A figueira no meio da vinha - Justiça própria x graça



1 Naquela ocasião, alguns dos que estavam presentes contaram a Jesus que Pilatos misturara o sangue de alguns galileus com os sacrifícios deles.
2 Jesus respondeu: "Vocês pensam que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros, por terem sofrido dessa maneira?
3 Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão.
4 Ou vocês pensam que aqueles dezoito que morreram, quando caiu sobre eles a torre de Siloé, eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém?
5 Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão".
6 Então contou esta parábola: "Um homem tinha uma figueira plantada em sua vinha. Foi procurar fruto nela, e não achou nenhum.
7 Por isso disse ao que cuidava da vinha: ‘Já faz três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não acho. Corte-a! Por que deixá-la inutilizar a terra? ’
8 "Respondeu o homem: ‘Senhor, deixe-a por mais um ano, e eu cavarei ao redor dela e a adubarei.
9 Se der fruto no ano que vem, muito bem! Se não, corte-a’ ".
Lucas 13:1-9

Vs. 1 - Galileu é a pessoa nativa da Galileia, porém o significado do termo galileu não se refere apenas à localização geográfica de nascença ou habitação de alguém, mas também a um tipo de linha cultural.
Na Bíblia os  galileus muitas vezes aparecem como sendo pessoas simples, boas,  piedosas, nacionalistas, intempestivas porém sem muito estudo, embora não se possa generalizar. Tanto Jesus como boa parte dos discípulos eram galileus.
Alguns costumes dos galileus eram diferentes dos habitantes da Judéia. Suas práticas religiosas eram mais simples, e eles  não estudavam a Lei a fundo. Os fariseus usavam a designação “galileu” com preconceito, como podemos notar em João 7:41, 52 quando dizem que não seria possível que um profeta viesse da região da Galileia.
Na ocasião, os fariseus desafiaram Nicodemos a analisar as Escrituras e descobrir que não há referência de nenhum profeta galileu.
De acordo com  o texto do Novo Testamento que descreve o episódio da prisão de Jesus, se percebde que o sotaque dos galileus era mais carregado para o aramaico e podia ser identificado pelas pessoas com facilidade.  Na ocasião, o apóstolo Pedro negou conhecer Jesus, mas sua pronuncia o denunciou como galileu (Mt 26:73; Mc 14:70).
Com exceção de Judas Iscariotes, os demais apóstolos que formavam o grupo dos doze apóstolos de Jesus eram galileus, sendo que muitos deles foram chamados de galileus em algumas ocasiões como forma de critica (Mt 26:69; Mc 14:70).
Em Atos 2:7, na descrição sobre o que ocorreu no dia de Pentecostes com o derramamento do Espírito Santo e o dom de línguas, o texto bíblico registra que as pessoas ficaram admiradas diante dos galileus, que ao falar aramaico e grego, estavam falando sem nenhuma dificuldade várias línguas estrangeiras, de modo que as pessoas de diferentes nacionalidades podiam ouvir o Evangelho cada um em sua língua nativa.
v.2
Sabendo que o Senhor Jesus e a maior parte de seus discípulos eram galileus, os fariseus usaram esse evento em que os galileus foram mortos por Pilatos para mostrar que estes eram mais pecadores. Este é um conceito que ainda cerca muito a nossa cultura, achando que se a pessoa sofreu algum acidente e teve uma morte terrível, provavelmente ela estava em pecado, senão o Senhor a teria livrado.
O Senhor, porém, lhes respondeu: “Se não se arrependerem, se não mudarem a sua mente a meu respeito, todos igualmente perecereis”.
Igualmente, aqui significa que todos eles morreriam nas mãos dos romanos se não o reconhecessem como Salvador. Quarenta anos após este episódio,  os romanos destruíram Jerusalém e dispersaram os judeus por todo o mundo.
v.3
A palavra “arrependimento” aqui é metanoia, mudança de mente. O Senhor estava dizendo que eles deveriam mudar a mente em relação a Ele. Precisavam crer que Ele era o salvador, precisavam reconhecer que eram pecadores para que pudessem nascer de novo. O nosso velho eu não pode ser melhorado, mas o nosso novo eu não pode mais ser condenado.

