Apocalipse: um guia para os jovens
Os jovens querem saber sobre o Apocalipse.
Uma das melhores coisas sobre trabalhar com jovens na igreja
ou em uma escola cristã, como fiz por 28 anos, é responder perguntas sobre a bíblia.
Há, entretanto, uma coisa que aprendi sobre as perguntas dos jovens a respeito
da bíblia. A maioria delas são sobre o livro mais difícil, o livro do
apocalipse. E essas questões são muito difíceis de responder.
Os mais jovens ficam curiosos a respeito do livro do
Apocalipse por muitas razões. Se o leram, estão certamente curiosos a respeito
do que foi lido. É um livro cheio de coisas misteriosas que não estão
explicadas. O Apocalipse é também assunto de livros e filmes, como aquela série
popular “Deixados para trás” e os filmes “The Omega Code”. Pregadores na TV e
nas igrejas têm muito a dizer sobre o livro do Apocalipse, e muito do que dizem
a respeito dos significados deste livro, parece certo. Naturalmente, os mais
jovens ficam curiosos a respeito deste livro, quando ouvem falar que é um livro
de previsões do futuro.
O livro do Apocalipse tem uma reputação diferente de
qualquer outro livro da bíblia. É raro que eu tenha algum aluno que faça
perguntas sobre o livro de Romanos ou o de Atos. Estes livros são considerados
chatos, e se um estudante os lê a história e as ideias parecem ser todas de “muito
tempo atrás”. O Apocalipse, por outro
lado, parece ser a respeito de um futuro imediato. Parece estar falando sobre “coisas
que em breve acontecerão”. Qualquer pessoa normal fica curiosa a respeito do
futuro, e o livro do Apocalipse parece atiçar a coceira da curiosidade.
O que nós sabemos sobre o livro do Apocalipse?
Talvez, a parte mais frustrante de tais questões é que, na
maioria das vezes, é praticamente impossível explicar tudo que uma pessoa
precisa saber sobre o livro do Apocalipse, com umas poucas frases. É um livro
muito difícil! De fato, quando o Novo Testamento teve seus livros colocados
todos juntos, muitos líderes cristãos sentiam que o livro não deveria estar na
bíblia, porque seria muito confuso. Continua um livro confuso, mas certamente
permaneceu na bíblia. Simplesmente temos que pagar o preço e estudar mais.
Há centenas de livros escritos sobre o livro do Apocalipse.
A maior parte deles estão além da capacidade do jovem estudante mediano, de ler
e entender. Parte do que estou escrevendo neste ensaio, é para encorajar esses
jovens a querer aprender mais, e de forma perseverante, procurar e ler os
livros mais fáceis, que possam ajudá-los a entender o livro do Apocalipse.
A dificuldade em entender o livro do Apocalipse não vem do
que sabemos a respeito deste livro. A maioria dos estudiosos concorda na
maioria das coisas básicas a respeito dele.
Foi escrito no final do primeiro século depois de Cristo,
talvez em torno de 95 dC. O autor, João, e muitos cristãos acreditam que era o
apóstolo João, um dos doze apóstolos escolhidos por Jesus e o autor do
evangelho segundo João. Há outros líderes cristãos acreditam que foi escrito
por um João do primeiro século, mas o escritor do livro não nos conta muita
coisa a respeito de si mesmo. Na verdade, ele deixa claro que é mais um “secretário”
do que qualquer outra coisa, escrevendo o que viu e ouviu.
O livro foi escrito para sete igrejas que existiam no que
era chamado de Ásia Menor, onde hoje fica a Turquia. Estas igrejas eram todas
diferentes umas das outras em tamanho, mas todas elas precisavam de
encorajamento. Os capítulos dois e três do Apocalipse possuem mensagens específicas
de Jesus para cada uma destas sete igrejas, e estes capítulos estão entre os
mais fáceis de ler e entender.
Destas mensagens, sabemos que as igrejas que leram este
livro pela primeira vez, estavam passando por tempos difíceis. Algumas estavam
sendo perseguidas e tendo seus membros executados. Havia falsos mestres em
outras igrejas. Algumas delas eram ricas e se tornaram frias em seu compromisso
com Jesus. Outras eram igrejas pobres e sofredoras, e eram usualmente
aconselhadas a permanecer fieis no sofrimento.
