais de 60 vezes as Escrituras Hebraicas

Ele não apenas menciona textos; ele os entrelaça com a vida de Jesus, mostrando a continuidade da história.
Exemplos:

  • Mateus 1:23 cita Isaías 7:14 (“A virgem conceberá e dará à luz um filho”), mostrando que o nascimento de Jesus não é um evento isolado, mas a concretização de uma expectativa milenar.

  • Mateus 2:6 cita Miqueias 5:2 para explicar por que o Messias nasceria em Belém, ligando a geografia da fé ao destino do Cristo.

  • Mateus 21:5 traz Zacarias 9:9 ao narrar a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, destacando que o Rei prometido chegaria humilde, montado em um jumentinho.

Em cada citação, Mateus reforça uma verdade simples e antiga: o Deus da aliança cumpre o que promete.

📖 Curiosidade 2 — Os ensinos de Jesus refletem estilos rabínicos

Quando ouvimos Jesus dentro do ambiente judaico do primeiro século, Sua voz ganha ainda mais força. Muitos de Seus métodos eram familiares ao povo: parábolas, comparações, contrastes, repetições intencionais, e até a famosa técnica do kal va-ḥomer (“do menor para o maior”).

Exemplos:

  • Parábolas: Contar histórias era uma prática comum entre rabinos. A parábola do semeador (Mateus 13) se encaixa perfeitamente nesse estilo — uma narrativa simples que esconde uma realidade espiritual profunda.

  • Sermão do Monte: Quando Jesus diz: “Ouvistes o que foi dito… Eu, porém, vos digo…” (Mateus 5), Ele está usando uma forma rabínica de ampliar e aprofundar a Lei, não de anulá-la. Os antigos chamavam isso de “erguer a Torá”, isto é, revelar sua intenção original.

  • Método do menor para o maior: Em Mateus 7:11, Jesus ensina que, se pais humanos, limitados, sabem dar boas dádivas aos filhos, quanto mais o Pai celestial dará coisas boas aos que lhe pedirem. Essa comparação é um clássico raciocínio rabínico.

Quando entendemos esse contexto, descobrimos que Jesus não rompe com as tradições — Ele as cumpre, as honra e as leva à perfeição.

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