v.4
Jesus mencionou essa tragédia que quem sabe tivesse ocorrido pouco tempo antes e que ainda estava bem vivida as lembranças para os ouvintes. Parece que essa torre ficava perto do reservatório de Siloé, na parte sudeste de Jerusalém.
v. 5
Quando o Senhor diz que todos pereceriam igualmente, estava profetizando que, quarenta anos depois, todos aqueles que não creram n’Ele seriam mortos ou desterrados pelos romanos. O historiador Flávio Josefo diz que nenhum cristão morreu na destruição de Jerusalém. Foi assim porque eles se lembraram da profecia de Jesus que disse que, quando vissem a cidade cercada de exércitos, deveriam fugir para os montes.
Quando você nasceu de sua mãe, você nasceu para a enfermidade, para a maldição e para este mundo caído. Mas quando você foi gerado pelo Espírito Santo, você ganhou um novo eu que jamais poderá ser condenado.
No fim desse mesmo capítulo, Jesus declarou: “Quantas vezes quis eu reunir teus filhos como a galinha ajunta os do seu próprio ninho debaixo das asas, e vós não o quisestes! ” O Senhor queria que eles aceitassem se abrigar debaixo de suas asas.
Nesse mundo estamos sujeitos a enfermidades,  a ataques do maligno, mas ficaremos seguros se estivermos debaixo de suas asas.
Estamos sempre procurando uma forma de parecer melhores diante dos homens. Mas isso nada mais é que justiça própria.
Gostamos de apontar o pecado das pessoas de forma que possamos parecer melhores aos olhos dos outros. Mas sem a graça de Deus em nossa vida, nos não temos valor algum.  Antes de começar a criticar e julgar as pessoas, apenas lembre-se de que não há níveis de morte. Morto é morto.
Nós sabemos que o mar da Galileia fica abaixo do nível do mar, mas Jerusalém fica a mais de mil metros acima do nível do mar. Quando João Batista veio, ele profetizou que “todo vale seria aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros” (Lc 3.5). Isso significa que todos os homens foram nivelados na presença de Deus, de forma que todos são pecadores e assim podem ser igualmente salvos. Os habitantes de judeia se achavam superiores aos da Galileia, porém diante de Cristo, somos todos iguais.

Você não é  justo só porque há outros piores que você em sua opinião.
Todos nós precisamos da graça de Deus. Quando nos sentimos desapontados conosco mesmos, é porque ainda há justiça própria em nós.

Começa então a parábola propriamente dita:
A FIGUEIRA NO MEIO DA VINHA
Em João 15, o Senhor disse que o Pai é o agricultor. O viticultor é o Senhor Jesus. A vinha com as uvas aponta para a vida abundante cheia do vinho novo da alegria no Espírito. A vinha é um símbolo das bênçãos do amor de Deus por nós.
Acontece que havia uma figueira plantada na vinha.
Isso não devia aconteder, porque a Palavra de Deus diz em Deuteronômio que não se poderia semear dois tipos de semente numa vinha (Dt 22.9).
Porém a realidade é que sempre  eles plantavam figueiras no meio das vinhas.

O que significa a figueira? As folhas da figueira foram mencionadas pela primeira vez quando Adão e Eva tentaram fazer roupas para si (Gn 3.7). Elas simbolizam, a obra dos homens procurando ter justiça própria diante de Deus. É um esforço humano para tentar cobrir o pecado sem o sangue de Jesus. A figueira com folhas sem frutos foi amaldiçoada por Jesus em Mc 11.12-14.
Quando o Senhor amaldiçoou a figueira, Ele estava, na verdade, amaldiçoando a justiça própria, o tentar se justificar pelas obras da lei.
Nós estamos debaixo da bênção, mas se decidirmos confiar em nossos méritos e obras, estaremos nos posicionando segundo um estilo de vida que foi amaldiçoado por Jesus.