O livro do Apocalipse foi escrito durante a época do Império
Romano. Os romanos dominavam a maior parte do mundo conhecido no primeiro século,
e os imperadores romanos eram muito poderosos. Na verdade, muitos destes
imperadores exigiam ser adorados como se fossem deuses. Em muitas cidades que
queriam mostrar que eram grandes “fãs” do imperador, templos eram construídos e
todo “bom cidadão” romano tinha que fazer uma oferta de incenso e afirmar “César
é o Senhor” ou “O imperador é Deus”.
Esta “profissão de fidelidade” ao imperador não era problema
para a maior parte das pessoas, mas para os primeiros cristãos, era uma escolha
difícil. Eles acreditavam que Jesus era
Senhor e Deus, e seria errado ir a um templo e “adorar” o imperador
romano.Muitos cristãos se recusavam a fazer isso, e como resultado, eram vítimas
de perseguições de vários tipos. Na época em que o livro do Apocalipse foi
escrito, o imperador romano era Domiciano, e ele era muito rigoroso a respeito
da adoração nos seus templos. As cidades construíam templos para ele, tinham
estátuas enormes para o povo adorar, e eram até mesmo empregados “pastores”
para impor a adoração de Domiciano.
Esse tipo de situação é muito difícil para um cristão
americano entender. Nós nunca vivemos sob o poder de um imperador ou império.
Sempre governamos a nós mesmos e temos liberdade religiosa. Os cristãos algumas
vezes são perseguidos ou proibidos de fazer algumas coisas, mas poucos cristãos
americanos sabem o que é ser aprisionado ou morto por serem cristãos.
Mas imagine: Como era ser cristão na China comunista? Na
ex-União Soviética? Em lugares como o Sudão ou em países islâmicos hostis, como
a Arábia Saudita? Nesses lugares, era (e é) comum para milhares de cristãos
sofrer e morrer porque não “adoram” os “deuses” destas nações, e sim, Jesus.
Estes cristão que estão sofrendo, provavelmente entendem o
livro de Apocalipse muito melhor do que nós, porque eles entendem o que é
sofrer, e ter que viver com a escolha de obedecer ou morrer.
O livro do Apocalipse é uma mensagem especial para os cristãos
do primeiro século. É uma mensagem que afirma “Jesus é o Senhor!” O imperador
Domiciano não é o Senhor! Deus está no controle de tudo que está acontecendo. O
futuro será de acordo com os planos de Deus, e preencherá os propósitos dEle. Não
importa quão ruins as coisas fiquem ao longo do caminho, os cristãos devem
permanecer fieis, estar dispostos a sofrer, e esperar que Deus leve todas as
coisas a termo no Seu Reino.
Entender que o livro do Apocalipse é uma mensagem para os
cristãos do primeiro século, não significa que não serve para nós hoje. O
Apocalipse é uma mensagem para todos os cristãos em todos os tempos. Sua
mensagem e sua história pertencem a todas as gerações e a todos os cristãos.
Por que é tão difícil de entender?
Tudo isso não é realmente muito difícil de entender.
Qualquer estudante mediano pode facilmente aprender essa informação e passar
num teste! O que não é fácil a respeito
do livro do Apocalipse, é a forma pela qual é escrito, especialmente do capítulo
três em diante. O livro se torna muito estranho. Vamos falar a respeito da
forma com a qual o livro foi escrito, e porque foi escrito desse jeito.
O livro do Apocalipse usa muitos símbolos e imagens para
contar sua história. É como assistir um filme muito, muito estranho. Há
monstros, anjos, eventos estranhos, personagens misteriosos, muitos números e
enigmas. Está tudo realmente acontecendo desse jeito?
Por exemplo, no capítulo 12, há realmente um dragão querendo
devorar uma criança? Ele tem de verdade sete cabeças? O bebê é realmente levado
para o céu? Será que a mulher teve mesmo que se esconder no deserto por mais de
mil dias? O dragão realmente vomitou um rio, e a terra realmente se abriu e o
engoliu?
Esta é a forma típica pela qual o Apocalipse fala conosco, e
se você diz a si mesmo “Isso não pode ser real. Isso parece ser algum tipo de
simbologia ou código”, então você acertou.
Isso não é como um videotape a respeito das notícias do dia. É muito
mais parecido com uma pintura, cheia de personagens e cores e números e eventos
que possuem significados ocultos, que fazem sentido para algumas pessoas, mas não
para outras.
O apocalipse é escrito em algum tipo de “código”, como
aqueles das charges políticas. Se você está lendo uma charge política, e vê um
elefante pisando um jumento na estrada, você entende que não é isso que está “realmente”
acontecendo. O elefante representa o partido republicano, e o jumento, os
democratas. Se vemos “Tio Sam”, sabemos que se refere aos Estados Unidos, e um
urso, se refere à Rússia.
No Apocalipse, o dragão, a besta, o falso profeta, o
cordeiro, a grande prostituta e outros personagens, são fáceis de identificar
se você sabe o que eles representam.
Os números funcionam da mesma maneira. Qualquer fã da NASCAR
conhece o número “3?. Todo americano sabe o que representa “9-11?. Todo fã da
NBA sabe que “23? é o número do Michael Jordan. Da mesma forma, o Apocalipse
usa um código numérico para se comunicar com o leitor. O livro do Apocalipse
usa também um código de cores com o mesmo objetivo.
Isso é uma resposta?
Seria perfeito se o Apocalipse nos fornecesse as chaves para
todos esses códigos! Isso teria deixado as coisas bem mais fáceis. Mas não faz
isso, ou pelo menos, não faz do jeito que queremos, com todos os códigos
explicados no final de uma forma fácil de entender. Não, os códigos do
Apocalipse têm que ser entendidos pelo entendimento de duas coisas.
Primeiro, o Apocalipse tem mais de 400 referências ao Antigo
Testamento. Quanto melhor você conhecer o Antigo Testamento, melhor vai entender
o Apocalipse. Por exemplo, o livro do Apocalipse fala frequentemente sobre “Babilônia”
como um símbolo. Se você conhece o Antigo Testamento, sabe que Babilônia foi um
império da antiguidade e um inimigo do povo de Deus, uma cidade onde os
israelitas ficaram em cativeiro por 70 anos, e simboliza o poder do mal no
mundo.
Outro exemplo é o templo. O Apocalipse usa com frequência a
figura do templo como um símbolo. No Antigo Testamento, havia dois templos, e há
muita informação sobre o que acontecia nos templos. Sacrifícios, sacerdotes, música,
altares, incenso – tudo isso está descrito em diversos lugares diferentes no
Antigo Testamento. Um dos livros do Antigo Testamento, Ezequiel, tem uma descrição
detalhada de como seria um templo perfeito, do futuro. Então, quando o livro do
Apocalipse fala sobre templo, temos muitas ideias sobre o que isso significa.
Num determinado momento, o livro do Apocalipse se refere a
um certo falso mestre como “Jezebel”. Jezebel era uma rainha malvada que
promoveu a adoração de falsos deuses e mandou matar profetas de Deus e outras
pessoas. Sem citar nomes, o livro do Apocalipse diz que alguém se parece com
Jezebel. É desta forma que o livro do Apocalipse usa referências do Antigo
Testamento.
Usar referências do Antigo Testamento era uma forma de se
comunicar apenas com as pessoas que conheciam a bíblia, mas esconder a mensagem
de pessoas que não conheciam a bíblia tão bem… como os romanos, por exemplo.
A segunda maneira de entender os códigos do livro do
Apocalipse é estudar outros livros parecidos, escritos na antiguidade, em situações
semelhantes e usando linguagem semelhante. O problema aqui é que não há nada
que se pareça exatamente com o livro do Apocalipse na Bíblia. Há um livro que
se aproxima o suficiente e pode ser útil, e este, é o livro de Daniel.
Este estudo não vai falar sobre o livro de Daniel, mas posso
contar para você como este livro é semelhante ao do Apocalipse. Ele também foi
escrito quando o povo de Deus estava sofrendo. Ele também encoraja as pessoas a
serem fieis e corajosas, como o próprio Daniel foi. Também usa muitas imagens e
símbolos, em sonhos e visões, para comunicar a mensagem de que não importa o
que aconteça na história, Deus está no controle. Ele usa muitos dos mesmos códigos,
e algumas das mesmas criaturas.
Comparar Daniel com o Apocalipse pode ajudar muito. O que é útil
também, é ler livros antigos que NÃO estão na Bíblia, mas usam “códigos”
similares para comunicar suas mensagens. Aqui, é o ponto onde um estudante da bíblia
deve confiar nos estudiosos que escreveram livros para nós. A maioria de nós não
dispõe de tempo ou meios para aprender as línguas originais e para ir a
bibliotecas e estudar. Mas podemos ler o que esses estudiosos têm descoberto e
transmitido para nós.