A bênção e a maldição estão relacionadas ao nosso entendimento da lei e da graça. Depois que somos justificados pela fé, podemos viver como vencedores ou derrotados. Se pensamos que agora a vida cristã deve ser vivida no esforço e no merecimento da lei, então viveremos como derrotados, mas se cremos que a santificação também é graça mediante a fé, seremos vencedores.

A figueira simboliza aqueles que vivem debaixo da lei. Nunca foi plano de Deus que o homem vivesse pela lei, mas Ele bondosamente deixa a figueira crescer para ver se ela consegue produzir algum fruto. O alvo de Deus é a vinha. O Senhor mesmo disse que Ele é a videira e nós somos os ramos.

v. 7
O dono da vinha, então, diz ao viticultor: “Há três anos, venho procurar fruto nesta figueira e não acho; podes cortá-la; para que está ela ainda ocupando inutilmente a terra?” (Lc 13.7). Três anos é o tempo do ministério do Senhor Jesus na terra.
O Senhor Jesus é o viticultor e Ele responde a Deus: “Senhor, deixa-a ainda este ano, até que eu escave ao redor dela e lhe ponha estrume. Se vier a dar fruto, bem está; se não, mandarás cortá-la”.

O estrume é para fertilizar, a fim de que produza fruto. Em Filipenses 3.7, o apóstolo Paulo diz que ele considera toda justiça própria como estrume.

Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo.
Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo

Filipenses 3:7,8

Estrume e estrume são sinônimos.
. Tudo aquilo em que presumimos poder confiar, tal como nossas obras, ststus, posições e virtudes, nada mais é que estrume diante de Deus. Se não temos muito fruto, é porque aquilo que poderia ser estrume tem sido guardado de alguma forma. O estrume guardado tem mau cheiro, mas quando o entregamos aos pés do Senhor, então o bom perfume de Cristo exala em nós.

Depois de três anos de ministério do Senhor Jesus no meio de Israel, o Senhor ainda lhes deu um ano quando o Espírito foi derramado no Pentecostes, quando Estêvão pregou cheio do Espírito e o jovem Paulo se converteu e se tornou a apóstolo da graça.
O juízo já deveria ter caído sobre a nação porque ela rejeitou receber a Cristo como o Messias, mas Deus deu mais uma oportunidade especial do Pentecostes até a destruição do Templo.

Alguns fazem o melhor que podem para só depois buscarem a graça. Acreditam que Deus faz a parte d’Ele e nós devemos fazer a nossa. Mas a nossa parte é entender que não temos parte alguma. Toda a obra é realizada por Ele.

Pare de tentar ser melhor aos olhos de Deus. Entenda o veredicto de Deus, o seu velho eu não pode ser mudado. Descubra o seu novo eu em Cristo. Olhe para fora, para Cristo. A sua salvação começa quando você deixa de olhar para dentro de si mesmo e olha para fora, para Cristo.
Somos salvos pela graça, mas teremos que apresentar nossos frutos a Deus.
Deus decidiu que não vai nos julgar com base em nosso comportamento ou com base em nossos sentimentos, mas Ele nos julga com base em seu Filho Jesus. Cristo é o nosso novo eu. Esta é a razão por que o seu novo eu jamais poderá ser condenado. Sua vida agora está oculta em Cristo.

Os olhos de Deus não olham para você como sendo você, mas olham para Cristo como sendo você. Quando compreende isso, você quer investir o seu tempo para conhecer a Jesus, e não para olhar para si mesmo. A sua verdadeira identidade é Cristo.

Quanto mais tivermos luz para enxergar a justiça própria em nós, mais poderemos rejeitá-la como o estrume.
Muitos pensam que o maior obstáculo para recebermos a bênção é o pecado, mas a verdade é que o grande obstáculo é a a justiça própria.

Não sabemos o final… não sabemos se deu ou dará certo. Sabe por que não sabemos do final? Porque é a sua história.

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