Quando usamos estes dois códigos, o que encontramos?
Encontramos que a maior parte do que está no livro do Apocalipse pode ser
entendido com bem pouco trabalho. Não conheço ninguém que afirme que entende
tudo o que diz no livro do Apocalipse, e muitos estudiosos discordam entre si.
Mas uma parte substancial dos estudiosos que pesquisam sobre o livro do
Apocalipse, concorda a respeito do que o livro do Apocalipse, basicamente, diz.
(De qualquer jeito, o código especial usado no livro do
Apocalipse e em Daniel, é chamado de literatura “apocalíptica”. A palavra “apocalíptica
é a expressão grega para “descoberto” ou “revelado” e é atualmente, a primeira
palavra que aparece na primeira frase do livro do Apocalipse.
Por que tanta discordância?
Uma das coisas mais frustrantes a respeito da tentativa de
falar sobre o livro do Apocalipse, é que não há outro livro que tenha gerado
tantas opiniões e ideias diferentes, por pessoas diferentes – todas alegando
estarem certas. Isso pode ser muito desencorajador para um jovem que quer
entender o livro do Apocalipse.
Por exemplo, os populares livros “Deixados para trás”,
venderam mais de 40 milhões de cópias. Eles trazem um ponto de vista a respeito
da mensagem do livro do Apocalipse. Eu discordo desse ponto de vista em quase
tudo, então realmente não gosto desses livros, e geralmente não recomendo aos
meus alunos, que os leiam. Meus pontos de vista a respeito do livro do
Apocalipse são mais parecidos com os pregadores de muito tempo atrás. Quem está
certo?
Um estudante do livro do Apocalipse é levado a aceitar o
fato de que precisa aprender várias formas diferentes de entender qualquer
parte do livro, dependendo do que está lendo ou de quem está ensinando. Por
exemplo, no capítulo sete, há 144 mil pessoas citadas. Eu penso que seja um símbolo.
Outros professores pensam que é literal, um grupo de 144 mil pessoas, nem mais,
nem menos. Sou influenciado pelo “código numérico” do mundo antigo, onde 12 era
o número de tribos de Israel e qualquer variação que gire em torno desse número
12 faz total sentido, Penso que é um símbolo
para representar “todo o povo de Deus na Terra”. Outros professores dizem que são
144 mil judeus das 12 tribos de Israel.
Essas divergências são irritantes, eu sei! Mas são parte do
que significa ser um estudante do livro de Apocalipse. A boa nova é que há
apenas quatro ou cinco formas diferentes de olhar para o livro, e na maioria
dos casos, apenas duas ou três opções para o significado de alguma coisa; então,
se você começa a se tornar familiar com essas “versões”, o jogo não parece mais
tão confuso.
Quais são as “Perguntas Frequentes” sobre o livro do
Apocalipse?
1. O livro do Apocalipse é sobre o futuro?
Provavelmente o primeiro erro que a maioria das pessoas
comete a respeito do Apocalipse é assumir que é todo sobre o futuro. A leitura
do livro do Apocalipse mostra rapidamente que se trata de passado, presente e
futuro. Certamente, muito do que está ali se refere ao fim dos tempos e eventos
do final da história, mas não cometa o erro de pensar que tudo é a respeito
apenas do futuro.
2. O livro do Apocalipse nos conta em detalhe sobre os
eventos futuros?
Esta é uma daquelas discordâncias a respeito das quais
avisei você! Muitas pessoas olham para o
Apocalipse como se fosse um tipo de “mapa” que prevê o futuro em detalhes. Se
você pode ler o mapa, eles dizem, pode saber o que vai acontecer. Outros – como
eu – acreditam que o Apocalipse apenas mostra-nos o futuro de uma forma muito,
muito geral, que pode ser aplicada a qualquer cristão, em qualquer época, em
qualquer lugar. Devo alertar você de que cada geração anterior de cristãos,
tendeu a pensar que entendia os eventos no Apocalipse claramente, e todos
estavam errados em muito do que disseram a respeito.
Portanto, seja humilde e ensinável. O livro do Apocalipse é
como uma grande montanha. Escalar essa montanha, demanda tipos diferentes de
conhecimento, para escapar dos perigos e armadilhas, mas uma vez que tenhamos
trabalhado para pegar bons pontos de vista, o trabalho vale a pena.
3. Quem ou o quê é “a besta”?
Há dois tipos de “bestas” no Apocalipse. Uma é do mar, a
outra, da terra. Estas bestas provavelmente representam o imperador romano e o “culto”
de adoração ao imperador, especialmente os sacerdotes que forçavam os cristãos
a adorar o imperador, ou morrer.
Alguns estudiosos do Apocalipse acreditam que essas bestas
representam um futuro “anti-Cristo” que governará o mundo e será instrumento de
Satanás no fim dos tempos. Outros, como eu, acreditam que qualquer um que
alegue ser “deus” e demande que o adorem ou morram, é um “anti-Cristo”. Homens
maus como Hitler, Stalin ou Mao, são os que me vem a mente como exemplos.
Uma das maiores perdas de tempo para os cristãos é tentar
identificar a “besta” em alguém que esteja presente nos noticiários. Por dois
mil anos, os cristãos têm adivinhado errado, alegando que o Papa, Hitler,
Ronald Reagan e outros eram o anti-Cristo. Se haverá um anti-Cristo no fim dos
tempos, ele será óbvio em suas ações, e Cristo o destruirá.
A mensagem do Apocalipse é a de que não temos nada a temer a
respeito de ninguém, desde que confiemos em Jesus como Senhor e o obedeçamos.
4. A besta é um computador, a Internet, o código de barras,
microchips ou cartões de crédito?
Outra forma bastante idiota de ler o Apocalipse é tentar e
encontrar alguma coisa no livro que se encaixe com nossas tecnologias atuais,
tais como computadores ou microchips. Qualquer tipo de tecnologia pode ser
usado para o bem ou para o mal. Poderia dizer a você, que abandone qualquer
interpretação de alguma coisa no livro do Apocalipse, que não faça sentido para
o mundo do primeiro século. Computadores e códigos de barras podem fazer
sentido para nós, mas não significam nada para os cristãos do primeiro século,
e o livro do Apocalipse é muito mais deles do que nosso.
Hal Lindsey, uma vez interpretou os “gafanhotos monstros”
que aparecem em Apocalipse 9, como helicópteros. Eu interpreto esses “monstros”,
como demônios. Qual interpretação parece fazer mais sentido para todos os cristãos,
e qual faz mais sentido apenas para as pessoas modernas? Penso que isso é
importante, e nos impedirá de correr atrás de “coelhos estranhos” no livro do
Apocalipse.
5. O Papa é o anti-Cristo?
Houve tempos, como na Reforma do século XVI na Europa, em
que a igreja católica perseguiu e matou muitos cristãos não-católicos. Isso é
mau e vergonhoso, e a igreja católica
tem admitido seus erros em usar de violência contra aqueles que discordavam
dela. Naquela época, entretanto, poderia
parecer lógico dizer que o Papa era o anti-Cristo do Apocalipse. Hoje, o Papa,
enquanto representante de outro ramo do cristianismo, é claramente um amigo dos
cristãos de todo o mundo, e não é um candidato a “anti-Cristo”.
6. O que é a “marca da besta”?
Esta é uma das mais difíceis e obscuras partes do livro do
Apocalipse. Ocorre sete vezes no livro, do capítulo 13 até o final. Cristãos
modernos tendem a ver isso como algum tipo de sistema de identificação do
futuro, que os cristãos deverão evitar, como aplicar um número na testa de alguém,
ou um microchip no seu corpo. Ao exigir que os cristãos sejam identificados,
isso permitiria que fossem controlados.
A “marca” atual sobre a qual se fala, é provavelmente uma
tatuagem que era aplicada em qualquer um que participava da adoração do
imperador romano. Esta tatuagem, marcaria você como um cidadão leal de Roma, e
permitiria que tivesse trabalho ou negócios. Sem a tatuagem ou marca, sua
lealdade ao imperador podia ser questionada. Se recusar a receber a marca,
provavelmente significava que você era um cristão.
Obviamente, os cristãos ficariam preocupados com qualquer
coisa que pudesse ser usada para marcá-los e facilitar a perseguição. Mas cartões
de crédito, microchips com informações profissionais e de saúde, e a internet,
não são coisas que os cristãos devem evitar por medo “da marca”.
De novo, podemos perguntar como os primeiros leitores deste
livro viam essa “marca”, e então aplicar isso a todos os grupos de leitores.
7. O que é o “ferimento na cabeça” da besta?
De novo, uma parte muito, muito difícil do livro. Muitos
estudiosos estão prontos para dizer “eu não sei” e eu estou com eles. É um
quebra-cabeças.
A melhor sugestão se parece com essa. Os cristãos foram
perseguidos até a morte, primeiro, pelo imperador Nero, em torno de 60 dC. Nero
foi morto por um ferimento na cabeça. Quando o imperador Domiciano começou a
perseguir os cristãos 30 anos depois, alguns cristãos se sentiram como se Nero
tivesse voltado dos mortos. Pode estar se referindo a isso, mas, na realidade,
ninguém sabe.
Seja muito cuidadoso e humilde com esta parte do livro de
Apocalipse. Ninguém sabe ao certo o que está acontecendo!
8. Onde está o arrebatamento no livro do Apocalipse?
Muitos cristãos acreditam que Cristo vai retornar duas
vezes. Uma vez em segredo, para pegar a igreja e tirá-la do mundo, antes de
severa perseguição (o arrebatamento), e na segunda vez, para julgar todos no
final dos tempos. Estou convencido de que a bíblia ensina que Jesus voltará
apenas uma vez, e que os cristãos devem estar preparados para a perseguição, e
não esperar um arrebatamento para fora do mundo, antes dos tempos realmente difíceis,
começarem. Então, eu não encontro nenhum arrebatamento no livro do Apocalipse.
Aqueles que acreditam no arrebatamento, geralmente dizem que
acontece no capítulo 4, quando João é levado ao céu. Há sérios problemas com
este ponto de vista, mas este estudo não é sobre o arrebatamento!
9. Quanto tempo vai durar a tribulação?
Este é, novamente, um daqueles termos que é usado de
diferentes formas por aqueles que leem e estudam o livro do Apocalipse. Muitos
cristãos acreditam que a “tribulação”, é um período de sete anos quando o
anti-Cristo vai governar a Terra, depois de os cristão terem sido arrebatados.
Outros, como eu, acreditam que “tribulação” é uma palavra usada 40 vezes no
Novo Testamento, e ela sempre se refere a algum tipo de sofrimento ou perseguição
por ser cristão, e não apenas sete anos.
Acredito que o livro do Apocalipse deixa claro em 7:14 que
toda a história é uma “grande tribulação” e que todos os cristãos podem viver
nela, dependendo do tempo e lugar onde vivem. Muitos cristãos estão sendo
perseguidos hoje ao redor do mundo. Outros cristãos acreditam, que é um período
definido de tempo, de sete anos. Parece tolice para mim, dizer que os milhões
de cristãos que sofrem no mundo hoje, não estão em “tribulação”, e que isso só
virá em algum tempo futuro. Parece mais bizarro ainda, dizer que os cristãos
americanos devem orar para escapar da sua própria luxúria, em vez de orar por
fidelidade no sofrimento, se é isso que o futuro realmente traz.
10. O livro do Apocalipse não é assustador?
Tive muitos alunos que me falaram que o livro do Apocalipse
deixava-os com medo. Alguns, me falaram que a tarefa de leitura do livro, o fez
ter pesadelos! Isso é muito ruim, porque
o livro do Apocalipse era para ser encorajador e confortador. Ele termina com
uma visão maravilhosa do céu, que tem dado conforto a milhões de cristãos ao
longo dos anos.
Mas muitas das cenas no Apocalipse são assustadoras, e para
pessoas jovens que já assistiram muitos filmes de terror, algumas destas cenas
podem ser perturbadoras. É especialmente
assustador para crianças, ouvir que o mundo vai acabar, as pessoas más ficarão
para trás, e coisas terríveis acontecerão aos cristãos. Algumas partes do
Apocalipse, lidas sem todo o contexto do livro, podem dar a entender que Satanás
e seus demônios estão fazendo tudo acontecer.
Lembre-se, que o livro do Apocalipse é sobre Deus acabando
com todo mal, todo sofrimento, e trazendo todo o Seu povo para um lugar
maravilhoso, num novo céu e uma nova terra.
A young person’s guide to the book of Revelation – Michael
Spencer – Internet Monk
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